O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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Revista espírita — Ano IV — Janeiro de 1861.

(Idioma francês)

ENSINO ESPONTÂNEO DOS ESPÍRITOS.

Ditados recebidos ou lidos na Sociedade por vários médiuns.

A garridice.

(Médium – Sra. Costel.)

Hoje nos ocuparemos da garridice feminina, que é a inimiga do amor: ela mata ou o amesquinha, o que é pior. A mulher garrida assemelha-se a um pássaro engaiolado, que, pelo canto, atrai as outras aves para junto de si. Ela atrai os homens, cujos corações se dilaceram contra as grades que a encerram. Lamentamos mais a ela que a eles. Reduzida ao cativeiro pela estreiteza de ideias e pela aridez de seu coração, sapateia na obscuridade de sua consciência, sem jamais poder ver luzir o sol do amor, que só irradia para as almas generosas e dedicadas. É mais difícil sentir o amor do que inspirá-lo; no entanto, todos se inquietam e perscrutam o coração desejado, sem primeiro examinar se o seu possui o tesouro cobiçado.

Não; o amor que é a sensualidade do amor-próprio não é amor, assim como a garridice não é a sedução para uma alma elevada. Temos razão em censurar e cercar de dificuldades essas frágeis ligações, vergonhosa permuta de vaidades, de misérias de toda sorte. O amor fica alheio a essas coisas, do mesmo modo que o raio não fica maculado pelas imundícies que ele ilumina. Insensatas são as mulheres que não compreendem que sua beleza e sua virtude representam o amor em seu abandono, no esquecimento dos interesses pessoais e na transmigração da alma que se entrega inteiramente ao ser amado. Deus abençoa a mulher que carregou o jugo do amor e repele aquela que fez desse precioso sentimento um troféu à sua vaidade, uma distração à sua ociosidade ou uma chama carnal que consome o corpo, deixando vazio o coração.

Georges.


Allan Kardec.



Paris. — Typ. H. CARION, rue Bonaparte, 64.  † 


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