O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Irmã Vera Cruz — Mensagens familiares de Vera Cruz


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A planta da fé viva

1 Querida Milza, Deus nos abençoe.

2 Compreendo as suas dificuldades. Os alicerces de uma construção representam aquele setor mais difícil da obra a realizar em que todos os ângulos do serviço se fazem indagações que só o tempo conjugado ao trabalho consegue responder. Ainda assim, peço-lhe coragem e desprendimento de você mesma.

3 Aqui estão conosco o Eduardinho e a Norma, n companheiros das primeiras horas que nos emprestam os próprios corações para que nos apoiemos com segurança.

4 Não tema. Os seus recursos mediúnicos estão desabrochando com vigor, n de vez que a planta da fé viva em seu espírito sensível, jaz adubada por seu amor ao próximo. Não disponho de autoridade para formular indicações e conselhos, mas espero que você não recue, buscando, constantemente, o lugar dos obreiros fiéis do bem.

5 Acontece que a nossa casa de caridade, em Valinhos, já não é um simples ideal, porque tudo vai tomando forma e concretização, com o seu devotamento à Causa do Bem.

6 Rogo a você dizer à querida mãezinha Ambrosina, à nossa Cida e ao nosso Arnaldo que vamos prosseguindo nas diretrizes do começo. Observará você que não nos faltará o socorro do Senhor.

7 Espero que a nossa Cida venha igualmente trabalhar conosco. Decerto, existem aqueles companheiros, aí no mundo, dedicados especificamente à teorização dos fatos, no entanto, outros surgem para os fatos em si ou com a certeza de que o Senhor nos sustentará. n

8 Vamos seguindo para diante. Rogo a você explicar aos nossos amigos que o nosso objetivo não é separar e sim unir sempre. n

9 Por isso mesmo é que em nossa edificação predomina o espírito cristão por excelência, porque a dor não tem opinião religiosa, e o nosso refúgio se encaminha para a comunhão fraternal de todos os que amem a Jesus e queiram transportá-lo para as suas próprias vidas.

10 Aqui, na Espiritualidade, os caminhos são múltiplos e nem poderia ser de outro modo. Unamos os nossos companheiros quanto se nos faça possível, para entretecer a força de que carecemos para projetar Jesus no campo das consciências.

11 Agradeço quanto vem fazendo por nosso Maurinho, que hoje possui diversas mães ao invés de apenas uma. n Graças a Deus o nosso Arnaldo nos compreende, e tudo segue bem.

12 Entendo que o filho que o Senhor me confiou é uma pérola preciosa, mas precisamos saber que há filhos de outras mães, em posições mais graves, conclamando-nos ao serviço do bem, e não podemos esquecer-nos disso.

13 Objeções tê-las-emos e muitas, mas peço a você para que saibamos dissolvê-las em amor genuíno, qual nos ensinou o admirável Amigo de Assis. n

14 Desejo a todos os nossos muita saúde e paz, na caminhada do bem.

15 Diga à mãezinha e à Cida, especialmente, que não estamos a distanciar-nos da família, e sim ampliando-a na pauta dos ensinamentos de Jesus. Em nossas preces, trocaremos ideias sobre as tarefas em andamento, sem nos esquecermos dos problemas de nossa Márcia. n

16 Rogo ao Senhor reunir-nos os corações em Sua Paz. Agradeço ao nosso Eduardo e à nossa querida Norma a disposição espontânea com que nos deram cobertura ao presente encontro, e rogando a Jesus fortalecer-nos no caminho voluntariamente escolhido para a nossa marcha, peço-lhe receber todo o coração de sua irmã reconhecida,


Vera Cruz


O ESPÍRITO CRISTÃO POR EXCELÊNCIA


O autor destes apontamentos estava presente quando Vera Cruz transmitiu a mensagem a que demos o título de “A Planta da Fé Viva, a sétima da série, ao final da sessão pública do Grupo Espírita da Prece, na noite de 16 de fevereiro de 1979, em Uberaba, Minas.


1 — Eduardinho e Norma: Trata-se, respectivamente, do filho de D. Milza e sobrinho de Vera Cruz, e D. Norma Burin, amiga da família, ambos presentes durante a recepção da página mediúnica.


