O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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O que é o Espiritismo.

(Segunda versão.) n
(Idioma francês)

Capítulo II.


RESUMO DA DOUTRINA ESPÍRITA.

(Sumário)


RETORNO À VIDA CORPORAL.


58. — Chegado ao fim marcado pela Providência para a sua vida errante, o próprio Espírito escolhe as provas às quais quer se submeter para acelerar o seu adiantamento, ou seja, o tipo de existência que acredita mais propensa a lhe fornecer os meios para o seu propósito, e estas provas estão sempre relacionadas com as faltas que deve expiar. Se triunfar, ele se eleva; se sucumbir, tem que recomeçar.


59. — O Espírito sempre desfruta do seu livre arbítrio; é em virtude desta liberdade que no estado de Espírito escolhe as provas da vida corporal, e no estado de encarnação delibera se fará ou não fará, e escolhe entre o bem e o mal. Negar ao homem o livre arbítrio, seria reduzi-lo ao estado de máquina.


60. — Retornando à vida corporal, o Espírito perde temporariamente a lembrança das suas existências anteriores, como se um véu as ocultasse; contudo tem às vezes uma vaga consciência, e elas podem mesmo ser-lhe reveladas em certas circunstâncias; mas então é apenas pela vontade dos Espíritos superiores que fazem-no espontaneamente, com objetivo útil, e nunca para satisfazer uma vã curiosidade.

As existências futuras não podem ser reveladas em nenhum caso, pela razão de que dependem da maneira como se realize a presente existência, e da escolha ulterior do Espírito.


61. — O esquecimento das existências anteriores é um benefício da Providência; a lembrança seria frequentemente penosa, e o homem suportaria ao mesmo tempo os sofrimentos passados e os sofrimentos presentes. Esta lembrança poderia até mesmo obstruir a ação do livre arbítrio.

Se cada homem se lembrasse do que foi, recordar-se-ia igualmente de quem foram os outros, e este passado revelado seria uma causa incessante de perturbação e de mal-entendidos.


62. — O esquecimento das faltas cometidas não é um obstáculo para a melhoria do Espírito, porque se ele não tiver uma lembrança precisa, o conhecimento que tinha quando no estado errante, e o desejo que concebeu de repará-las, guiam-no por intuição, e dão-lhe o pensamento de resistir ao mal, pensando que é a voz da consciência, e no qual ele é secundado pelos Espíritos que o assistem se ouve as boas inspirações que lhe sugerem.


63. — Se o homem não conhece os próprios atos que cometeu nas suas existências anteriores, pode sempre saber qual tipo de faltas tornou-se culpado e qual era o seu caráter dominante. É suficiente para ele que estude a si mesmo, e ele poderá julgar o que foi, não pelo que é, mas por suas tendências.


64. — As vicissitudes da vida corpórea são ao mesmo tempo uma expiação para as faltas passadas e provas para o futuro. Elas nos depuram e nos elevam, se sofremo-las com resignação e sem murmúrio.

A natureza das vicissitudes e das provas que sofremos pode também esclarecer-nos sobre o que fomos e sobre o que fizemos, como quando julgamos os atos de um culpado pela punição que a lei lhe inflige. Assim, um tal será punido no seu orgulho pela humilhação de uma existência subalterna; o mau rico e o avarento, pela miséria; o que tem sido duro para com os outros, pelas durezas que sofrerá; o tirano, pela escravidão; o mau filho, pela ingratidão de seus filhos; o preguiçoso, por um trabalho forçado, etc.


Observação. — Estas consequências são princípios gerais cuja aplicação não poderia ser uma lei absoluta; o homem age muitas vezes de acordo com os conselhos dos Espíritos, quando se distancia do objetivo que tinha em vir à Terra. É necessário ainda ter em conta a melhoria que pode operar-se no Espírito durante o seu estado errante, melhoria que pode influenciar sobre a natureza das suas novas provas; mas, seja como for, estas provas têm sempre uma relação mais ou menos direta com o seu passado.


65. — Numa nova existência corporal, o Espírito pode decair da posição social que estava, mas não como Espírito. Pode permanecer estacionário, mas não retrograda; ou seja, de rico e poderoso, pode tornar-se empregado e miserável, se tais forem as provas que deve sofrer; mas, qualquer que seja sua posição, o que adquiriu não perde jamais; é o que explica as ideias e os sentimentos que, em certos indivíduos, nos parecem em desacordo com o meio no qual vivem e a educação que receberam. Há em todo seu ser como um reflexo do que foram, de grandeza ou de baixeza.



[1] Nesta segunda versão deste livro, publicado em 1860, o autor apresenta O que é o Espiritismo sob um novo ponto de vista.


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