O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Colheita do bem — Mensagens familiares do Prof. Arthur Joviano (Neio Lúcio) e outros


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Resistência espiritual

05/12/1951


1 Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês, conferindo-lhes muita paz e saúde no campo da luta redentora em que nos empenhamos à conquista do futuro.

2 Acompanhei você, meu caro Rômulo, nos diversos flancos do combate espiritual dos dias últimos e louvo-lhe a serenidade e o ânimo forte. Felizmente, você tem agido com o valor e com a serenidade que eu sempre esperei.

3 Em diversas ocasiões, temos falado das dificuldades que surgem, invariáveis, no trabalho daqueles que se devotam ao bem e semelhantes obstáculos, com redobrado vigor, alinham-se agora à nossa frente. Por mim e de mim mesmo, com satisfação retiraria da senda de vocês todos os tropeços, entretanto, achamo-nos na condição dos aprendizes guindados a maiores lições.

4 Se vocês não andassem para a frente, meus filhos, decerto encontrariam a tranquilidade aparente em que muitos se demoram no mundo. Mas vocês não renasceram para a quietude da estagnação. O caminheiro que não para sofre a chuva e o vento, o frio e o calor. Para ele, a canícula e o inverno são forças vivas que o atormentam e vergastam.

5 Que fazemos senão agradecer ao Senhor a confiança com que nos honra e a graça de que nos cerca? Realmente, aí no círculo em que vocês trabalham, a visão e a sensibilidade padecem grandes angústias nas aferições espirituais de grande vulto, contudo, estejamos convencidos de que o tempo e a luta tudo renovam e transformam.

6 Compreendo a gravidade da hora que atravessamos. Hora em que os melhores experimentam provas enormes na dignidade e no coração. Peço-lhes, contudo, e principalmente a você, meu filho, muita calma e resistência espiritual. Quando digo “resistência” não pretendo afirmar que nos achamos irremediavelmente à mercê da tempestade arrasadora. Desejo apenas afiançar que não convém exagerar o apreço, nem o preço do mal que, no fundo, é invariavelmente o fruto de incompreensão e ignorância.

7 Não se perturbe, meu caro Rômulo, ante as arremetidas da sombra. A existência terrestre, como tarefa especializada, compromisso ou missão, é comparável a uma guerra permanente, cuja linha inicial se desenha no berço e cujo marco derradeiro se ergue no túmulo do corpo denso. Podemos perder grande quantidade de batalhas, mas não devemos confiar-nos à derrota final.

8 O quadro de lutas administrativas, qual o da atualidade, é um campo imenso de conflitos institucionais e individuais. Aí dentro, na hora em curso, não se evidenciam os melhores, porque há invasão, em massa, de elementos inferiores. A quantidade está ofuscando a qualidade, mas a paisagem é circunstancial e não definitiva, de vez que a Lei, no momento oportuno, determina que a qualidade se saliente para controlar a quantidade, conferindo-lhe expressões educativas.

9 Não posso adiantar a você qualquer notícia sobre o processo de manifestação dos nossos adversários gratuitos, porquanto, uma das ordenações daqui, mais rigorosa para o espírito de boa vontade, é a que se refere à absoluta abstenção de qualquer comentário no mal, que, na essência, serve apenas como interferência destrutiva na mente dos que ouvem. Mais vale a paciência que a violência, diz o conselho popular, e, no momento, a serenidade será ou deve ser nossa companhia fiel.

10 Não se concentre, meu filho, sobre possíveis desgostos ou necessidades da família. Tal pensamento não nos deve ocorrer. Recorde que os próprios filhos se encontram habilitados para o trabalho digno, cada qual dos dois organizando compromissos para o hoje e para o amanhã, e não se esqueça de que temos em nossa querida Maria uma companheira valorosa, cuja mente e cujas mãos jamais descansaram em benefício de nossa tranquilidade. Você poderá aduzir que o pomo de suas maiores aflições é o trabalho, a paisagem na qual o seu sentimento de trabalhador, de orientador e de missionário está amplamente refletido, acrescentando que os seus mais belos programas de serviço aqui se estruturam e se alongam. Justifico-lhe as observações e não desejo que você, em tempo algum, se esqueça dos laços divinos que nos prendem a este pedaço abençoado de terra, que nos guarda a esperança e o suor, o trabalho e o sonho. Entretanto, é justamente aí que se encontra o símbolo de nossas batalhas. É indispensável nos fortaleçamos convenientemente para suportar o conflito, voltar a ele e dominá-lo por fases diferentes, se assim for necessário.

11 De qualquer modo, instalemos a paz na segurança de nós mesmos para que lutemos varonilmente, sem intervalos de desânimo e sombra, de vez que não somos servidores infelizes, nem desamparados. O que é nuvem hoje é chuva amanhã e onde agora se adensam as trevas em breves instantes podemos rever a claridade habitual. Dentro de nós vive a condição. Se nos sustentamos, tudo permanece sustentado ao redor de nós. Se nos acovardamos, tudo é fraqueza junto de nossos passos.

12 Não estamos sentenciados a mendigar, mas a viver, a aprender, a servir, a lutar, a ajudar sempre e a vencer com a Vontade Superior que nos preside as tarefas. Confiança em Deus e em nós mesmos. Vitalidade espiritual em nossa crença na vitória suprema do bem. Disposição para tolerar quaisquer vicissitudes temporárias, agradecendo ao Senhor os recursos de que somos portadores, a fim de que as nossas energias se multipliquem.

13 Achamo-nos à frente de uma grande assembleia conturbada, na esfera da administração pública, para a qual os mais competentes e os mais dignos devem ser espezinhados, mas toda calamidade é passageira. A ordem e o progresso constituem regulamentos fundamentais e substanciais. O ajustamento das matérias de serviço é uma necessidade em épocas turbilhonárias como esta em que vocês sentem, sob a solidez do barco, a crueldade da onda traiçoeira, e estejamos convictos de que o coração pacificado e vigilante consegue atender a todos os imperativos da luta. Sigamos observando e trabalhando em favor de nós mesmos.

14 O caso orgânico do nosso Roberto centraliza-nos agora grandes atenções. A assistência médica ainda ser-lhe-á necessária por vários dias. A luta contra o processo infeccioso deve continuar. Não deve movimentar-se com excesso para contribuir conosco no reajuste da posição celular. Nosso rapaz tem estado sem defesas naturais no campo físico e certos remanescentes de natureza infecciosa, alojados no sangue, respondem pelo fenômeno do joelho, que reclama o cuidado já em movimento. Convém-lhe o tratamento medicamentoso de maneira particular e de nosso lado colaboraremos em favor dele com passes e outros recursos ao alcance de nossa influenciação indireta.

15 Nossas saudações amigas ao General Aurélio e à nossa irmã Júlia, para quem pedimos ao Alto a bênção do bem-estar e da saúde.

E reunindo vocês em meu coração abraça-os com muito afeto e carinho o papai muito amigo de sempre,


A. Joviano


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