O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Alvorada Cristã — Neio Lúcio


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O maior pecado

1 Um sacerdote sábio, desejando ensinar o caminho do Céu aos crentes que confiavam nele, rogou a Jesus, depois de longas meditações e sacrifícios, lhe fosse revelado qual o maior impedimento contra a iluminação espiritual.

2 Com efeito, de mente limpa, dormiu e sonhou que era conduzido à Porta Celestial.

3 Nimbado de esplendor, um anjo recebeu-o, benevolente.

— Mensageiro de Deus! — Clamou o sacerdote, — venho rogar a verdade para as ovelhas humanas que me seguem…

4 — Que pretendes saber? — Indagou a entidade angélica.

— Peço esclarecimento sobre o maior obstáculo para a alma, na marcha para Deus. Sei que temos sete pecados mortais que aniquilam em nós a graça divina, na ascensão para o Alto. Sob a influência de semelhantes monstros, rola o Espírito no despenhadeiro infernal. Entretanto, desejaria explicações mais claras, quanto ao problema do mal, porque nossas faltas variam ao infinito.

5 O anjo sorriu e considerou:

— A solução é simples. Quais são os pecados a que te referes?

6 O ministro da fé movimentou os dedos e replicou:

— Soberba, avareza, luxúria, ira, gula, inveja e preguiça. Deles nascem as demais imperfeições.

7 O mensageiro, contudo, acrescentou:

— No fundo, porém, podemos reduzi-los à unidade. Todos os pecados, inclusive os mortais, procedem de uma fonte única.

8 O sacerdote, curioso, suplicou:

— Oh! Anjo amigo, aclara-me o entendimento! Há muitos aprendizes, na Terra, aguardando-me a palavra!.

9 O emissário da Esfera Superior, sem qualquer presunção de superioridade, passou a elucidar:

— Escuta e atende!

10 Se o soberbo trabalhasse para o bem de todos, não encontraria ensejo de cultivar o orgulho e a vaidade que o levam a acreditar-se ponto central do universo.

11 Se o avarento conhecesse a vantagem do suor, na felicidade dos semelhantes, não se entregaria à volúpia da posse que o obriga a acumular dinheiro inutilmente.

12 Se o homem inclinado à tentação dos prazeres fáceis aprendesse a despender as próprias forças em favor da elevação coletiva, não disporia de ocasião para prender-se às paixões aniquiladoras que o arrastam ao crime.

13 Se as pessoas facilmente irascíveis estivessem dispostas a servir de acordo com os desígnios divinos, não envenenariam a própria saúde com remorsos e angústias injustificáveis.

14 Se o guloso vivesse atento à tarefa construtiva que lhe cabe no mundo, não se escravizaria aos apetites devastadores que lhe arruínam o corpo e a alma.

15 E se o invejoso utilizasse a existência, no trabalho digno, não gastaria tempo acompanhando maliciosamente as iniciativas do próximo, complicando o próprio destino…

16 Como vê, o maior dos pecados, a causa primordial de todos os males, é a preguiça.

17 Dá trabalho edificante às tuas ovelhas e convence-te de que, na posse do serviço, não se afastarão do caminho justo.

18 O sacerdote não mais teve o que perguntar. Despertou, edificado, e, do dia seguinte em diante o povo reparou que o ministro modificara as pregações.


Neio Lúcio


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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