O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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Revista espírita — Ano VI — Setembro de 1863.

(Idioma francês)

NOTAS BIBLIOGRÁFICAS.


Sermões sobre o Espiritismo.

Pregados na catedral de Metz,  †   nos dias 27, 28 e 29 de maio de 1863, pelo reverendo padre Letierce, da Companhia de Jesus. — Refutados por um espírita de Metz  †  e precedidos de considerações sobre a loucura espírita.  n
(Sumário)

1. — Embora não conheçamos pessoalmente o autor deste opúsculo, podemos dizer que é obra de um espírita esclarecido e sincero. Estamos contentes por ver a defesa do Espiritismo tomada por mãos hábeis, que sabem aliar a força do raciocínio à moderação, que é o apanágio da verdadeira força. Os argumentos dos adversários aí são combatidos com uma lógica à qual não sabemos qual outra poderiam opor, porque só há uma lógica séria, aquela cujas deduções nenhum lugar deixam à réplica, e achamos que a do autor está neste caso. Sem dúvida, com ou sem razão, sempre se pode replicar, porquanto há criaturas com as quais nunca se diz a última palavra, ainda que se tratasse de lhes provar que há sol ao meio-dia; mas não é destes que se trata de ter razão, pouco importando que estejam ou não convencidos de seu erro. Também não é a estes que nos dirigimos, mas ao público, juiz em última instância das causas boas ou más. Há no espírito das massas um bom-senso que pode falhar nos indivíduos isolados, mas cujo conjunto é como a resultante das forças intelectuais e do senso comum.

Em nossa opinião, a brochura em questão reúne as vantagens do fundo e da forma, isto é, à justeza do raciocínio alia a correção e a elegância do estilo, que jamais prejudica coisa alguma e torna a leitura de qualquer escrito mais atraente e mais fácil.

Não duvidamos que este escrito seja acolhido por todos os espíritas com a simpatia que merece. Nós o recomendamos com toda a confiança e sem restrições. Contribuindo para sua propagação, os espíritas prestarão serviço à causa.


[Segundo artigo. Revista de outubro.]


Pregados na catedral de Metz nos dias 27, 28 e 29 de maio de 1863, pelo reverendo padre Letierce, da Companhia de Jesus,  †  refutados por um espírita de Metz e precedidos de considerações sobre a loucura espírita.  n

2. — É sempre uma satisfação ver adeptos sérios entrarem na liça quando, à lógica da argumentação, aliam calma e moderação, da qual nunca nos devemos afastar, mesmo contra os que não usam os mesmos processos a nosso respeito. Cumprimentamos o autor deste opúsculo por ter sabido reunir essas duas qualidades em seu interessante e muito consciencioso trabalho que, não temos dúvida, será acolhido com a atenção que merece. A carta posta no início da brochura é um testemunho de simpatia que não poderíamos reconhecer melhor do que a transcrevendo textualmente, pois é uma prova da maneira pela qual ele compreende a doutrina, bem como os pensamentos seguintes, que toma por epígrafe:

“Cremos que haja fatos que não sejam visíveis ao olho, nem tangíveis à mão; que nem o microscópio, nem o escalpelo podem alcançar, por mais perfeitos que se os suponham; que igualmente escapem ao gosto, ao olfato e ao ouvido e que, no entanto, são susceptíveis de ser constatados com absoluta certeza (Ch. Jouffroy, prefácio dos Esquisses de philosophie morale, pág. 5). [Esquisses de philosophie morale - Google Books.]

“Não creiais em qualquer Espírito; experimentai se os Espíritos vêm de Deus.” (Evangelho.)

“Senhor e caro mestre,

“Dignai-vos aceitar a dedicatória desta modesta defesa em favor do Espiritismo, deste grito de indignação contra os ataques dirigidos contra nossa sublime moral? Seria para mim o mais seguro testemunho de que estas páginas são ditadas por este espírito de moderação que diariamente admiramos em vossos escritos e que nos deveria guiar em todas as nossas lutas. Aceitai-a como singelo ensaio de um dos vossos recentes adeptos, como profissão de fé de um verdadeiro crente. Se meus esforços forem felizes, atribuirei o seu sucesso ao vosso elevado patrocínio; se minha voz incompetente não encontrar eco, ao Espiritismo não faltarão outros defensores e terei para mim, com a satisfação da consciência, a felicidade de ter sido aprovado pelo apóstolo imortal de nossa filosofia.”

Extraímos da brochura a passagem seguinte, de um dos sermões do reverendo padre Letierce, a fim de dar uma ideia da força de sua lógica.

“Nada há de chocante para a razão em admitir, num certo limite, a comunicação dos Espíritos dos mortos com os vivos; tal comunicação é perfeitamente compatível com a natureza da alma humana, encontrando-se numerosos exemplos no Evangelho e na Vida dos santos; mas eram santos, eram apóstolos. Para nós, pobres pecadores que, nos precipícios deslizantes da corrupção, não precisaríamos senão de uma mão socorrista para nos reconduzir ao bem, não é um sacrilégio, um insulto à justiça divina ir pedir aos bons Espíritos, que Deus espalhou à nossa volta, conselhos e preceitos para a nossa instrução moral e filosófica? Não é uma audácia ímpia pedir ao Criador que nos envie anjos de guarda para que nos lembrem incessantemente a observação de suas leis, a caridade, o amor aos nossos semelhantes e nos ensinar o que devemos fazer, na medida de nossas forças, para chegar o mais rapidamente possível a esse grau de perfeição que eles próprios atingiram?

“Esse apelo que fazemos às almas dos justos, em nome da bondade de Deus, só é ouvido pelas almas dos maus, em nome das potências infernais. Sim, os Espíritos se comunicam conosco, mas são os Espíritos dos condenados; suas comunicações e seus preceitos, é verdade, são semelhantes aos que nos poderiam ditar os mais puros anjos; todos os seus discursos respiram as mais sublimes virtudes, das quais as menores devem ser para nós um ideal de perfeição, que mal podemos atingir nesta vida. Mas é apenas uma armadilha para melhor nos atrair, um mel cobrindo o veneno com o qual o demônio quer matar nossa alma.

“Com efeito, as almas dos mortos, segundo Allan Kardec, são de três classes: as que chegaram ao estado de Espíritos puros, as que estão no caminho da perfeição e as almas dos maus. Por sua natureza, as primeiras não podem vir ao nosso apelo; seu estado de pureza torna impossível qualquer comunicação com as almas dos homens, encerradas em tão grosseiro envoltório; aliás, que viriam fazer na Terra? pregar exortações que não poderíamos compreender? As segundas têm muito a trabalhar para o seu aperfeiçoamento moral para perder tempo vindo conversar conosco; ainda não são as que nos assistem em nossas reuniões. O que é, então, que nos resta? Eu o disse, as almas dos condenados, e estas não precisam ser rogadas para vir; sempre dispostas a aproveitar o nosso erro e a nossa necessidade de instrução, dirigem-se em massa junto a nós, para com elas nos arrastar ao abismo onde as mergulhou a justa punição de Deus.”



[1] Brochura in-12. Preço: 1 fr.; pelo Correio: 1 fr. 10 c. – Paris,  †  Livraria Didier, 35, quai des Augustins;  †  Ledoyen, palais-Royal;  †  Metz, livraria Linden, 1, rue Pierre-Hardie. [Sermons sur le spiritisme, prêchés à la cathédrale de Metz - Google Books.]


[2] Brochura in-18. – Preço: 1 fr.; pelo Correio, 1 fr. 10 c.; Paris: Didier & Cia, Ledoyen; – Metz: Linden, Verronnais, livreiros.


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