O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

Índice | Página inicial | Continuar

Alvorada Cristã — Neio Lúcio


39

Dos animais aos meninos

1 Meu pequeno amigo:

Ouça.

Não nos faça mal, nem nos suponha seus adversários.

2 Somos imensa classe de servidores da Natureza e criaturas igualmente de Deus.

3 Cuidamos da sementeira para que lhe não falte o pão, ainda que muitos de nossa família, por ignorância, ataquem os grelos tenros da verdura e das árvores, devorando germens e flores. Somos nós, porém, que, na maioria das vezes, garantimos o adubo às plantações e defendemo-las contra os companheiros daninhos.

4 Se você perseguir-nos, sem comiseração por nossas fraquezas, quem lhe suprirá o lar de leite e ovos?

5 Não temos paz em nossas furnas e ninhos, obrigados que estamos a socorrer as necessidades dos homens.

6 Você já notou o pastor, orientando-nos cuidadosamente? Julgávamo-lo, noutro tempo, um protetor incondicional que nos salvava do perigo por amor e lambíamos-lhe as mãos, reconhecidamente. 7 Descobrimos, afinal, que sempre nos guiava, ao fim de algum tempo, até ao matadouro, entregando-nos a impiedosos carrascos. Às vezes, conseguíamos escapar por momentos, tornando até ele, suplicando ajuda, e víamos, desiludidos, que ele mesmo auxiliava o verdugo a enterrar-nos o cutelo pela garganta adentro.

8 A princípio, revoltamo-nos. Compreendemos, depois, que os homens exigiam nossa carne e resignamo-nos, esperando no Supremo Criador que tudo vê.

9 As donas-de-casa que comumente nos chamam, gentis, através de currais, pocilgas e galinheiros, conquistam-nos a amizade e a confiança, para, em seguida, nos decretarem a morte, arrastando-nos espantados e semivivos à água fervente.

10 Não nos rebelamos. Sabemos que há um Pai bondoso e justo, observando-nos, decerto, os padecimentos e humilhações, apreciando-nos os sacrifícios.

11 De qualquer modo, todavia, estamos inseguros em toda parte. Ignoramos se hoje mesmo seremos compelidos a abandonar nossos filhinhos em lágrimas ou a separar-nos dos pais queridos, a fim de atendermos à refeição de alguém.

12 Por que motivo, então, se lembrará você de apedrejar-nos sem piedade?

13 Não nos maltrate, bom amigo. Ajude-nos a produzir para o bem.

14 Você ainda é pequeno e, por isto mesmo, ainda não pode haver adquirido o gosto de matar. Não é justo, assim, colocarmo-nos de mãos postas, ante o seu olhar bondoso, esperando de seu coração aquele amor sublime que Jesus nos ensinou?


Neio Lúcio


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

Abrir