O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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O Evangelho por Emmanuel — Volume VII

Comentários às Cartas universais e ao Apocalipse.

Estrutura e temas das Cartas e do Apocalipse de João

1 João — Temas e versículos:


A encarnação do verbo da vida, 1.1 a 4.
Mensagem da luz, 1.5 a 7a.
Sobre o pecado, 1.7b; 2.2.
Guardar os mandamentos, 2.3 a 8.
O amor ao(s) irmão(s), 2.9 a 11.
Virtudes dos destinatários, 2.12 a 14.
Preservar-se do amor ao mundo, 2.15 a 17.
A última hora e os adversários do Cristo (anticristos), 2.18 a 26.
Fidelidade e perseverança, 2.27 a 29.
Amor de Deus para com os filhos, 3.1 a 3.
Pecado e transgressão à lei, 3.4 a 6.
Coerência de conduta, 3.7 a 10.
A mensagem do amor, 3.11 a 24.
Analisai o que vem dos Espíritos, 4.1 a 3.
Os falsos profetas, 4.4 a 6.
Exortação ao amor - Deus é amor, 4.7 a 17.
No amor não existe medo ou ódio, 4.18 a 20.
O mandamento do amor, 4.21 a 5.5.
Testemunhos sobre o Cristo, 5.6 a 12.
O motivo da carta e poder da intercessão, 5.13 a 19.
O entendimento dado por Jesus, 5.20.
Recomendação finai sobre os ídolos, 5.21.


2 João — Temas e versículos:


Saudação inicial, 1.1 a 3.
Alegria pelo comportamento dos filhos, 1.4.
Exortação ao amor, 1.5 e 6.
Cautela em relação aos enganadores, 1.7 a 11.
Desejo de ir visitá-la, 1.12.
Saudação final, 1.13.


3 João — Temas e versículos:


Saudação inicial, 1.1 a 4.
Exortação a que Gaio continue agindo corretamente, 1.5 a 8.
A rejeição de Diótrefes, 1.9 a 11.
A boa conduta de Demétrio, 1.12.
Desejo de ir visitá-lo, 1.13 e 14.
Saudação final, 1.15.


Apocalipse — Temas e versículos:


O tema do livro, 1.1 a 3.
Destinatários, 1.4.
Exaltação do Cristo, 1.5 a 8.
Preâmbulo, 1.9 e 10.
Primeira visão e ordenação 1.11 a 20.
Carta às sete comunidades, 2.1; 3.22.
A visão do trono e do que está por vir, 4.1 a 11.
A visão do livro e dos sete selos, 5.1 a 14.
A abertura dos seis primeiros selos, 6.1 a 17.
Os quatro anjos e o que marca os eleitos, 7.1 a 8.
Louvor, salvação e recompensas, 7.9 a 17.
A abertura do sétimo selo, os sete anjos e as sete trombetas, 8.1 a 5.
O toque das seis primeiras trombetas, 8.6; 9.21.
O livrinho devorado, 10.1 a 11.
As duas testemunhas, 11.1 a 13.
O toque da sétima trombeta, 11.14.
A mulher e o dragão, 12.1 a 6.
O conflito celestial, 12.7 a 12.
O conflito na terra, 12.13 a 16.
O conflito com os descendentes, 12.17.
A besta, 12.18; 13.10.
O falso profeta, 13.11 a 18.
As sete taças, 15.7; 16.17.
O julgamento da prostituta, 17.1 a 7.
Símbolos e visões explicadas, 17.8 a 18.
O anúncio da queda da Babilônia, 18.1 a 3.
Aviso aos povos, 18.4 a 8.
Lamentação sobre a Babilônia, 18.9 a 24.
Louvor de vitória e adoração, 19.1 a 10.
As sete visões, 19.11; 20.15.
Visão do novo céu e da nova terra, 22.5.
Epílogo, 22.6 a 15.
Pós-escrito, 22.16 a 21.


Datação e origem

As três cartas de João e o Apocalipse são textos, quase certamente, posteriores ao Evangelho de João. A se atribuir a autoria ao apóstolo ou não é que o período de composição pode se estender mais ou menos. Considerando-se tais textos como de João Evangelista, é preciso colocá-los entre o ano 95 e os primeiros anos do século II. Aqueles que rejeitam a autoria do apóstolo, estabelecem o começo do século II até o ano 145, aproximadamente, como o período de composição.

