O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Militares no Além — Autores diversos


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Aqui guardamos também o patrimônio das ideias

14/04/1943


1 Meus caros filhos, que as bênçãos de Jesus felicitem a todos.
Volto hoje, meu prezado Aurélio, a confabular com você relativamente aos trabalhos justos. Notei que seu coração desejava outros esclarecimentos de minha parte e apresso-me a afirmar, meu filho, que os programas de serviço na Cruz merecem minha sincera simpatia, não somente no que se refere ao meu apoio individual, mas de quantos seguem de mais perto a nossa respeitável instituição. 2 Naturalmente que não poderia examinar com você, em sentido direto, os detalhes dos serviços e realização que temos por efetuar, mas creia que espiritualmente estarei particularmente ao seu lado, inspirando os seus esforços. Muita boa vontade para com todos, mas energia no leme!

3 Os verbos dirigir, orientar e governar implicam ação ativa e criteriosa. Não se dirige coisa alguma deixando-se governar por elementos estranhos aos objetivos do serviço que devemos realizar. Compreendo seus sacrifícios e trabalhos, porém, em substância, a felicidade pertence, em todas as ocasiões, aos que mais souberem entregar sentimento e pensamento ao trabalho construtivo.

4 Agradeci muito aos nossos maiores da Espiritualidade Superior a prece do nosso amigo aqui, na passada reunião. A concórdia depois da incompreensão é mais bela que a paz celeste após a borrasca forte. Enquanto você alinhava recordações, voltei, na imaginação, às dolorosas lutas do Sul, onde completei certo ciclo de resgate necessário. 5 A deserção de companheiros e de amigos, meu caro Aurélio, é uma dor das maiores, mas, por isto mesmo, a que experimentei não foi vã. Ao seu domínio, mal me apercebia de que me encontrava resgatando compromissos de alta envergadura, relativamente ao passado espiritual. Nossa tarefa, nossa harmonização de pontos de vista, não constitui obra de hoje, mas de muitas experiências sentidas e vividas em comum.

6 De sua conversação, destaquei o caso das bandeiras arquivadas na Cruz. Creio, meu caro, que o assunto está convenientemente esclarecido por si mesmo. Trata-se de um depósito efetuado por nossos maiores e só poderíamos dispor dele, isto é, conferir-lhe outro destino por imposição desses mesmos superiores. Desse modo, admito que o patrimônio se transfira à outra parte, mas por ordem superior, não por nossa iniciativa. 7 Aqui guardamos também o patrimônio das ideias, às vezes, intacto. Lembro-me, a propósito, de que certa vez, em outra existência que não cabe referência aqui, estávamos, tu, um amigo eclesiástico e eu, discutindo esse problema da vigilância em Espanha e chegamos à conclusão de que se o amor é bom a vigilância também é indispensável. 8 Chego a recordar-me de que, não satisfeitos com os nossos princípios humanos, consultamos o Evangelho e lá se nos deparou a passagem em que Pedro sacou da espada para enfrentar a situação, concluindo que o próprio Mestre mandou que o servidor guardasse a arma na bainha, mas não mandou inutilizá-la. 9 Semelhantes conceitos são lembrados por mim com prazer, como quem conversa na branda intimidade familiar. Imaginemos as noites de inverno: brasas acesas, calor doce no ambiente e nos corações, e as histórias do passado fluem do pensamento como os mananciais cristalinos que nascem espontaneamente da terra. 10 O velho mundo está em longo inverno espiritual há quase quatro anos! Muito frio nas almas, muita neve sobre os ideais! A permuta de pensamentos na esfera íntima não pede outras manifestações senão estas em que os espíritos se reconfortam para a continuação da jornada evolutiva. 11 Minha querida Julinha, faço minhas as palavras de sua mãe no tocante aos seus nobres trabalhos de irmã aos infortunados da sombra. Continue, querida filha! Formosa é a coroa reservada aos sinceros e devotados trabalhadores do bem! Voltando ao Rio, espero que se sinta sempre amparada pela sua fé, cheia de amor à caridade em Jesus. A passagem na Terra, minha filha, muito vale pelas experiências que sofremos, mas vale muito mais pelo bem que consigamos fazer. Deus a abençoe e proteja sempre. 12 Sobre as suas irmãs, subscrevo os conceitos de sua mãe. Estamos todos juntos, trabalhando pelo progresso geral. Não há motivos para desânimos, tristeza, reclamações. Nosso amor é de todos. Sempre que possível, aí estou a renovar os meus votos pela paz de todos e não avalia você, minha filha, quanto me conforta observar-lhe o coração de mãe mais tranquilo. Creio que você deva cuidar da reconstituição orgânica. 13 De volta, procure renovar as energias através de tônicos que o meu neto poderá indicar. n Zele pela saúde física, minha filha, que muito representa para o êxito necessário de nossos Espíritos eternos, quando em missões ou tarefas, entre paisagens transitórias da vida material. 14 Engracinha está aqui, abraçando-a, feliz! A nossa irmã Amélia cerca-os a todos, com irradiações de sua luz! n A sua sobrinha Dinari faz uma prece de louvor a Deus e é neste ambiente de felicidade e contentamento que grafo o ponto final. n

15 Adeus, meus filhos muito amados! Conceda o Senhor Jesus a cada um a justa compreensão do dever a cumprir, enchendo-lhes o espírito de luz e paz, e estará satisfeito o coração do pai que muito ama a todos.


Antoninho



[1] Notas da Organizadora: Em referindo-se a Armando Pêgo Amorim, um dos filhos do vôvo Aurélio, que era médico.


[2] Trata-se de Amélia Brandão Amorim, minha bisavó materna, mãe do vovô Aurélio.


[3] Dinari era sobrinha do vovó Aurélio. Desencarnou queimada, em decorrência da explosão de um fogareiro a álcool em que cozinhava.


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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