O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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O que é o Espiritismo.

(Primeira versão.)
(Idioma francês)

Capítulo primeiro.


PEQUENA CONFERÊNCIA ESPÍRITA.


SEGUNDO DIÁLOGO. — O CÉTICO.
(Sumário)


Utilidade prática das manifestações.


30. O Visitante. — Admitamos que a coisa esteja comprovada, e o Espiritismo reconhecido como realidade; qual a sua utilidade prática? Como até agora não se havia sentido a sua falta, parece-me que podemos dispensá-lo e viver sem ele tranquilamente.


A. K. — Podíamos dizer a mesma coisa das vias férreas e do vapor, sem os quais também se vivia muito bem. Se, por utilidade prática, entendeis os meios de viver bem, fazer fortuna, conhecer o futuro, descobrir minas de carvão ou tesouros ocultos, reaver heranças, poupar-se do trabalho das pesquisas, o Espiritismo para nada serve. Ele não pode produzir altas e baixas na Bolsa, nem se transformar em ações de Bancos, nem mesmo fornecer inventos já prontos e no estado de serem explorados. Sob tal ponto de vista, quantas ciências seriam inúteis! Quantas delas não oferecem vantagem alguma, comercialmente falando!

Os homens passavam igualmente bem, antes da descoberta dos novos planetas, antes que se soubesse ser a Terra e não o Sol que se move, antes que se calculasse os eclipses, antes que se conhecesse o mundo microscópico e tantas outras coisas. O camponês, para viver e fazer brotar o seu trigo, não precisa saber o que seja um cometa. Para que, então, se entregam os sábios a esses estudos? E, contudo, alguém ousaria dizer que eles perdem o tempo?

Tudo que serve para erguer uma ponta do véu que nos envolve, ajuda o desenvolvimento da inteligência, alarga o círculo das ideias, fazendo-nos compreender melhor as Leis da Natureza. Ora, o mundo dos Espíritos existe em virtude de uma dessas leis naturais e o Espiritismo nos faz conhecê-lo; ele nos mostra a influência que o mundo invisível exerce sobre o mundo visível e as relações que existem entre eles, como a Astronomia nos ensina as relações existentes entre os astros e a Terra; ele no-lo mostra como uma das forças que regem o Universo e contribuem para a manutenção da harmonia geral. Mesmo supondo que a isso se limitasse a sua utilidade, já não seria de grande importância a revelação de uma tal potência, abstração feita da sua doutrina moral? De nada valerá, então, a revelação de um mundo novo, sobretudo se o conhecimento dele nos conduz à solução de tão grande número de problemas, até então insolúveis? quando essa revelação nos inicia nos mistérios do além-túmulo, que nos devem interessar de algum modo, visto que todos nós, mais cedo ou mais tarde, temos de transpor esse marco fatal?

O Espiritismo, porém, tem outra utilidade, mais positiva: é a influência moral que exerce pela força natural das coisas. O Espiritismo é a prova patente da existência da alma, da sua individualidade após a morte, da sua imortalidade, da sua sorte futura; é, pois, a destruição do materialismo, não pelo raciocínio, mas pelos fatos. Não convém pedir-lhe senão 0 que ele pode dar, nem buscar nele o que está fora dos limites do seu fim providencial.

Antes dos progressos sérios da Astronomia, acreditava-se na Astrologia. Será razoável dizer-se que a Astrologia não serve para coisa alguma, porque já não se pode encontrar o prognóstico do destino na influência dos astros? Assim como a Astronomia destronou os astrólogos, o Espiritismo veio destronar os adivinhos, os feiticeiros, os que liam a buena-dicha. Ele é, para a magia, o que é a Astronomia para a Astrologia, a Química para a Alquimia.


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