O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Parnaso de Além-Túmulo — Autores diversos


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Marta


Este Espírito não pôde ou não quis identificar-se. Aqui o incluímos, porém, de justiça, atenta a magnitude do seu estro.


Nunca te isoles

1 Nunca te isoles entre os mananciais da vida;
A vida é o eterno bem que nos foi dado,
Para que o multiplicássemos indefinidamente…
E a alma que se abandona,
Ao sofrimento ou ao bem-estar,
É um deserto sem oásis,
Onde outras almas sentem fome e sede.


2 Multiplicar a vida
É amar sem restrições
A flor, a ave, os corações,
Tudo o que nos rodeia.
Atenuar a dor alheia,
Sorrir aos infelizes,
Bendizer o caminho que nos leva
Da treva para luz;
Agradecer a Deus, que é Pai bondoso,
O firmamento, o luar, as alvoradas.


3 Ler a sua epopeia feita de astros,
Ter a bondade ingênua das crianças,
Tecer o fio eterno da esperança
Por onde se sobe ao Céu;
Dar sorrisos, dar luzes, dar carícias,
Dar tudo quanto temos,
Tudo isto é amar multiplicando a vida.
Que se estende infinita no Infinito.


4 Dar a lição de paciência se sofremos,
Dar um pouco de gozo se gozamos.
É guardarmos a semente
Da Vida
Em leivas verdejantes,
E a qual há-de nos dar
Sombras amigas para descansarmos.
Indumentos de flores perfumosas
E frutos aos milhares,
Para nutrir as nossas alegrias
Nos jardins estelares…




Unidade

1 Todos nós somos irmãos,
Porque os nossos Espíritos
São unos na essência…


2 Todos nós somos fragmentos
Da mesma luz gloriosa e eterna
Da sabedoria inescrutável
Do Criador,
Cujas mãos magnânimas e misericordiosas
Espalharam com abundância
Nas vastidões imensuráveis do éter,
Infinitas e esplendorosas,


3 Terras e almas,
As quais no divino equilíbrio do Amor
Buscam a perfeição indefinida.
Todos nós somos irmãos,
Porque nutrimos indistintamente
A mesma aspiração do Belo e do Perfeito,
O mesmo sonho,
A mesma dor na luta
A prol da redenção.


4 Espiritualmente,
Somos filhos de um só Pai.
Somos as frondes que se interpenetram
De uma só árvore genealógica,
Cuja raiz insondável
Está no coração augusto de Deus,
O qual, por uma disposição inexplicável,
Encerra em si
Todos os mundos,
Todas as almas,
Todos os seres da Criação!


5 Fazei, pois, da Terra
O caminho comum da vossa salvação,
Porquanto, mais além
Das fronteiras planetárias,
Vivereis dentro de sagrados coletivismos,
Sem egoísmos,
Na suprema unidade
De aspiração para a felicidade.




No Templo da Morte

1 O templo da morte tem portas incontáveis,
Como incontáveis são as almas humanas,
E infinitos seus estados de consciência.


2 Pela porta escura do remorso,
Um dia penetrou os seus umbrais
Uma alma que regressava da Terra.
Lá dentro,
Em nome do Senhor de todos os latifúndios do Universo,
Pontificava o Anjo da Justiça.


3 «Anjo Bom! — Disse-lhe a alma súplice, —
Eu tenho a minhalma coberta de feridas cancerosas!
Cura-me as chagas purulentas do remorso…
Tenho os meus olhos vendados
E uma treva incomensurável na consciência!
Apaga os meus atrozes padeceres!…»


4 «Filha, — respondeu compassivo, —
Para sanar tão estranhas feridas,
Tão amargos pesares,
Só há um recurso:
Volta à Terra!
Lá existe o Regato das Lágrimas,


5 Banha-te nas suas águas cristalinas;
Elas serão o teu bálsamo consolador
E curarão a tua cegueira…
Estás na escuridão absoluta
Pela ausência da luz, do bem na tua alma!
Mas o Anjo da Dor irá contigo;
Ele há-de te guiar através das sirtes do mar encapelado dos sofrimentos,
E te conduzirá ao lugar bendito onde existem as lágrimas salvadoras!…»
E a pobre regressou…
Conduzida pela Dor,
Banhou-se na água lustral dos tormentos,
Submergiu-se no regato encantado, de cuja fonte límpida promana a Salvação.


6 E depois de haver percorrido
Tão tortuosos caminhos,
Inçados de perigos
E de dores amargas,
Reconheceu o luminoso Anjo da Dor…
E nos seus braços magnânimos e compassivos,
Penetrou no templo misterioso da morte
Pela porta maravilhosa da Redenção.




Jesus

1 Jesus foi na Terra
A mais perfeita encarnação do Amor Divino.
E ainda hoje,
Nos dias amargurados que transcorrem,
É para a Humanidade
A promessa da Paz,
O manto protetor
Que abriga os aflitos e os infelizes,
O pão que sacia os esfomeados das verdades eternas,
A fonte que desaltera todos os sofredores.


2 Apegai-vos a Ele, cheios de confiança!


3 Ele é a misericórdia personificada,
O Jardineiro Bendito
Que jorra no coração
Dos transviados do caminho do Bem,
As sementes do arrependimento
Que hão-de florir na Regeneração
E frutificar na perfeita felicidade espiritual.
Ouvi a sua voz
No silêncio da consciência que vos fala
Do cumprimento austero
De todos os deveres cristãos!
E um dia
Descansareis reunidos,
Ligados pelos liames inquebrantáveis
Da fraternidade além da morte,
À sombra da árvore luminosa
Das boas ações que praticastes,
Longe das lágrimas
Do orbe obscuro,
Dos prantos e das provações remissoras!…




Lembra-te do Céu


1 És uma estrela caída
Sobre os pauis da Terra…
Acima de todas as coisas transitórias,
Que se desfazem como as neblinas aos beijos leves do Sol,


2 És alma em ascensão para Deus.


