O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

Índice | Página inicial | Continuar

Chico Xavier — Mandato de amor — Autores diversos


Apresentação


I

Prezado Leitor,


No livro “Nos Domínios da Mediunidade” (1955), psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier, encontramos a definição do que seja um mandato mediúnica

Em seu capítulo 16, André Luiz, o autor espiritual, recolhendo as instruções de Áulus, relata-nos a associação mediúnica entre a médium D. Ambrosina e o seu mentor Gabriel, configurando-a na excelência de um mandato mediúnico.

Destacamos os seguintes trechos do referido capítulo para nosso mútuo esclarecimento:

“Ambrosina, há mais de vinte anos sucessivos, procura oferecer à mediunidade cristã o que possui de melhor na existência. Por amor ao ideal que nos orienta, renunciou às mais singelas alegrias do mundo, inclusive ao conforto mais amplo do santuário doméstico, de vez que atravessou a mocidade trabalhando, sem a consolação do casamento” (…)

(…) “A médium vive em constante contato com o responsável pela obra espiritual que por ela se realiza” (…)

(…) “Pelo tempo de atividade na causa do bem e pelos sacrifícios a que se consagrou, Ambrosina recebeu do Plano Superior um mandato de serviço mediúnico, merecendo, por isso, a responsabilidade de mais íntima associação com o instrutor que lhe preside as tarefas. Havendo crescido em influência, viu-se assoberbada por solicitações de múltiplos matizes. Inspirando fé e esperança a quantos se lhe aproximam do sacerdócio de fraternidade e compreensão, é, naturalmente, assediada pelos mais desconcertantes apelos” (…)

(…) “Simboliza uma ponte entre dois mundos, entretanto, com a paciência evangélica, sabe ajudar aos outros para que os outros se ajudem, porquanto não lhe seria possível conseguir a solução para todos os problemas que se lhe apresentam” (…)

Mais adiante, indagando-se sobre o significado de extenso laço fluídico através do qual a médium e o dirigente se associavam tão intimamente um ao outro, Áulus elucida:

(…) “Quando o médium se evidencia no serviço do bem, pela boa vontade, pelo estudo e pela compreensão das responsabilidades de que se encontra investido, recebe apoio mais imediato de amigo espiritual experiente e sábio, que passa a guiar-lhe a peregrinação na Terra, governando-lhe as forças. No caso presente, Gabriel é o perfeito controlador das energias de nossa amiga, que só estabelece contato com o Plano Espiritual de conformidade com a supervisão dele”. (…)

(…) “Um mandato mediúnico reclama ordem, segurança, eficiência” (…)

Mais avante, Áulus sentencia, concludente:

(…) “Raras são as criaturas que obtêm um mandato mediúnico para o trabalho da fraternidade e da luz” (…)

Transcrevemos, inicialmente, essas instruções espirituais para que possamos ajuizar com clareza sobre a razão de ser deste livro e a escolha de seu título.

Francisco Cândido Xavier, o amado Chico Xavier, que todos estimamos por exemplar apóstolo da paz e da luz na face da Terra, e Emmanuel, seu tutelar mentor espiritual, a quem todos reverenciamos por luminar missionário da evangelização na pátria do Cruzeiro, estão completando hoje, 8 de julho de 1992, 65 anos sucessivos de dedicação absoluta ao serviço da consolação, oferecendo à mediunidade cristã o que possuem de mais sagrado e sublime, numa epopeia de renúncias e sacrifícios cm favor da renovação humana.

Por amor ao ideal espírita-cristão, consagraram-se a causa do bem, inspirando fé e esperan4a a quantos se lhe aproximam do sacerdócio de fraternidade.

Simbolizando uma ponte entre dois mundos, estenderam aos dois planos da vida a compreensão do “amai-vos uns aos outros”, pelo serviço ao próximo.

Devotando-se à verdade, desde o início de suas tarefas, com boa vontade, estudo e perseverança inauditos, permanecem, ainda hoje, cumprindo as responsabilidades de que se encontram investidos com sincera fidelidade à codificação kardequiana, com extrema lealdade ao Nosso Senhor Jesus Cristo, e com acendrado amor a Deus, Nosso Pai Criador.

