O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Antologia dos Imortais — Autores diversos — 1ª Parte


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Castro Menezes


DESENCARNAÇÃO

1 Dorme a ninfa obscura em desvão da floresta… n
Tênue réstia solar dissolve a névoa fina.
Agita-se o casulo. A múmia pequenina
É féretro mirim que, súbito, se enfresta.


2 A borboleta em luz, como alguém que protesta
Contra o sono letal sob a folha mofina,
Desdobra as asas de ouro e, leve bailarina,
Sobe às grimpas do azul em delírio de festa…


3 A morte é assim também… No corpo inerte, langue, n
Silêncio e rigidez trabalham de partilha, n
Tentando nova forma a que a vida se engrade!…


4 Mas do estojo larval, sem o lume do sangue,
A alma ressurge e voa, ascende, canta e brilha, n
Ave do Grande Além, galgando a imensidade…


Álvaro Sá de CASTRO MENEZES, que foi “conteur” e cronista, além de poeta precoce e advogado pela Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro, esteve algum tempo no Pará, onde foi professor e jornalista, tendo também exercido a magistratura em seu Estado natal. Um dos fundadores da revista Rosa-Cruz, um dos mais importantes órgãos do movimento simbolista carioca. Redator, no Rio de Janeiro, de A Tribuna, de O Imparcial e do Jornal do Commercio. Pertenceu à Academia Fluminense de Letras. (Niterói, Estado do Rio, 3 de Junho de 1883 — Rio de Janeiro, Gb, 7 de Março de 1920.)

BIBLIOGRAFIA: Mitos; Poesias; Estrada de Damasco; etc.


Nota ao verso 1: Leia-se “o-bs-cu-ra” como tetrassílabo, em atenção ao suarabácti de que se serviu o poeta. “SUARABÁCTI — Expressão adaptada da gramática hindu, para designar a vogal de apoio desenvolvida por ANAPTIXE e que os poetas utilizam às vezes para, expressamente ou não, aumentar o número silábico de um VERSO, como sucede com o trissílabo “absinto” que Gonçalves Dias transforma em tetrassílabo, completando o METRO, nesta passagem de “Recordação” nos Primeiros Cantos:


Mais uma gota d’amargor, que importa?

Que importa o fel na taça do a/b/sin/to

ou uma dor de mais onde outras minam?”

(Geir Campos, Op. cit.)



[1] Aposiopese.

[2] Refere-se o poeta à histólise que se processa, evidentemente, após a desencarnação.

[3] Observe-se o clímax que vem dizer da conclusão da histogênese espiritual.


(Psicografia de Francisco C. Xavier)


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