3 A tua inteligência e o teu sentimento
São fulcros de luz imperecível,
Que constituem os atributos maravilhosos da tua imortalidade.
Porque te abates e desanimas sob os aguilhões da carne perecível?
Contempla o Alto,
Se a fraqueza te envolve em seus tentáculos.
E sentirás uma carícia branda,
Misteriosa, doce, suave,
Que promana
Do empíreo constelado
Para todas as almas que oram,
Que sonham e choram,
Buscando Deus,

— A bússola das suas mais caras esperanças!


4 Quando sofreres,
Busca aspirar esse aroma divino
E tua alma sofredora
Sentir-se-á envolta na beleza,
No eflúvio peregrino
Que mana fartamente
Dos espaços imensos!…
Na amargura e na dor,
Lembra esse dia que te espera
Na indefinível primavera
Gloriosa de amor.




Ao pé do altar

1 Eu vivia no Claustro,
Na sombra silenciosa dos mosteiros.


2 Mas um dia,
Quando as penitências mortificavam
O meu corpo alquebrado e dolorido
E a oração
Era o conforto do meu coração,
Disse-me alguém:


3 «Minha filha,
Juraste fidelidade só a Deus,
Mas se entrevês os Céus
E as suas maravilhas,
Se tens a Fé mais pura,
A Esperança mais linda,
Não te esqueças que a Caridade,
O anjo que nos abre as portas da Ventura,
Não permanece
No recanto das sombras, do repouso;
Se ama a prece e a pureza,
Não faz longas e inúteis orações:
Ela é a serva de Deus
E as suas preces fervorosas
São feitas com as suas mãos carinhosas,
Que pensam no coração da Humanidade
Todas as chagas abertas
Pelo egoísmo…
Está sempre em meio às tentações
Para vencê-las,
Esmagá-las com o Bem,
Destruí-las com Amor.
A solidão da cela é um crime;
Não te retires, pois, do mundo.
Darás a Deus, sem reserva, a tua alma
Amando o próximo,
Que contigo é seu filho dileto.
Será um hino constante subindo aos Céus;
Sê a mãe desvelada,
A irmã consoladora,
A companheira terna
De todos aqueles que te rodeiam
Na estrada longa dos destinos comuns;
Sê a abnegação e a bondade serena,
E a tua Fé
Será um hino constante subindo aos Céus;
A tua esperança em Deus
Será dilatada,
Para que vislumbres as felicidades celestes
Que esperam os justos na Mansão da Alegria…


4 Meu corpo não resistiu
Aos cilícios que o martirizavam
E minhalma tomada de emoção
Abandonou-o, brandamente,
Atraída pela Verdade,
Desprezando o repouso e a soledade,
Sonhando com a luz do trabalho
Em outras vidas benfazejas;
Porque a verdadeira paz de espírito
É conquistada
No seio das lutas mais acerbas,
Dos mais rudes pesares.
E só a dor que nos crucia
Ou a dor que consolamos,
— Somente a Dor em sua essência pura
Nos desvia da amarga desventura,
Purificando os nossos corações
Na conquista das altas perfeições.




Mãe das mães

1 Maria
É a Mãe piedosa
De todas as mães resignadas e sofredoras.
É a consolação
Que se derrama puríssima
Sobre os prantos maternos,
Vertidos na corola imensa das dores;


2 É o manto resplandecente
Que agasalha os corações das mães piedosas,
Amarguradas e infelizes,
Que orvalham com lágrimas benditas
As flores do seu amor desvelado,
Espezinhadas pelo sofrimento,
Fustigadas pelo furacão da desgraça, atropeladas pelo mal,
Perseguidas pelo infortúnio
No sombrio orbe das lágrimas e das provações.


3 Todas as preces maternas
Ascendem aos Espaços
Como um doloroso brado de angústia a Maria;
E a rosa sublime de Nazaré
Escuta-as piedosamente,
Estendendo os seus braços tutelares
Às mães carinhosas e desprotegidas;
E bastam os eflúvios do seu amor sacrossanto
Para que as consolações se derramem
Cicatrizando as feridas,
Balsamizando os pesares,
Lenindo os padeceres
Das mães desoladas, que encontram nela
O símbolo maravilhoso de todas as virtudes!…


4 Ao seu olhar compassivo,
Pulverizam-se os rochedos do mal
Do oceano da vida de desterro e de exílio,
Para que o Brigue da Esperança,
Com as suas velas alvas e pandas,
Veleje tranquilamente,
Buscando o porto esperado com ânsia,
Da salvação das almas que sofreram
Nos torvelinhos do mundo,
Como náufragos de uma tormenta gigantesca.
Que não se perderam no abismo das águas tenebrosas
Do mar da iniquidade,
Porque se apegaram
À âncora da Fé.


5 Maria é o anjo, pois,
Que nos ampara e guia em nossa cruz;
Levando-nos ao Céu, cheia de piedade e comiseração
Pelas nossas fraquezas.
Ela é a personificação do amor divino
No vale das sombras e das amarguras,
E sendo o arrimo de todas as criaturas.
É, sobretudo,
A Virgem da Pureza
— Mãe das mães.


Marta (?)



[As mensagens: Jesus; Lembra-te do céu; Nunca te isoles e Unidade foram publicadas também em 2010 pela editora VL na 3ª Parte do livro “Chico Xavier: O Primeiro Livro” e encontram-se devidamente relacionadas no Anexo A.]


Texto extraído da 6ª edição desse livro. — Revista e ampliada pelos autores espirituais.

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