O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Diário de bênçãos — Mensagens familiares de Cristiane


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Segunda Mensagem

31 janeiro 1981, Uberaba, MG.


Em Uberaba, visito Chico Xavier, na esperança de receber nova mensagem de Cristiane.

Pouco antes de me levantar, muito rapidamente, Cris sorria para mim.

Minhas esperanças dobraram. Posso dizer que estou alegre.

Imagino Cris viajando e eu recebendo suas cartas. É um doce consolo para o meu coração, choroso de saudades.

Sei que ela não voltará… mas por que voltar? Se não se foi. Espiritualmente viverá sempre comigo.

Recebo a segunda mensagem de Cristiane, pela mediunidade de Francisco Cândido Xavier.


1 Querida mãezinha Vilma, peço a sua bênção que me ilumina os passos e pensamentos.

2 Os benfeitores que estão dirigindo o intercâmbio espiritual atenderam ao pedido do vovô Lourenço para que eu escrevesse alguma notícia para o seu carinho. 3 Eles se comoveram porque estão sabendo que você viajou quarenta horas com o nosso pequeno Ageu, pensando em sua filha.

4 Você mamãe, ficou sendo A Mamãe nesta noite de preces, simbolizando tantas outras mães queridas que se encontram aqui. 5 O Dr. Bezerra de Menezes viu todo o seu empenho em conseguir o apoio de meu pai e sabe que as suas orações foram súplicas de carinho e coragem, porque ninguém da família poderia segui-la de nossa distante cidade da Bahia, até aqui.

6 Ele disse que isso não era necessário. A senhora poderia ter pensado em nosso encontro lá mesmo, no entanto, a fé acendeu tal expectativa em seu coração que você não vacilou e veio, atravessando dificuldades e distâncias, sem outro intuito que não seja este — saber como vou seguindo…

7 Vou seguindo melhor; vejo papai Luiz regressando às atividades do campo, no sítio, ouço as preces da vovó Dulcina com alegrias novas no coração, sei que a nossa Virna recobrou a paz, que o nosso Paulinho retomou a esperança e por tudo isso me vejo na condição de uma criatura feliz. 8 E, acima de tudo, estamos nós duas mais unidas. Pensamos nos necessitados quais se fossem nossa própria família e foi com grande contentamento que acompanhei o seu querido coração junto de nossa Irmã Jovina, distribuindo comestíveis e lembranças com os meninos quase esquecidos de nossa região, recordando a data de 28 deste mês. 9 Mamãe, como fiquei feliz! Se meu pai houvesse promovido uma grande festa, com a minha presença física nos dezessete anos de sua filha, creia que não estaria tão edificada na alegria que passou a morar em meu coração. 10 Parece que os filhos, imaginados mortos, despertam mais amor no sentimento dos pais queridos. Somos saudades vivas no íntimo de nossos queridos genitores da Terra, que em nos verificando a ausência suposta, se inclinam com mais ternura para as crianças alheias, mormente para as que se mostrem desvalidas, porquanto,também nós, os filhos que voltamos, dispomos de mais acesso no lar para servir aos companheiros menos felizes do mundo.

11 A Irmã Jovina me sensibilizou muito e peço a Jesus a recompense, tanto quanto rogo a Deus pela saúde e felicidade do nosso querido amigo Dr. Edson que sabe transformar a medicina em amor pelos semelhantes.

12 Mãezinha Vilma, muito grata me vejo e deposito em sua face querida os beijos que a saudade conserva no cofre da esperança. Abraços ao Luizinho e ao João, com o meu carinho ao nosso valoroso Ageu que lhe amparou na longa viagem, à feição de um pajem de romance, garantindo-lhe a segurança.

13 Mãezinha, reunindo-a com meu pai e agradecendo as preces da querida vovó Dulcina, peço a seu carinho receber o coração de sua filha,


Cristiane.


MAIS UMA PROVA


Ao comprarmos terras em Alagoinhas, Bahia, obrigou-nos a mudança de onde estávamos.

No início, a tristeza. Um lugar desconhecido, sem amigos e a simplicidade do lugar alijava a vontade de sair.

Sentia-me regredir. As provas da sobrevivência, testemunhadas, estavam sendo abafadas pela minha solidão. A revolta crescia, até com essa maravilhosa Bahia. Os trabalhos na fazenda, encolerizavam-me. Acreditava na falta de sentimento do meu marido e perguntava-me: Para quê, se minha filha jamais usufruiria de tudo aquilo.

Magoada, em desalento, saltou-me aos olhos um pedaço de papel no chão. Decerto, pensava eu, por ocasião da mudança, ali caíra e ficara. Apanhei-o e li:

“Por que tantas e tantas vezes ignoramos o que realmente tem valor? Pise este chão, curta esta terra, ame o que é seu.”

Chorei, pedia perdão a Jesus pela minha ignorância. Mudei minha atitude. Passei a assistir reuniões doutrinárias, novos conhecimentos e amadurecer.

Voltei a sorrir, confesso, ainda choro, não mais por revolta, mas por saudades.

A dor é difícil de curar. Ao perceber a tristeza chegar orava e pedia a Jesus e à Cris me ajudassem, me dessem forças, que minhas lágrimas se transformassem em sorrisos e consolo a tantas mães em igual situação.

Sentia-me renovada a cada manhã. A transmitir coragem e ânimo. Entendia que ajudando, estava sendo ajudada, despertada para esse caminho que se abriu com a partida de Cristiane.

O sorriso e a comunicação fazem amigos e, através dessas amizades, hoje posso dar um pouquinho de mim, do que sei e do que tenho.

Buscar um pouco de quem tem e sabe mais.


Vilma Ducatti


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