O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Entrevistas — Emmanuel


5 n


Entre irmãos

(Sumário)

A Fundação Educandário Pestalozzi, em comemoração ao seu 26º aniversário, recebeu anteontem a visita do médium Francisco Xavier, numa concorrida Tarde de Autógrafos. Na ocasião, a reportagem ouviu o psicógrafo que observou: “Nós estamos repetindo uma emoção que nos é sumamente agradável, com mais uma visita à cidade de Franca, onde recebemos este abençoado calor do coração francano. Estamos pedindo a Deus que conceda a esta terra abençoada, cada vez mais progresso, felicidade e alegria.”

Daí passamos a uma breve entrevista com ele em forma de perguntas e respostas:


50 — Livros editados


P — Quantos livros o Sr. tem editado em Português e em outras línguas?

R — Foram editados até agora, 109 livros, 106 dos quais já publicados. Vinte destes livros estão traduzidos em inglês, japonês, francês, espanhol e esperanto.


51 — Reuniões públicas da Comunhão Espírita Cristã


P — Em Uberaba, os trabalhos podem ser assistidos?

R — Sim. Às segundas, sextas e aos sábados de cada semana, as nossas reuniões são públicas, na Comunhão Espírita Cristã, a partir das 7 da noite.


52 — Insatisfação do mundo atual


P — O que os Espíritos têm dito a respeito da insatisfação do mundo de hoje?

R — Os nossos guias espirituais traduzem a nossa insatisfação, no mundo inteiro, como sendo a ausência de Jesus Cristo em nossos Corações.

Quando nos adaptarmos em definitivo ao espírito da doutrina para a vivência cristã, em nossas relações mútuas, toda insatisfação desaparecerá, porque estabelecida a paz em nossa consciência com o nosso dever cumprido, as próprias doenças naturalmente recuarão, pois muitas delas são simples consequências de nossos desajustes espirituais, em decorrência de nosso afastamento de Cristo, como luz divina para os nossos corações.

Estamos nos referindo não só ao Espiritismo Evangélico, mas a todo o Cristianismo, a todas as escolas cristãs.

Os cristãos têm necessidade nessa união em torno da verdade. Nós precisamos do Cristo.


53 — Os tempos estão chegados


P — Os espíritas dizem sobre a transição de nosso planeta: “Os tempos estão chegados”. O que diria Chico Xavier a esse respeito?

R — Sim, chegados para um maior conhecimento da verdade, com o patrocínio da Ciência.

Cada um de nós, no entanto tem sofrido impactos muito grandes dessas mesmas verdades, por falta de Cristo em nosso coração, e nós não estamos sabendo aliar o coração ao cérebro.

Temos uma inteligência talvez excessivamente cientifista, mas o coração um tanto quanto retardado. Precisamos desalojar o ódio, a inveja, o ciúme, a discórdia de nós mesmos, para que possamos chegar à uma solução em matéria de paz, de modo a sentirmos que “os tempos estão chegados”, para a felicidade humana.


54 — A juventude de hoje


P — Como o Sr. vê a juventude atual?

R — Eu creio na juventude como sendo a esperança não só do Brasil como do mundo inteiro.

A acusação que pesa sobre a chamada juventude transviada, eu quero crer que não procede, porque o número de jovens que se dedicam ao trabalho, ao estudo, à dignidade humana e à sua própria respeitabilidade no cumprimento de seus deveres, é ilimitado, e não podemos sacrificar essa maioria extraordinariamente maravilhosa, principalmente a juventude brasileira que conhecemos muito bem, à essa minoria, que em todos os tempos foi a minoria dos espíritos rebeldes, no campo da humanidade.


55 — Obsessões


P — O que diria sobre o grande número de obsessões?

R — Consideramos ainda o caso da insatisfação.

Nós perdemos o contato com Cristo, que é a Luz Divina para a nossa consciência e, de imediato, criamos tomadas para o domínio das sombras.

Aí, a obsessão pode surgir. Surgir com os traumas psicológicos, com as doenças mentais que estão devidamente catalogadas pela medicina para tratamento adequado.

Mas, creio que se nós nos ajustarmos aos princípios evangélicos respeitando-nos mutuamente, cada qual no seu setor, com o cumprimento dos nossos deveres, a obsessão também diminuirá, caminhando para o desaparecimento completo.


56 — Zé Arigó


P — Como vê as críticas em torno do nome de Zé Arigó?

R — Considero José Arigó como qualquer médium na Terra, como um ser humano, suscetível de cair em erros, mas sempre considerei Arigó como uma pessoa de muito respeito.

Se somarmos os bens que ele nos deixou e fizermos o confronto com os possíveis erros que tenha praticado, teremos um saldo que não podemos olvidar. O caso é de sensacionalismo de imprensa.

Precisaríamos de devassar uma consciência que é de Zé Arigó, que só pertence a Deus. Então seria interessante ouvir o novo irmão José Arigó, quando neste mundo, mas não sacar contra o amigo morto os ataques que estão sendo levados a efeito.


57 — Mediunidade consciente


P — O Sr. tem conhecimento das mensagens recebidas no exato momento, em que a recebe, ou somente depois que as lê?

R — Normalmente, eu não tenho conhecimento do assunto. Leio a mensagem quanto qualquer leitor.

Agora, sobre a produção da mensagem, existem horários estabelecidos pelos amigos espirituais.

A determinadas horas, temos sessões públicas, a determinadas horas temos encontros espirituais particulares para a formação de livros. Fico então sabendo que vamos ter esses encontros. Mas o teor da mensagem eu só conheço depois de recebida.


58 — Prova da reencarnação


P — Qual a maior prova concreta que Francisco Cândido Xavier aponta sobre a reencarnação?

R — A lógica para compreendermos a desigualdade no campo das criaturas humanas.

Por que é que uns renascem sofrendo em condições muito mais difíceis do que os outros? Não podemos admitir a injustiça divina! Deus é a justiça suprema. Portanto, nós devemos a nós mesmos a consequência dos nossos desajustes.

Se eu pratiquei um crime, se lesei alguém, é natural que não tendo pago a minha dívida moral, durante o espaço curto de uma existência, é justo que eu faça esse resgate em outra existência, porque de outro modo, compreenderíamos Deus como um ditador, distribuindo medalhas para uns e chagas para outros, o que é inadmissível.


Francisco Cândido Xavier

Emmanuel



[5] Entrevista realizada pelo repórter Realindo Jr., quando da visita do médium a Franca (SP), publicada pelo jornal “Comércio da Franca” a 22 de maio de 1971.


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