2 — “Os seus recursos mediúnicos estão desabrochando com vigor.” — De fato, D. Milza vinha, ultimamente, recebendo, de forma um tanto frenética, páginas e páginas atribuídas a Frei Zacharias e à irmã Vera Cruz, ostentando referências muito íntimas que chegavam a lhe despertar angústia por julgar fosse tudo aquilo fruto do seu próprio inconsciente.

O presente tópico da irmã desencarnada, trouxe-lhe conforto e alegria, vindo a compreender a necessidade da disciplina e do equilíbrio, antes de pensar na divulgação de qualquer das suas produções medianímicas, achando, aliás, absolutamente indispensável que todas sejam consideradas simples exercícios de médium iniciante.

Semelhantes ponderações são, a nosso ver, bastante justas, porque a maioria dos médiuns, tão logo recebem dos Espíritos desenfieixados do corpo físico ou dos que ainda permanecem no mundo, qualquer comunicado, se apressam em dar-lhe publicidade, de forma intempestiva e contrária ao critério de Allan Kardec, que sempre foi o de tudo passar pelo crivo da razão.

Já que estamos lavrando a seara franciscana, lembremo-nos de que ele mesmo, Francisco, adotou o método da universalidade dos ensinos, método esse adotado por Allan Kardec, seis séculos depois.

Vejamos, leitor amigo, a confirmação do que afirmamos, transcrevendo parte do Capítulo XVI de “I Fioretti” n:

“O humilde servo de Cristo, S. Francisco, pouco tempo depois da sua conversão, havendo já agrupado muitos companheiros, recebidos na Ordem, caiu em grande cisma, e em grande dúvida sobre o que devia fazer; sobre se devia entregar-se apenas à oração, ou algumas vezes à prédica: e sobre isso desejava muito saber a vontade de Deus; e como a santa humildade, que nele havia, não o deixava alimentar presunção sobre si mesmo, nem sobre as suas orações, pensou em procurar a divina vontade com as orações dos demais: por isso, chamou Irmão Masseo, e disse-lhe assim: Vai à Irmã Clara, e dize-lhe de minha parte que ela, com algumas das mais espirituais companheiras dirijam-se devotamente a Deus, para que Ele se digne mostrar-me o que será melhor; ou que eu me dedique à prédica, ou apenas à oração. E depois vai a Irmão Silvestre, e dá-lhe o mesmo recado. (…) Irmão Masseo partiu, e de acordo com as ordens de S. Francisco, deu o recado primeiro a Santa Clara, e depois a Irmão Silvestre. O qual, recebida a embaixada, incontinenti se pôs em oração, e orando teve a divina resposta, e, voltando-se para Irmão Masseo, disse assim: Deus diz que deves informar S. Francisco de que não o chamou a este estado somente por sua pessoa, mas a fim de que colha os frutos das almas, e de que muitas por ele sejam salvas. Obtida essa resposta, Irmão Masseo dirigiu-se a Santa Clara, a fim de saber o que obtivera de Deus; e ela respondeu que ela, e a outra companheira, tinham alcançado de Deus aquela mesma resposta que lhe dera Irmão Silvestre. Assim, voltou Irmão Silvestre a São Francisco; e S. Francisco o recebeu com grande caridade, lavando-lhe os pés, aprontando-lhe a refeição, e depois de comer, S. Francisco chamou Irmão Masseo à selva; e aí, diante dele se ajoelhou, tirou o capuz, fazendo cruz com os braços, e pediu-lhe: Que ordena que eu faça o meu Senhor Jesus Cristo? Irmão Masseo respondeu: Cristo respondeu, e revelou, a Irmão Silvestre, a Irmã Clara e sua companheira, que a sua vontade é que vás pelo mundo a pregar, porquanto ele não te escolheu por ti somente, mas também para salvação dos demais. E então S. Francisco, tendo ouvido esta resposta, e conhecida por ela a vontade de Jesus Cristo, se ergueu com seu imenso fervor, e disse: Vamos, em nome de Deus; e toma por companheiros Irmão Masseo, e Irmão Ângelo, homens santos.”


3 — “Decerto, existem aqueles companheiros, aí no mundo, dedicados especificamente à teorização dos fatos, no entanto, outros surgem para os fatos em si ou com a certeza de que o Senhor nos sustentará.” — A propósito, não nos esqueçamos de que Allan Kardec sempre ficava em guarda quanto aos irmãos entusiasmados demais, certo de que eles poderiam largar as tarefas de um momento para outro, com a mesma rapidez com que, entusiasmados, as abraçaram, anteriormente.


