O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Depois da travessia — 1ª Parte — Autores diversos


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A ventura real

20|11|1935


1 Minha querida filha e bondosa irmã, n
2 Eu não sei como agradecer a Deus em podendo dirigir-te a minha palavra, eco suave dos afetos extremos do meu coração. Que a Mãe de Jesus, compassiva e misericordiosa, envolva a tua alma nas dobras luminosas do seu manto constelado de todas as virtudes, fortificando a tua fé, santelmo sagrado que conquistaste com a tua boa vontade e perseverança.

3 Eu quisera dizer-te todas as alegrias que me desabrocham na alma agradecida ao Céu pela possibilidade de fazer chegar ao teu coração inesquecível o reflexo da minha afeição. Mas pobre mundo de matérias grosseiras! Não encontramos, na Terra, algo que traduza a intensidade dos nossos sentimentos purificados nas grandes verdades que a morte nos oferece dentro das suas sagradas revelações!

4 Felicito a tua persistência dentro do sacrossanto ideal que norteia os teus passos. Sabes hoje que no planeta há sempre uma grande família necessitada de nossa atenção e dos nossos desvelos — a multidão imensa dos deserdados cujas almas necessitam de um raio de luz e de uma côdea de pão. 5 A verdadeira felicidade não é obtermos aí na Terra todos os objetos que representavam a visão dos nossos desejos materiais, não é descansarmos sobre as alegrias tão efêmeras que esse orbe proporciona. A ventura real é compreendermos a solução dos problemas da vida dentro da solidariedade e da fraternidade salvadora. 6 Do lado de cá avulta ao nosso espírito a necessidade do cumprimento de todos os deveres cristãos e nos vem um desalento por não havermos compreendido bastante essas austeras, mas doces e sagradas obrigações.

7 Quiséramos, então, volver ao passado com a compreensão alcançada e dispersarmos todas as nossas forças, toda a nossa energia vital ao serviço dos nossos semelhantes, conjugando a nossa atividade com a ação daqueles que se sacrificam pelos seus irmãos em humanidade.

8 Deus ampara os impulsos do teu coração generoso e nobilíssimo, não repousando sobre o bem-estar que conseguiste obter, fazendo dele mais uma razão para perseverares no propósito sagrado de te unir aos que laboram pela felicidade e pela paz alheia. 9 Não guardes em teu íntimo nenhuma recordação acerba com respeito a superstições prejudiciais. Considera que todos os acontecimentos de dor na existência são regidos por forças divinas que objetivam o aprimoramento do ser nas provações acerbas, mas redentoras. 10 Labora em beneficio daqueles que carecem do teu esforço e do teu devotamento, e que Jesus ampare sempre o teu lar, prodigalizando-te a ventura melhor que a Terra te pode dar — a felicidade de um companheiro nobilíssimo, n que soube sempre fazer do lar o trono sagrado de dois corações reunidos santamente, dentro das suas elevadas concepções sobre os problemas da vida, dentro do seu caráter resoluto e edificado, servido pelo raciocínio mais lúcido e pelo pensamento mais puro. 11 As divergências de ordem religiosa nunca existirão, desde que se compreendam tão bem, nessa lei de amor que ambos interpretam com justiça e clareza, multiplicando os seus progressos espirituais.

12 Às vezes o vejo na Cruz dos Militares e a ti na tarefa santa do asilo e, mais que tudo, no templo luminoso do lar, fortificando os filhos bem-amados com os seus exemplos edificadores. n

Deus te abençoe e te guie!

Estou sempre ao teu lado e não tergiverses no desempenho das tuas obrigações.

Deus lance sobre todos a Sua sagrada bênção,

Júlia



Notas da organizadora:

[1] Em referindo-se a Júlia Pêgo de Amorim, minha avó materna.


[2] Refere-se ao meu avó materno, General Aurélio de Amorim.


[3] General Aurélio foi, como se deduz das mensagens colecionadas no livro Militares no Além (VINHA DE LUZ, 2008), provedor da Irmandade da Santa Cruz dos Militares por vários anos. Para maiores dados históricos da instituição mencionada, sugerimos a leitura da referida obra e dos livros Sementeira de luz (VINHA DE LUZ, 4 ed., 2012, Deus conosco (VINHA DE LUZ, 3 ed., 2010, Sementeira de paz (VINHA DE LUZ, 2010) e Colheita do bem (VINHA DE LUZ, 2010), todos psicografados por Francisco Cândido Xavier. A comunicante faz referência ao Asilo Espírita João Evangelista, localizado na Rua Visconde Silva, 96, em Botafogo, Rio de Janeiro | RJ. O asilo recebe meninas órfãs e vovó Júlia, por muitos anos, deu aulas, gratuitamente, para as meninas. Sobre vovó Júlia, vide maiores informações no ANEXO C, à página 425. Júlia Amália da Silva Pêgo, minha bisavó materna.


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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