O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Chico Xavier — Mandato de amor — Autores diversos — 4ª Parte


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Na tarefa mediúnica

(Entrevistando o médium Francisco Cândido Xavier, em Uberaba, no dia 17 de julho de 1988.)


Pergunta — Em seu primeiro encontro com Emmanuel, ele enfatizou muito a disciplina. Teria falado algo mais?


Resposta: 1 “Depois de haver salientado a disciplina como elemento indispensável a uma boa tarefa mediúnica, ele me disse: “Temos algo a realizar.” Repliquei de minha parte qual seria esse algo e o benfeitor esclareceu: “Trinta livros para começar!” 2 Considerei, então: como avaliar esta informação se somos uma família sem maiores recursos, além do nosso próprio trabalho diário, e a publicação de um livro demanda tanto dinheiro!… 3 Já que meu pai lidava com bilhetes de loteria, eu acrescentei: “Será que meu pai vai tirar a sorte grande?” Emmanuel respondeu: “Nada, nada disso. A maior sorte grande é a do trabalho com a fé viva na providência de Deus. Os livros chegarão através de caminhos inesperados!” 4 Algum tempo depois, enviando as poesias de Parnaso de Além-túmulo para um dos diretores da Federação Espírita Brasileira, tive a grata surpresa de ver o livro aceito e publicado em 1932. 5 A este livro seguiram-se outros e em 1947 atingimos a marca de 30 livros. 6 Ficamos muito contentes e perguntei ao amigo espiritual se a tarefa estava terminada. Ele, então, considerou, sorrindo: “Agora começaremos uma nova série de trinta volumes.” 7 Em 1958, indaguei-lhe novamente se o trabalho finalizara. Os 60 livros estavam publicados e eu me encontrava quase de mudança para a cidade de Uberaba, onde cheguei a 5 de janeiro de 1959. 8 O grande benfeitor explicou-me, com paciência: “Você perguntou, em Pedro Leopoldo, se a nossa tarefa estava completa e quero informar a você que os mentores da Vida Maior, perante os quais devo também estar disciplinado, me advertiram que nos cabe chegar ao limite de 100 livros.” 9 Fiquei muito admirado e as tarefas prosseguiram. Quando alcançamos o número de 100 volumes publicados, voltei a consultá-lo sobre o termo de nossos compromissos. 10 Ele esclareceu, com boa vontade: “Você não deve pensar em agir e trabalhar com tanta pressa. 11 Agora, estou na obrigação de dizer a você que os mentores da Vida Superior, que nos orientam, expediram certa instrução que determina seja a sua atual reencarnação desapropriada, em benefício da divulgação dos princípios espíritas-cristãos, permanecendo a sua existência, do ponto de vista físico, à disposição das entidades espirituais que possam colaborar na execução das mensagens e livros, enquanto o seu corpo se mostre apto para as nossas atividades.” 12 Muito desapontado, perguntei: “Então devo trabalhar na recepção de mensagens e livros do mundo espiritual até o fim da minha vida atual?” Emmanuel acentuou: “Sim, não temos outra alternativa!” 13 Naturalmente, impressionado com o que ele dizia, voltei a interrogar: “E se eu não quiser, já que a Doutrina Espírita ensina que somos portadores do livre-arbítrio para decidir sobre os nossos próprios caminhos?” 14 Emmanuel, então, deu um sorriso de benevolência paternal e me cientificou: “A instrução a que me refiro é semelhante a um decreto de desapropriação, quando lançado por autoridade da Terra. Se você recusar o serviço a que me reporto, segundo creio, os orientadores dessa obra de nos dedicarmos ao Cristianismo Redivivo, de certo que eles terão autoridade bastante para retirar você de seu atual corpo físico!” 15 Quando eu ouvi sua declaração, silenciei para pensar na gravidade do assunto, e continuo trabalhando, sem a menor expectativa de interromper ou dificultar o que passei a chamar de “desígnios de Cima”. n


Chico Xavier


Geraldo Lemos Neto



(Fonte: “O Espírita Mineiro”, número 205. Abril/junho de 1988.)


[1] Esta entrevista, com diferenças, foi igualmente reproduzida pelo IDEAL e é a 4a lição do livro “Novo mundo.”; foi reproduzida também em 2007 pela editora VL em anexo ao livro: “Deus conosco”.


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