4 — “Rogo a você explicar aos nossos amigos que o nosso objetivo não é separar e sim unir sempre.” — A este respeito, vejamos o que disse Allan Kardec: “Numa palavra, o Espiritismo nada impõe a ninguém. Não se destina aos que têm fé, e a quem esta fé é suficiente, mas à numerosa classe dos inseguros e dos incrédulos. Não os afasta da Igreja, porquanto já estão dela moralmente afastados, de modo total ou parcial. Mas os leva a fazer três quartos do caminho para nela entrarem; cabe à Igreja fazer o resto.” n

A este trecho, o Professor J. Herculano Pires, hoje residente no Plano Espiritual, acrescentou a seguinte nota: “Algumas pessoas estranham esta passagem. Kardec apenas argumenta que o Espiritismo restitui a crença aos incrédulos e com isso os reaproxima da Igreja, o que é inegável. Sua frase final é bem clara: c’est à elle de faire le reste. Cabe a ela corresponder às aspirações religiosas dos conversos, de acordo com as suas disposições íntimas. Caso contrário eles tomarão outro caminho. A restituição da crença é o que interessa ao Espiritismo e não fazer prosélitos.”


5 — “Agradeço quanto vem fazendo por nosso Maurinho, que hoje possui diversas mães ao invés de apenas uma.” — A fim de que possamos comprovar que as mães sempre se preocupam com os filhos, sendo raras aquelas que chamam um filho de ex-filho (“agora, ele é dele mesmo”), qual faz a psicoterapeuta octogenária Barry Stevens, n ou céptica quanto aquela Mrs. Carr a que se refere o médium de voz direta independente Leslie Flint, n em sua obra Em Busca da Vida Após a Morte, vejamos em O Céu e o Inferno, de Allan Kardec, n onde se encontram as mensagens de pais e mães a se referirem aos próprios filhos, sendo justo considerar que um ex-membro da Sociedade Espírita de Paris e colocado por Kardec entre os Espíritos Felizes — J. Sanson, desencarnado a 21 de abril de 1862, evocado quando seu corpo ainda se encontrava na câmara mortuária (Cap. II da 2ª Parte), chega a afirmar: “Desejara poder falar a meus filhos, ensinar-lhes aquilo mesmo que sempre desdenharam acreditar. (…) Adeus; falai; coragem, confiança, e oxalá meus filhos possam converter-se a uma crença sacrossanta.”

Outro Espírito, Van Durst, antigo funcionário desencarnado em Antuérpia, em 1863, com oitenta anos de idade, faz a seguinte recomendação: “Dizei-o a meu filho tantas vezes quantas bastam para que se instrua e creia, porque, do contrário, a nossa separação continuará aqui.”

O Espírito da Viúva Foulon, desencarnada em Antibes, a 3 de fevereiro de 1865, que depois de desencarnada chegou a fazer previsões sobre a excelsa missão do Codificador, diz que à Terra viria, em Espírito, incumbida que estava de uma missão junto de seus filhinhos, concluindo assim a mensagem que endereçou aos filhos: “Voltarei, meus filhos, mas é preciso consolar a filha que de mim tanto precisa agora. Adeus, até breve. Eu vo-lo suplico por vós: crede na bondade divina. Até sempre.”

No Cap. III, da 2ª Parte — Espíritos em Condições Medianas —, expressivas são as palavras de Cardon, sobre os filhos (item 10), e as dirigidas a eles (item 12).

Eis o que afirmou, ao ser evocada no dia seguinte ao de sua desencarnação, o Espírito da Sra. Anna Belleville, que partira aos trinta e cinco anos de idade, após cruel enfermidade: “Confortai meu pobre marido e velai por meus filhos. Eu segui logo para junto deles, depois que desencarnei. (…) Hoje, compreendo a bondade e a justiça de Deus, conquanto me não encontre suficientemente adiantada para despreocupar-me das coisas da vida; meus filhos principalmente me atraem, não mais para amimá-los, porém para velar por eles, inculcando-lhes o caminho que o Espiritismo traça neste momento. Sim, meus bons amigos, eu tenho ainda graves preocupações, entre as quais avulta aquela da qual depende o futuro dos meus filhos.”

Que o próprio leitor, finalmente, possa reler a comunicação de Letil, na 2ª Parte — Cap. VIII (Expiações Terrestres) —, industrial que desencarnou em circunstâncias consideradas trágicas, em abril de 1864, e “que seria quase feliz” se não houvesse visto quase inconsoláveis a esposa e os filhos, e tristes os amigos.


