O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Novamente em casa — Familiares diversos


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Luiz Alli Fayrdin

São Paulo (SP) — 17 de fevereiro de 1959
Rio de Janeiro (RJ) — 02 de janeiro de 1977

Terceiro filho do casal Alli Fayrdin e Nair Fayrdin, Luizinho dividia o convívio familiar com as irmãs, Fátima e Sônia.

Aos seis meses de idade, em função de quadro infeccioso, surgiu-lhe como decorrência uma limitação motora, com severo prejuízo à deambulação, tendo com ela convivido até sua desencarnação, o que fez com grande estoicismo, evidenciando sua personalidade firme, seu espírito alegre e descontraído, cooperando com sua extraordinária figura humana para que o lar dos Fayrdin se constituísse num pouso de paz e harmonia.

Aos 15 de idade, submeteu-se a cirurgia neurológica, na esperança de que as dificuldades motoras fossem atenuadas, mas, desde então, complicações pós-operatórias, que exigiram mais duas intervenções, foram desfigurando a saúde de Luiz que passou por difícil calvário até sua libertação do corpo físico que ocorreu um mês antes de seus 18 anos, na Casa de Saúde São Sebastião, no Rio de Janeiro.

No rastro da saudade do filho extremoso e do irmão tão dedicado, ficaram a dor e a esperança que a irmã Sônia descreve com palavras candentes em nome dos pais e de Fátima.

Após o depoimento de Sônia Fayrdin, das inúmeras mensagens do Luizinho psicografadas pelo Chico, vamos apresentar a primeira, recebida dois anos e meio após sua partida.




A IRMÃ FALA DA EXPECTATIVA DO REENCONTRO


Os dias que se seguiram foram de agonia e desespero, arrastando-se lentamente. De concreto, havia a falta do ente querido que era o equilíbrio de toda a família.

Chegou-nos às mãos um exemplar do livro JOVENS NO ALÉM e, através de sua leitura, nasceu o anseio do reencontro com Luizinho.

Muitas viagens foram feitas a Uberaba, na expectativa de que através de Chico Xavier o Luizinho se manifestasse, até que em 16 de junho de 1979 aconteceu o primeiro e maravilhoso contato, com a revelação de fatos de que somente a família tinha conhecimento, na clara demonstração de que a vida continua…

O amor transcendeu a existência terrena, mantendo unidos pelo coração o filho e irmão querido com sua família. Mensagens sucederam-se com o correr do tempo e pudemos trocar a dor pela saudade, compreendendo, afinal, que o Luizinho não morreu, tendo, apenas, se libertado das limitações que lhe impunha o corpo material.




Mensagem


1 Querida mãezinha, estou feliz, pedindo a sua bênção.

2 Vejo a sua presença com a nossa querida Zizi n e me sinto esfuziante de alegria ao traçar-lhes estas notícias.

3 Sou trazido até aqui por amigos dedicados. Quem são? De nomes terrestres não sei, porque não pude reconhecê-los.
Para mim, agora, chamam-se tia Maria, tio Joaquim e irmão José, n no entanto, compreendo que são meus amigos e estou agradecido.

4 Noto que a minha recuperação está seguindo, gradativamente. Ainda não posso aguentar muitos pensamentos de uma só vez; preciso disciplinar as minhas próprias ideias e traduzi-las em palavras e frases.

5 Creio, por isso, não me permitem por enquanto, muitos exercícios de memória. 6 Posso, no entanto, participar que meu corpo adquiriu a harmonia que eu sonhava, meus pés estão perfeitos, meus braços bem postos e minha voz está fácil, tão fácil, como não poderia imaginar acontecesse.

7 Tenho a felicidade de contemplar os horizontes novos e viajar sem dificuldade, conquanto acompanhando instrutores que nos transmitem novos ensinamentos.

8 Sinto saudades, muitas saudades, mas peço a você, querida mãezinha, tanto quanto rogo às irmãs queridas, me perdoarem se digo que me vejo melhor aqui, onde os meus movimentos se libertaram.

9 Às vezes, penso que morei num casulo trancado e, depois, consegui sair dele, numa forma diferente, na qual me reconheço mais tranquilo e mais leve.

10 Agradeço, mãezinha, por todo o amor que a sua dedicação me proporcionou. Sei que pensam em mim também, nossa união era e é ainda completa. Minhas namoradas foram três: você, mamãe, e as irmãs queridas.  n

11 Conhecia o mundo pelo carinho que me doavam e aprendi na escola de paz e amor em que me receberam.

12 Hoje, em preces, rogo aos Mensageiros de Deus para que eu tenha recursos a fim de retribuir. Logo que as melhoras de meu mundo de expressão estiverem consolidadas, estou na certeza de que vou lhes ser útil, terei então os meios de trabalhar e cooperar na solução dos problemas de casa, como sempre desejei.

13 Ouço as preces com que me recordam e agradeço. Nossas saudades são feitas de lágrimas em que brilham os seus sentimentos, mamãe querida, e, por isso, nelas encontro maior claridade para iluminar-me por dentro.

14 Estou feliz com a possibilidade de entregar-lhes estas notícias do coração. Ainda não posso fazer muitas operações mentais, porque os amigos aqui me recomendam calma e paciência para reformar-me espiritualmente como devo; 15 por esta razão, ao escrever-lhes com limitações da memória, fico a imaginar que, sem saber, aí na Terra, temos em nós o pensamento fácil e ativo como sendo certa mágica que ninguém define com segurança.

16 Espero que um dia, lhes possa falar com desembaraço; hoje é só um pedaço do coração em forma de letras.

17 Receba querida mãezinha e querida Zizi, com todos os nossos, muitos abraços e beijos do filho muito agradecido e irmão de sempre.


Luizinho

16/06/1979.  



[1] Apelido carinhoso da irmã Sônia.


[2] Maria, Joaquim e José — avós Maria Ferreira da Silva, Joaquim Ferreira da Silva e José Andrezuka, desencarnados respectivamente em 1976, 1930 e 1959.


[3] Quando encarnado, assim Luizinho se expressava, com relação à genitora e às irmãs.


Caio Ramacciotti


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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