O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Novamente em casa — Familiares diversos


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Marcel Jivago de Faria França

Belo Horizonte(MG) — 06 de maio de 1972
Goiânia (GO) — 16 de dezembro de 1982

Filho de Romualdo França e Idéa de Faria França, Marcel Jivago faleceu em decorrência do mesmo acidente com veículo escolar, ocorrido na capital goiana, a 27 de outubro de 1982 e que levou de nosso convívio a Paulinha, cuja mensagem também apresentamos neste livro.

Tinha 10 anos completos e deixou três irmãos, Romêne, Bethina e Túlio. Outro irmão, José Edgard falecera em 1973, aos 14 anos.




TESTEMUNHO DA MÃE DE MARCEL JIVAGO


Senti Deus reinando novamente dentro de mim.
A mensagem passou a representar o testemunho do “Amor de Deus” e da “vida de meus dois filhos”. Agora sentimos que estamos separados apenas pela matéria.

Tenho o original em casa e uma cópia em minha mesa de trabalho. Nos dias em que a saudade se faz insuportável, recorro a ela como a um analgésico.

Para o pai, irmãos e familiares, a mensagem foi recebida com o mesmo carinho.

Membros da família e amigos diziam que esse filho era a menina dos olhos do pai, tamanha a afinidade que os unia. Quando regressamos de Uberaba com a mensagem, meu marido disse que Deus havia dobrado seus joelhos.

Abençoado Chico Xavier. Mensageiro de Deus entre mães e filhos desencarnados. Remédio de nossas dores. Exemplo de renúncia, humildade e amor.




Mensagem


1 Querida mãezinha Déa e querido papai, estou aqui, com o tio José Barbosa e com a vovó Deolinda n para dizer que vou indo bem.

2 No começo, o estrondo das máquinas me envolveu a cabeça e ignoro quantos dias estive numa espécie de sono no qual não conseguia mover-me, no entanto, ouvia tudo o que se falava junto de mim.

3 Queria saber alguma notícia do acontecido, entrar em contato com algum colega para saber precisamente que desastre fora aquele em que os meus pensamentos pareciam arrebentados.

4 Foi um conflito muito grande querer falar sem voz e andar sem apoio. Sentia-me estirado por cima de algum amparo que não compreendia…

5 Tempo enorme estive assim, como quem caíra em algum despenhadeiro de que não podia me afastar, até que um momento veio em que, através de uma nuvem ou de alguma neblina que me pareceu uma nuvem, vi um rosto risonho, irradiando uma paz que me acalmava.

6 Notei que os meus pensamentos se arrancavam do lugar em que estava detido e concentrando a minha atenção na figura que enxergava, escutei distintamente um chamado e uma intimação ao mesmo tempo:

7 “Venha e levante-se, Marcel. Agora chega de esperar, ignorando o que está acontecendo. Sou a sua avó Deolinda e, por isso mesmo, de algum modo, posso também ser outra mãe para você. A nossa Idéa e o nosso Romualdo não se oporão. Eles sabem que você já sofreu bastante e precisa descansar…”

8 Mamãe, a lembrança de casa me dominou e chorei. Estava entre duas forças, uma que me prendia, outra que me libertava….

9 A senhora e meu pai, o Túlio, a Romêne e a Bethina, os irmãos queridos me seguravam em pensamento, mas a energia que me retirava muito vagarosamente do lugar em que me achava, venceu todas as minhas vacilações…

10 Dormi nos braços protetores da vó Deolinda, à maneira de um passarinho que houvesse sofrido muito, depois de apedrejado, e encontrava, de novo, o ninho em que poderia repousar…

11 Despertei não sei após quanto tempo, e não foi difícil para mim conversar com o avô Romualdo, n com a vovó Deolinda e com o irmão José Edgard que eu não conhecia.
Não conhecia a ninguém mas era conhecido por eles e senti-me agradecido pelo bem que me estenderam.

12 Hoje, a vovó Deolinda me disse que a senhora estava com muita tristeza e muito receio de passar o próximo Dia das Mães sem nós todos juntos e me recomendou viesse até aqui para dizer ao seu coração que desejo ao seu carinho um Dia das Mães muito feliz.

13 Mamãe, não me acredite longe, porque, à medida que os dias se seguem uns aos outros, estou mais forte e posso com mais facilidade ir revê-los a todos.

14 Tenho visto a Paulinha e ambos conversamos sobre as novidades que nos aguardavam naquele dia em que havíamos comentado o Natal que se aproximava.

15 Queridos pais, sei que voltarei à escola daqui e prosseguirei estudando. Não posso ser fraco e nem rebelde. Meu pai sempre nos ensinou que a vida nos pede coragem com fé em Deus e que não devemos chorar demonstrando vacilação ou fraqueza.

16 Estou escrevendo, como se estivesse fazendo os meus exercícios da escola, mas hoje eu queria que Deus iluminasse o que escrevo para que os pais queridos se sintam contentes com o filho que foi remanejado de situação para continuar aprendendo…

17 Agradeço todos os recursos que me enviam e ofereço à mãezinha Déa as minhas flores pelo Dia das Mães.
Note, mamãe, que estão todas orvalhadas. São rosas sem espinhos do meu amor e do meu reconhecimento, que lhe alcançarão a alma querida pelo perfume que exalam, já que não posso torná-las visíveis…

18 Pai querido, com os meus irmãos, receba o meu carinho de sempre e a querida mamãe Déa fique com todo o meu coração de filho sempre agradecido, sempre o


Marcel

Marcel Jivago de Faria França.

29/04/1983.


[1] José Barbosa de Faria e Deolinda de Faria, já desencarnados.


[2] Romualdo França, falecido em 1917.


Caio Ramacciotti


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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