O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Chico Xavier pede licença — Autores diversos — F. C. Xavier / J. Herculano Pires


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Ribeirão Preto

Ricardo Gonçalves


  1 Ribeirão Preto!… O céu que se anila e engrinalda

  Para o carro solar que avança em resplendores,

  Reinando sobre o campo em festa de esmeralda

  Adornada de flores!…


  2 Revejo-me contigo… A memória desvenda

  A pompa em que surgiste ao menino que eu era…

  O júbilo da praça, o brilho da fazenda,

  O solo em primavera…


  3 Corro a sorver-te a paz das manhãs harmoniosas,

  Em torno, os cafezais engastando rubis…

  Ouço malhos batendo e vejo a gleba em rosas…

  E a cidade feliz.


  4 Hoje, entre arranha-céus, ante a própria conquista,

  Fulges, galgando o espaço em ritmo seguro,

  Esplêndido florão da grandeza paulista

  Indicando o futuro!…


  5 A vida estenda ao mundo a paz que te descerra,

  Cânticos de ascensão que o teu progresso entoe!

  Ribeirão Preto em luz, terra de minha terra,

  Deus te exalte e abençoe!…


Ricardito vem vindo


Irmão Saulo


No dia 8 de agosto de 1971 Chico Xavier recebeu, em São José do Rio Preto, um poema de Ricardo Gonçalves, intitulado “Até breve, São Paulo”, que trazia a seguinte anotação: Preparando a próxima reencarnação. Publicamo-lo com várias informações sobre o poeta e curiosas declarações de seu amigo particular, o Sr. Oswaldo Maria de Almeida Ramos, que se interessava vivamente por maiores informações sobre a volta de Ricardito. Pedimos e insistimos junto ao médium, mas nada mais obtivemos.

O dia 8 de agosto é o do nascimento do poeta, que ocorreu em São Paulo, em 1883, tendo ele falecido a 11 de outubro de 1916. Na data de seu aniversário Ricardito anunciava a sua volta a São Paulo através de nova encarnação. Agora, em Ribeirão Preto, cidade em que Ricardito viveu na sua infância, Chico Xavier recebeu o poema, sem mais explicações.

Ambos os poemas são típicos, refletem o estilo e a alma do poeta. A forma desses poemas é a mesma que ele utilizou na adolescência ao escrever “O Pombo” e mais tarde o poemeto de apenas três estrofes “Uma vela que passa”. Essas duas produções figuram na edição de “Ipês”, organizada e lançada como obra póstuma por Monteiro Lobato. Constituem-se de estrofes de três versos de doze sílabas e um verso de seis. Até mesmo o uso de ponto de admiração e reticências, comum na época, repete-se nos poemas psicografados.

A poesia de Ricardo Gonçalves caracteriza-se pelo paisagismo, o apego à terra e à gente, aos costumes do povo traduzidos em cenas poéticas. Os dois poemas que nos envia do Além mostram essa mesma tendência, mas agora num sentido novo. Ricardito (seu apelido de família) mostra-se atraído pelos lugares em que viveu e aos quais voltará dentro de algum tempo.

Seu entusiasmo é justo. A volta que se prepara é uma oportunidade de recomeçar a tarefa interrompida pelo suicídio há mais de meio século. A misericórdia divina lhe permite a reintegração emocional na paisagem perdida que ele tanto amava. E lhe permite ainda mais — o que não é comum — essas tomadas de contato com a realidade atual, através da mediunidade de Chico Xavier, para o desabafo da comunicação na medida do possível.

Chico Xavier explicou, numa entrevista radiofônica, porque não obtivera as informações mais completas sobre a reencarnação do poeta: onde, quando, em que família? Só em casos excepcionais isso pode acontecer, pois a nossa condição evolutiva é ainda adversa a esse esclarecimento. Os antigos familiares e amigos do poeta cercariam a criança de cuidados extremos, prejudicando as provas por que ele deve passar na nova existência.


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