O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Jovens no Além — Familiares diversos — 3ª Parte


Jair Presente

Traços Biográficos

Nascimento: — Campinas, 10 de novembro de 1949.

Desencarnação: — Americana, 03 de fevereiro de 1974.

Filho de José Presente e Josefina Basso Presente.

Deixou uma irmã, Sueli Presente.


Algo de especial tocava o coração da família Presente, naquela manhã de domingo. O calendário anotava 3 de fevereiro de 1974…

Sueli, a irmã, mal controlava o desejo incontido de ir à Praia Azul, distante alguns quilômetros de Campinas, no município de Americana; a mãe, D. Josefina, acordara angustiada, servindo-se do socorro de tranquilizantes.

Na véspera, notificando os familiares de que iriam a um pesqueiro em Paulínia, às margens do Rio Atibaia, Jair Presente e seus amigos Carlos Roberto Ramos Fonseca e Sérgio Galgani, lá passaram a noite e, no domingo cedo, modificaram o programa, partindo — sem que em Campinas ninguém soubesse — para a Praia Azul, distante 30 quilômetros do pesqueiro.

Ao fim da manhã do domingo, as angústias e pressentimentos de Sueli e sua mãe, abalaram também o pai, Sr. José Presente, com a notícia do afogamento do jovem Jair, antes de completar 25 anos, nas águas da Praia Azul.

Jair Presente nasceu em Campinas a 10 de novembro de 1949. Filho de José Presente e de Josefina Basso Presente, antigos moradores da cidade, deixou também uma irmã — Sueli Presente, funcionária da Reitoria da Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP.

Fez os cursos primário e colegial, em Campinas, respectivamente nos seguintes estabelecimentos: Grupo Escolar Adalberto Nascimento, Colégio Salesiano, Liceu Nossa Senhora Auxiliadora e Colégio Estadual Barão de Ataliba Nogueira.

Em 1971, após brilhante vestibular, sendo aprovado em três faculdades de Engenharia — a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, a Escola de Engenharia de Itajubá e a Escola de Engenharia da Universidade Estadual de Campinas, optou pelo curso da UNICAMP.

Quando a morte o levou — ou em expressão sua, quando o trem da mudança o despejou no outro lado da vida — cursava o 4.º ano de Engenharia Mecânica na UNICAMP.

Alegre, jovial, aluno destacado, de atividades múltiplas, encontrava jeito para dividir seu tempo extra-curricular com o trabalho para o sustento, lecionando em colégios de Campinas, com os inúmeros cursos de extensão universitária e com os concursos, de que era pertinaz candidato. Pela rama, vamos lembrar alguns dos cursos e concursos que Jair fez e prestou, não obstante o exíguo tempo de estudante universitário.

— Curso Livre de Acústica para Engenharia, em 1971, no Centro de Ciências, Letras e Artes de Campinas;

— Curso de Extensão Universitária de Psicologia, em 1971, na Universidade Católica de Campinas;

— Curso de Formação Política Brasileira, em 1972, pela Prefeitura Municipal de Campinas;

— Curso de Supervisão de Pessoal na Indústria, em 1972, no SESI;

— IV Ciclo Paulista de Estudos sobre Marketing e Propaganda, em 1972, na Universidade Católica de Campinas, promovido pelo Instituto de Artes e Comunicações e pela Associação Paulista de Propaganda;

— Curso de Mecânica, em 1972, no SENAI;

— Curso de Pequena Licenciatura em Matemática, em 1972, na Universidade Católica de Campinas;

— Curso de Pequena Licenciatura em Física, em 1972, na Universidade Católica de Campinas;

— Curso de Usinagem Racional nos Processos de Torneamento e Frezamento, em 1973, no Centro de Tecnologia da UNICAMP.

Aprovado em concursos: Companhia Mogiana de Estradas de Ferro; Universidade Estadual de Campinas; Secretaria da Fazenda; Banco do Estado de São Paulo; Banco do Brasil.

Querido de toda Campinas, pela sua comunicação fácil, loquaz, dinâmico, cheio de vida, madrugava regularmente até às três ou quatro horas, estudando ou atualizando sua correspondência epistolar com amigos do Exterior.

Sua morte, deixou subitamente a família Presente diante de uma lacuna que sulcou de dor e sofrimento o coração do querido vendedor de frutas que, com sua banca no Largo do Rosário, conquistou a simpatia de tantos e tantos clientes. Foi essa amizade, nascida ao mais puro sentimento de respeito e apreço, que possibilitou ao Sr. José Presente reorganizar em nova têmpera seu lar combalido. Pouco mais de um mês após à partida de Jair, uma réstia de luz iluminou novamente aqueles três corações, aclarando-os em novas perspectivas de paz e trabalho…


COMO A FAMÍLIA PRESENTE TEVE NOTÍCIAS DO JAIR APÓS SUA MORTE


Como lembramos nas palavras anteriores foi a amizade espontânea do Sr. José Presente, pai do Jair, com os seus clientes que possibilitou o dealbar de uma nova vida para ele e familiares.

Embora aposentado, mantinha a entrega domiciliar de frutas para alguns de seus antigos clientes. Durante um mês, após a morte do Jair, o Sr. José permaneceu totalmente entregue ao desânimo, não trabalhando, entendendo que a partida do filho representava para ele também o fim de sua existência, que levava a custo, como se não houvesse mais sol a dissipar as brumas e o céu fosse constantemente escuro. Por insistência de sua esposa e de sua filha, após 30 dias assim passados, resolveu, em tentativa vacilante de reintegrar-se à vida, voltar a vender frutas.

Numa dessas visitas comerciais, a Sra. Wandir Dias, espírita, dirigente do Movimento Assistencial Espírita Maria Rosa, no Bairro do Grameiro, em Campinas, ao observar tanto abatimento no semblante do Sr. José Presente, inquiriu a ele o porquê de semelhante condição. Ao saber de toda a verdade, buscou entusiasmá-lo com os ensinamentos espíritas sobre a morte e ofereceu-lhe o livro “Presença de Chico Xavier”.

O Sr. José, de formação católica, como de resto toda a família, e sobretudo o filho querido, após a leitura da obra, entusiasmado, quis conhecer o Chico.

As observações da família foram inicialmente no sentido de que o Sr. José ainda se encontrava abatido, sendo oportuno evitar uma viagem a Uberaba, até que ele se recuperasse mais. No entanto, ninguém logrou demovê-lo do intento e, a 15 de março de 1974, 42 dias após a morte, de Jair Presente, seus familiares estavam em Uberaba, à procura de um entendimento com Chico Xavier.

As apresentações foram rápidas, sem maiores detalhamentos, pedindo apenas Sueli ao Chico que consolasse se possível, seu pai, tão abatido com a morte do filho.

Durante as realizações das tarefas mediúnicas, programadas para a noite, Chico recebeu comovente mensagem assinada, para surpresa de todos, por Jair Presente.


Caio Ramacciotti


Texto extraído da 5ª edição desse livro.

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