O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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O Livro dos Espíritos — Livro III.

(Idioma francês)

Capítulo III.


II. LEI DO TRABALHO.

1. Necessidade do trabalho. (674-681.)2. Limite do trabalho. Repouso. (682-685.)

Necessidade do trabalho.  † 


674. A necessidade do trabalho é lei da Natureza?

1 “O trabalho é lei da Natureza, por isso mesmo que constitui uma necessidade, 2 e a civilização obriga o homem a trabalhar mais, porque lhe aumenta as necessidades e os gozos.”


675. Por trabalho só se devem entender as ocupações materiais?

1 “Não; o Espírito trabalha, assim como o corpo. 2 Toda ocupação útil é trabalho.”


676. Por que o trabalho se impõe ao homem?

1 “Por ser uma consequência da sua natureza corpórea. 2 É expiação e, ao mesmo tempo, meio de aperfeiçoamento da sua inteligência. 3 Sem o trabalho, o homem permaneceria sempre na infância, quanto à inteligência. Por isso é que seu alimento, sua segurança e seu bem-estar dependem do seu trabalho e da sua atividade. 4 Ao extremamente fraco do corpo outorgou Deus a inteligência, em compensação. Mas é sempre um trabalho.”


677. Por que provê a Natureza, por si mesma, a todas as necessidades dos animais?

1 “Tudo na Natureza trabalha. 2 Como tu, trabalham os animais, mas o trabalho deles, de acordo com a inteligência de que dispõem, se limita a cuidarem da própria conservação. Daí vem que do trabalho não lhes resulta progresso, 3 ao passo que o do homem visa duplo fim: a conservação do corpo e o desenvolvimento da faculdade de pensar, o que também é uma necessidade e o eleva acima de si mesmo. 4 Quando digo que o trabalho dos animais se cifra no cuidarem da própria conservação, refiro-me ao objetivo com que trabalham. 5 Entretanto, provendo às suas necessidades materiais, eles se constituem, inconscientemente, executores dos desígnios do Criador e, assim, o trabalho que executam também concorre para a realização do objetivo final da Natureza, se bem quase nunca lhe descubrais o resultado imediato.”


678. Nos mundos mais aperfeiçoados, os homens se acham submetidos à mesma necessidade de trabalhar?

1 “A natureza do trabalho está em relação com a natureza das necessidades. 2 Quanto menos materiais são estas, menos material é o trabalho. Mas, não deduzais daí que o homem se conserve inativo e inútil. 3 A ociosidade seria um suplício, em vez de ser um benefício.”


679. Achar-se-á isento da lei do trabalho o homem que possua bens suficientes para lhe assegurarem a existência?

1 “Do trabalho material, talvez; 2 não, porém, da obrigação de tornar-se útil, conforme aos meios de que disponha, 3 nem de aperfeiçoar a sua inteligência ou a dos outros, o que também é trabalho. 4 Aquele a quem Deus facultou a posse de bens suficientes a lhe garantirem a existência não está, é certo, constrangido a alimentar-se com o suor do seu rosto, mas tanto maior lhe é a obrigação de ser útil aos seus semelhantes, quanto mais ocasiões de praticar o bem lhe proporciona o adiantamento que lhe foi feito.”


680. Não há homens que se encontram impossibilitados de trabalhar no que quer que seja e cuja existência é, portanto, inútil?

1 “Deus é justo e, pois, só condena aquele que voluntariamente tornou inútil a sua existência, porquanto esse vive a expensas do trabalho dos outros. 2 Ele quer que cada um seja útil, de acordo com as suas faculdades.” (643.)


681. A lei da Natureza impõe aos filhos a obrigação de trabalharem para seus pais?

1 “Certamente, do mesmo modo que os pais têm que trabalhar para seus filhos. 2 Foi por isso que Deus fez do amor filial e do amor paterno um sentimento natural. 3 Foi para que, por essa afeição recíproca, os membros de uma família se sentissem impelidos a ajudarem-se mutuamente, o que, aliás, com muita frequência se esquece na vossa sociedade atual.” (205)


Limite do trabalho. Repouso.  † 

682. Sendo uma necessidade para todo aquele que trabalha, o repouso não é também uma lei da Natureza?

1 “Sem dúvida. 2 O repouso serve para a reparação das forças do corpo e também é necessário para dar um pouco mais de liberdade à inteligência, a fim de que se eleve acima da matéria.”


683. Qual o limite do trabalho?

1 “O das forças. 2 Em suma, a esse respeito Deus deixa inteiramente livre o homem.”


684. Que se deve pensar dos que abusam de sua autoridade, impondo a seus inferiores excessivo trabalho?

“Isso é uma das piores ações. Todo aquele que tem o poder de mandar é responsável pelo excesso de trabalho que imponha a seus inferiores, porquanto, assim fazendo transgride a lei de Deus.” (273.)


685. Tem o homem o direito de repousar na velhice?

“Sim, que a nada é obrigado, senão de acordo com as suas forças.”


a — Mas, que há de fazer o velho que precisa trabalhar para viver e não pode?

1 “O forte deve trabalhar para o fraco. Não tendo este família, a sociedade deve fazer as vezes desta. É a lei de caridade.”


2 Não basta se diga ao homem que lhe corre o dever de trabalhar. É preciso que aquele que tem de prover à sua existência por meio do trabalho encontre em que se ocupar, o que nem sempre acontece. 3 Quando se generaliza, a suspensão do trabalho assume as proporções de um flagelo, qual a miséria. A ciência econômica procura remédio para isso no equilíbrio entre a produção e o consumo. Mas, esse equilíbrio, dado seja possível estabelecer-se, sofrerá sempre intermitências, durante as quais não deixa o trabalhador de ter que viver. 4 Há um elemento, que se não costuma fazer pesar na balança e sem o qual a ciência econômica não passa de simples teoria. Esse elemento é a educação, não a educação intelectual, mas a educação moral. Não nos referimos, porém, à educação moral pelos livros e sim à que consiste na arte de formar os caracteres, à que incute hábitos, porquanto a educação é o conjunto dos hábitos adquiridos. 5 Considerando-se a aluvião de indivíduos que todos os dias são lançados na torrente da população, sem princípios, sem freio e entregues a seus próprios instintos, serão de espantar as consequências desastrosas que daí decorrem? Quando essa arte for conhecida, compreendida e praticada, o homem terá no mundo hábitos de ordem e de previdência, para consigo mesmo e para com os seus, de respeito a tudo o que é respeitável, hábitos que lhe permitirão atravessar menos penosamente os maus dias inevitáveis. 6 A desordem e a imprevidência são duas chagas que só uma educação bem entendida pode curar. Esse o ponto de partida, o elemento real do bem-estar, o penhor da segurança de todos.


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