Por isso mesmo, pela ordem, pela segurança e pela eficiência da ação renovadora que imprimiram ao campo moral da Humanidade terrestre, vencendo fronteiras e obstáculos com humildade e bom ânimo, paciência e perdão, Francisco Cândido Xavier e Emmanuel incluem-se no rol das raras criaturas que obtiveram dos céus um MANDATO DE AMOR.

Este o nome do livro que ora lhe ofertamos, caro leitor, organizado dentro de nossas limitações, com um profundo sentimento de gratidão aos dois vanguardeiros da Espiritualidade.

Apresentamo-lo com a alegria de poder ofertar-lhe uma notícia, ainda que pálida, de alguns aspectos sobre a missão de amor dos dois seareiros do Mestre Nazareno.

Pesquisando o arquivo histórico da União Espírita Mineira, entidade federativa estadual e Casa-Máter do Espiritismo em Minas Gerais, conseguimos reunir, com a colaboração de diversos amigos, alguns artigos, casos, depoimentos, entrevistas, testemunhos, cartas e curiosidades em torno das tarefas espirituais do médium mineiro.

Grande parte deste acervo de notícias foi veiculada, através dos anos, pelas páginas do jornal “O Espírita Mineiro”, permanecendo, porém, ainda hoje, inédita em termos editoriais.

Destaca-se, sobremaneira, do conjunto, a beleza e a espiritualidade de várias poesias e mensagens psicografadas pelo querido médium, em sua maioria na própria sede da União Espírita Mineira, desde os idos de 1932.

Merece nota, igualmente, a preciosa suíte fotográfica em torno do grande amigo, que juntamos à presente edição.

A todos quantos colaboraram para que este projeto editorial se concretizasse, o nosso reconhecimento.

A Francisco Cândido Xavier e a Emmanuel dedicamos este singelo esforço, através do qual pretendemos registrar comemorativamente o transcurso do 6.º ano de suas atividades mediúnicas com Jesus e Kardec.

Nossa gratidão se eleva em forma de preces a Deus, Nosso Pai Celestial, rogando a Ele que os abençoe e os recompense um tanto mais.

Belo Horizonte, 8 de julho de 1992.


Geraldo Lemos Neto

Departamento Editorial da União Espírita Mineira.    


II

“Gratidão”

Revistas, jornais, programas televisados, notícias divulgadas pelas emissoras de todo o País, palestras e testemunhos escritos e falados, têm se referido à data abençoada dos 65 anos de mediunidade de nosso amado Chico Xavier.

As páginas se sucedem, multiplicam-se, desdobram-se, plenas do mais sublime conteúdo espírita-cristão.

Entretanto, se captado fosse o bater dos corações que agradecem a Deus pela tarefa do seareiro da mediunidade com Jesus, no transcorrer destes 65 anos de labor intenso, ininterrupto e rico de amor, certamente a amplitude do potencial da vibração emitida romperia as barreiras da resistência dos sentidos humanos.

A mensagem escrita, falada ou televisada alcança fronteiras delimitadas à sua potencialidade de expansão, circunscrita a espaços tecnicamente calculados. Contudo, a força de alcance do sentimento transcende fronteiras previstas pelo homem, atinge o Infinito, cantando sua manifestação de amor, em pouso, junto às mais cintilantes estrelas perceptíveis à vista humana, impulsionada pelo coração agradecido. As vibrações atingem o Cosmo, que se torna pequeno ante a grandeza do amor, aninhando-se no seio de nosso Pai de Misericórdia, lembrando-nos a referência de Dante em relação a Beatriz: “o amor que move as estrelas”.

É dentro desta ideia que a União Espírita Mineira, elaborando este livro, vibra de amor e gratidão, envolvendo com carinho e reconhecimento, pela bênção de sua vida entre nós, o nosso querido e sempre amado Chico Xavier, o eterno Chico.