6 — “Objeções tê-las-emos e muitas, mas peço a você para que saibamos dissolvê-las em amor genuíno, qual nos ensinou o admirável Amigo de Assis.” — Vejamos, mais uma vez, o que diz Tomás de Celano, n a respeito de Francisco:

“Como era bonito, atraente e de aspecto glorioso na inocência de sua vida, na simplicidade das palavras, na pureza do coração, no amor de Deus, na caridade fraterna, na obediência ardorosa, no trato afetuoso, no aspecto angelical! Tinha maneiras simples, era sereno e de trato amável, muito oportuno quando dava conselhos, sempre fiel a suas obrigações, prudente nos julgamentos, eficiente no trabalho e em tudo cheio de elegância. Sereno na inteligência, delicado, sóbrio, contemplativo, constante na oração e fervoroso em todas as coisas. Firme nas resoluções, equilibrado, perseverante e sempre o mesmo. Rápido para perdoar e demorado para se irar, tinha a inteligência pronta, uma memória luminosa, era sutil ao falar, sério em suas opções e sempre simples. Era rigoroso consigo mesmo, paciente com os outros, discreto com todos.”

Lembremo-nos, ainda, do que registrou o médium inglês Leslie Flint, em sua obra anteriormente citada n:

“Minhas ansiedades tomaram asas e lembrei-me de um aviso que me fora dado, há muito tempo, por um daqueles que me guiam e ajudam do outro lado da vida: “Você nunca terá tudo o que quiser”, disse ele, “mas durante todo o tempo em que servir com fé, será provido com tudo o que precisar.” Lembrei-me de quantas vezes a ajuda viera inesperadamente de alguma parte, exatamente quando era mais necessária e quando já estava prestes a me aproximar da descrença.


7 — Nossa Márcia: Trata-se da pediatra e sobrinha de Vera Cruz, filha do Sr. Hélio e de D. Milza, também já dedicada mãe de família, Dra. Márcia Camargo Franzesi.


A 20 de outubro de 1979, quando de sua última visita a Uberaba, D. Milza recebeu o seguinte recado de Vera Cruz, por intermédio do Espírito de Laurinho, servindo-se do lápis do médium Xavier n:

“A querida irmã Vera Cruz abraça a querida irmã de sempre, Milza, e pede-lhe transmitir muito carinho à mãezinha Ambrosina, a quem pede a bênção.”


“A igualdade diante da dor é uma sublime previdência de Deus, que quer que seus filhos, instruídos pela experiência comum, não cometam o mal argumentando com a ignorância dos seus efeitos.” — Cap. XVII, 7.


“Meus irmãos, distanciai-vos, pois, daqueles que vos chamam para vos apresentar as dificuldades do caminho, e segui aqueles que vos conduzem à sombra da árvore da vida.” Cap. XVIII, 16.


Elias Barbosa



[50] “I Fioretti” de São Francisco (seguidos do “Cântico do Sol”), pp. 79-81.


[51] Allan Kardec, O Espiritismo em Sua Mais Simples Expressão, in Iniciação Espírita, Traduções de Joaquim da Silva Sampaio Lobo e Cairbar Schutel, Revisão, apresentação e notas de J. Herculano Pires, Edicel, São Paulo, s/d., p. 22.


[52] Barry Stevens, Não Apresse o Rio (ele corre sozinho), Trad. de George Schlesinger, Summus Editorial Ltda. São Paulo, 2ª edição, 1978, pp. 98 e 349.


[53] Leslie Flint, Em Busca da Vida Após a Morte, Trad. de Alcides Nogueira Pinto, Editora Três, s/d., p. 177.


[54] Allan Kardec, O Céu e o Inferno, Trad. de Manuel Jurtiniano Quintão, 23ª edição (popular), FEB. Rio. 1976, pp. 177-178; 197; 211-214; 253-254; 258-259; 401-404.


[55] Tomás de Celeno, Vida de São Francisco de Assis, p. 54.


[56] Leslie Flint, Em Busca da Vida Após a Morte, p. 113.


[57] Priscilla P. S. Basile, Francisco Cândido Xavier e Espírito de Laurinho, Gaveta de Esperança, IDE, Araras (SP), 1ª edição. 1980. p. 137.


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