Enquanto o Apocalipse traz, no próprio texto, o seu local de redação, qual seja a ilha de Patmos, localizada no mar Egeu, as cartas não apresentam a mesma facilidade. Sabemos que João Evangelista viveu a maior parte do tempo, após o ministério de Jesus, na cidade de Éfeso. É, assim, provável que tais cartas tenham a sua origem nesta localidade e mesmo que se considerem que elas sejam obras de seguidores de João, também é igualmente plausível que esses seguidores vivessem nesta cidade, onde a influência do apóstolo teria sido maior.


Conteúdo e propósito das cartas

Enquanto a primeira carta de João, não só em extensão, mas também em temática, é muito mais ampla do que as duas demais, podemos encontrar nesses textos uma coerência, se não na totalidade conceitual, nas orientações que oferecem aos seguidores do Cristianismo, que não podem dissociar a reflexão da ação, o amor a Deus do amor ao próximo, a esfera espiritual da esfera material. Elas são um atestado de que, tanto nas grandes, como nas pequenas coisas do cotidiano, é possível agir de acordo com os preceitos de Jesus, encontrando o equilíbrio e praticando a caridade nas suas diversas expressões. Também indicam que, nas nossas relações, a preocupação com o outro, em suas características próprias, não pode ser ignorada. Cada qual possui um papel e uma posição, cabendo ao discípulo do Evangelho cooperar e servir, ajudar e amparar.


O Apocalipse

A palavra apocalipse adquiriu um conjunto de significados que se afastam enormemente do seu sentido original e conferem uma percepção atual que era desconhecida dos autores do primeiro século. A palavra grega αποκάλυψεις é normalmente transliteradas n para o português como apocalipse, sem que se estabeleça o seu sentido, que seria mais adequadamente expresso por meio da palavra revelação, sem o seu conteúdo místico. Apocalipse, no seu sentido original, significa retirar o véu que encobria algo, revelando, assim, o que antes estava oculto aos olhos do observador.

O período compreendido entre o segundo século antes de Jesus até o primeiro século da nossa era deu origem a uma forma literária que ficou conhecida como literatura apocalíptica, da qual o Apocalipse de João é o representante mais conhecido, embora esteja longe de ser o único. As suas raízes são encontradas principalmente no livro de Daniel no Antigo Testamento, em que a base argumentativa formal e simbólica dessa literatura são estabelecidas. É nesse livro que encontramos os sonhos e visões como fontes de revelação, a linguagem simbólica que precisa ser decifrada e o significado de diversos símbolos, que serão mais tarde utilizados nos textos apocalípticos, incluindo o Apocalipse de João. A linguagem, aparentemente hermética desse texto, começa a se revelar a partir do momento em que conhecemos o livro de Daniel, Ezequiel e o Antigo Testamento. Não é de se estranhar que as interpretações feitas por aqueles familiarizados com esse pano de fundo divergem tão profundamente daqueles que tomam o livro do Apocalipse sem conhecer essa origem.

A literatura apocalíptica tem, além de uma forma e uma base simbólica, um propósito muito claro. É uma literatura de esperança. Surgida em um período de opressão e domínio da Palestina, ela nasce com o propósito de demonstrar o absoluto controle de Deus sobre os eventos que se passam no mundo, incluindo-se os mais catastróficos e incompreensíveis e demonstrar que todos esses eventos estão compreendidos no Plano Divino que não se olvidou de sua promessa de estabelecer um Reino de Justiça e Amor. Tem, assim, o objetivo de fortalecer a fé e a esperança daqueles que passam por tribulações, revelando-lhes, por mais dolorosas que sejam as vicissitudes que lhes pesam sobre os ombros, Deus, que reserva um futuro glorioso para os que souberem cultivar o bem e manter-se firmes diante das tribulações. O medo é, assim, afastado e a criatura retoma o seu caráter de liberdade, confiante de que o futuro é construído não pela transitoriedade do mal, mas pela fé ativa e transformadora. Como nos diz Emmanuel, em Comentários ao Apocalipse, capítulo 2, versículo 10, mensagem “Nunca esmoreças”.

“Seja qual for a provação que te assinale o caminho, jamais esmoreças.

“Mantém-te na confiança em Deus e espera por Deus, trabalhando e servindo na edificação do bem de todos, tanto quanto isso se te faça possível, porque Deus também confia, esperando por ti.”



[1] Transliteração é o processo de representação dos caracteres de um idioma em outro, possibilitando em alguns casos a transferência da fonética de uma palavra do idioma de origem para o de destino, sem que com isso se tenha realizado uma tradução. (Nota da Editora.)


Saulo Cesar Ribeiro da Silva.


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