Compreendemos a singeleza de nossas expressões sobre o querido Chico. Deus, porém, sabe da realidade e da dimensão de nosso sentimento, embora possamos apenas avaliar-lhe a trajetória visível aos nossos olhos, visto que a espiritual não podemos imaginar, bem sabemos.

Confiamos na generosidade deste coração amigo e escrevemos estas linhas que pretendem traduzir o que sentimos, testemunhando-lhe o nosso amor e reconhecimento pelo que nos tem sido prodigalizado, em todos estes anos, por ele, Chico Xavier, o médium da terceira revelação.

Não fora seu espírito de doação e renúncia, não teríamos, hoje, nossa casa de trabalho na condição em que se encontra. E, com plena consciência, reconhecemos que muito melhor ela poderia estar, se, ao longo desses anos, tivéssemos tido olhos para ver e ouvidos para ouvir.

Deus lhe pague, Chico Xavier. Jesus o abençoe, querido amigo.


Maria Philomena Aluotto Berutto

Presidente da União Espírita Mineira    


III

“8 de julho de 1927”

Francisco Cândido Xavier iniciou, publicamente, seu mandato mediúnico em 8 de julho de 1927, em Pedro Leopoldo, então uma pequenina cidade situada, mais ou menos, a quarenta minutos de Belo Horizonte, a bela capital mineira.

Pedro Leopoldo cresceu, progrediu, graças ao espírito empreendedor de sua gente boa e hospitaleira, sendo, hoje, uma cidade grande e bonita, sem perder, contudo, os ares de cidade interiorana.

8 de julho de 1927!

65 anos de incessante trabalho, da maior significação espiritual, dedicado à Humanidade, abrangendo seus mais diversos segmentos.

Ao longo desse tempo, o médium mineiro não tem conhecido repouso, não sabe o que é descanso, pois descanso e repouso, no dicionário do querido companheiro, sinonimizam atividade, traduzem serviço.

Dias e noites têm sido por ele ofertados aos seus semelhantes, com sacrifício da saúde que, na verdade, nunca foi “de ferro”. Problemas orgânicos acompanharam-lhe a mocidade e a madureza. Hoje, nos abençoados 82 anos de sua vida corporal, a, dificuldades físicas continuam trazendo-lhe problemas. Releva observar que as doenças oculares e as intervenções cirúrgicas jamais o impediram de cumprir, fiel e dignamente, sua missão de amparo aos necessitados. Sua postura é uma só, obedece a uma só diretriz: amor ao próximo, desinteresse ante os bens materiais, preocupação exclusiva e constante com a felicidade do próximo.

Ricos e pobres, velhos e crianças, homens e mulheres de todos os níveis sociais têm encontrado, no homem e no médium Chico Xavier, tudo quanto necessitam para o reajuste interior, para o crescimento, em função do conhecimento e da bondade.

A União Espírita Mineira teve sempre em Chico Xavier o irmão querido, o amigo de todas as horas.

Em Pedro Leopoldo, até o começo de 1959, e em Uberaba, a partir de então, sua palavra carinhosa tem-nos sido apoio e caridade.

Esta edição constitui oferenda de amor, tributo de reconhecimento ao obreiro incansável, valoroso e abençoado. Dedicamos-lhe, Chico, esta edição assinaladora dos 65 anos de sua atividade pública como médium, embora desde os 5 anos de idade o seu relacionamento com os Espíritos, inclusive o de sua extremosa mãe — D. Maria João de Deus — venha se verificando em nível da mais comovente elevação.

O que estamos republicando, em termos de notas e fotos, tem, a nosso ver, significação muito profunda para a comunidade espírita, visto que registra episódios mediúnicos, enfocando também a imagem de um homem simples, bom e humilde.

Francisco Cândido Xavier é um presente divino para o século XX, enriquecendo-lhe os valores com a sua vida de exemplar cidadão, com milhares de mensagens psicográficas que, em catadupas de paz e luz, amor e esclarecimento, vêm fertilizando o solo planetário, sob a luminar supervisão de Emmanuel, nome que pronunciamos e escrevemos sempre com o maior respeito e carinho.


José Martins Peralva Sobrinho

Vice-presidente da União Espírita Mineira    


Abrir