O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Antologia dos Imortais — Autores diversos — 2ª Parte


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Damasceno Vieira


AVANTE!

1 Peregrino da vida e da morte oriundo,
Avança do nascer ao pôr do Sol, durante n
A evolução sem fim nos carreiros do mundo,
Pela ronda do tempo, a ressurgir constante.


2 Das sombras da maldade à luz do bem fecundo,
Das ruínas morais ao triunfo pujante,
Aprende pouco a pouco e, segundo a segundo,
Ergue em tudo, a ti mesmo, o teu grito de — avante! n


3 Segue esgarçando os véus dos caminhos secretos,
Desfazendo aflições e remontando afetos,
Com risos e ilusões, suspiros e agonias.


4 E ao morrer-te o rancor e ao nascer-te a humildade, n
Em êxtases de amor e em lances de bondade,
Encontrarás, ditoso, a paz de novos dias! n


João DAMASCENO VIEIRA Fernandes — Poeta, jornalista, crítico literário, dramaturgo, historiador. Patrono da cadeira nº 17 da extinta Academia Riograndense de Letras, colaborou ativamente na revista do Pártenon Literário, do qual fazia parte, e em várias publicações periódicas, dentre elas, Álbum do Domingo, O Mosquito, Lusitano. Sócio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e do congênere da Bahia. Gozou de grande prestígio como poeta, e “a sua poesia da última fase é no geral simples, sem distorções, direta, a par de calorosamente humana e fraterna” (Guilhermino César, in História da Lit. R.G.S., pág. 284). (Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 6 de Maio de 1853 — Salvador, Bahia, 7 de Março de 1910 *.) — (*) Essas datas, tiramo-las do Diário da Bahia e do Diário de Notícias, jornais de Salvador, que noticiaram o sepultamento de Damasceno Vieira.

BIBLIOGRAFIA: Ensaios tímidos; Auroras do Sul; Esboços Literários, poesia e crítica; Escrínios; Albatrozes; etc.



[1] Note-se o “enjambement” que nos suscita a ideia de alguém que avança do nascer ao pôr do Sol, durante a evolução sem fim…

[2] Aliteração em t.

[3] Observem-se, não apenas neste verso, mas nos anteriores, as antíteses primorosas.

[4] Cf. o soneto “A Lenda do Judeu Errante”, de autoria do poeta quando encarnado (apud Col. Poetas Sul-Riogr., pág. 94), cuja disposição rimática é perfeitamente idêntica à de “Avante!”.


(Psicografia de Waldo Vieira)


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