O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Páginas de gratidão.

Títulos de Cidadania concedidos a Francisco Cândido Xavier.

Título de Cidadão Araguarino

(Araguari - MG. 31 de março de 1973.)

Ante a generosa Resolução da Câmara Municipal de Araguari, conferindo-nos a honrosa cidadania de nossa Terra, aprovada que foi a propositura de meu benfeitor e amigo, Ex.mo Vereador Sr. Jofre Alves Martins, compreendi a honra com que me brindastes a pequenez.

Júbilo e responsabilidade misturaram-se dentro de mim. E confesso-vos que tenho orado pedindo a Jesus me faça digno da vossa confiança.

Estamos nesta noite, em Araguari, não apenas para receber o título honorífico que me concedestes, mas, igualmente, a fim de agradecer-vos. Afirmo-vos, no entanto, que debalde procuro em mim palavras adequadas para isso.

Quando as grandes emoções explodem no campo de nossa alma, as lágrimas, embora contidas, varrem o nosso território mental, ocultando as tentações de nosso mundo íntimo, à feição de chuva benéfica.

Quisera trazer-vos, neste momento, braçadas de alegrias em flores de reconhecimento, flores dignas da vossa grandeza. Mas, tão somente de modo pálido consigo mostrar-vos os sentimentos profundos de gratidão e de respeito que me vibram no espírito, rogando a Deus vos recompense a bondade para com este vosso apagado servidor.

Reconheço que homenageais nesta noite a Doutrina Espírita à Luz do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, já que me observo em total desvalimento para recolher-vos o elevado galardão.

Quisestes, Amados Patrícios Araguarinos, queridos conterrâneos, acentuar ainda mais a vossa benignidade, convidando a mim, o último dos últimos companheiros das fileiras espíritas, para demonstração de vossa benemerência, sem mérito algum para corresponder-vos à generosidade.

Sinto-me, nesta hora, à maneira de um cabide inferior, ostentando a dourada legenda da vossa magnanimidade para com o edifício de trabalho e fé viva, fraternidade e bênção que os companheiros espíritas-cristãos edificaram nesta cidade.

Qualquer deles, ou melhor, todos eles ocupariam com muito mais propriedade o lugar em que me encontro agora, à frente de vós outros, para que lhes apusésseis na fronte o selo de vosso espírito magnânimo. Dentre eles, os companheiros espíritas.

Lembramos, recordamos com veneração os pioneiros de ontem, como sejam: os Srs. Pedro Rodrigues Moreira, Franklin Theodoro, Antônio Correntino, João de Paula Cançado.

Dentre os muitos companheiros militantes de hoje e sempre, rogo permissão para destacar os Srs. João Moutinho e Adolfo Carísio, Naftali Guimarães Naves, Urbano Teodoro Vieira e sua digna esposa, Dona Ondina Moutinho Vieira, Joaquim Floriano Lemos, Dona Isolina de Melo Moreira, João José de Souza, Dona Noêmia Teodoro e tantos outros construtores do Cristianismo Redivivo, para os quais rogo o consentimento da Egrégia Edilidade Araguarina, a fim de transferir simbolicamente os louros desta hora.

Devo explicar à coletividade araguarina que os nossos amigos de ideal e trabalho em Jesus, Nosso Senhor, desejaram que esta solenidade fosse marcada para este dia, em comemoração ao centésimo quarto aniversário da desencarnação de Allan Kardec, o Sistematizador, o Codificador do Espiritismo Evangélico, da Doutrina Espírita, cujo nome pronuncio respeitosamente.

No entanto, por outro lado, rogo aos companheiros espíritas em particular para saudarmos a nossa formosa cidade de Araguari pela passagem do octogésimo nono aniversário de instalação da Vila que lhe precedeu à categoria de cidade, nas festas do dia 31 de março de 1884, nos termos da Lei Provincial nº 2.996, de 19 de outubro de 1882.

Politicamente estava, definitivamente, desmembrado o mais soberbo diamante das riquezas do município de Bagagem, o tesouro de cultura e bondade, inteligência e trabalho, solidariedade humana e progresso, de que se constituiria, para nós todos, a progressista cidade de Araguari da atualidade.

É com muita emoção que, diante da Egrégia Edilidade Araguarina do ano de 1973, repetimos que nossos pensamentos enternecidos se voltam para os primeiros legisladores de Araguari, aqueles mesmos que nos deram as bases legais de 1884, quais sejam: Os senhores, Coronel José Rodrigues da Cunha, então presidente da Câmara Municipal e primeira autoridade do Executivo de Araguari, Elias Rodrigues Peixoto Carrijo, Justino Monteiro de Araújo, João Rodrigues Peixoto Sobrinho, Coronel Lindolfo Rodrigues da Cunha, Herculano José de Siqueira, Joaquim Caetano Alves, Querubino dos Santos e tantos outros que se levantaram por esteios e luzes da vossa e da nossa formação político-social.

A eles devemos, por justiça, com inteira justiça, o nosso reconhecimento e o nosso respeito indestrutíveis.

Neste ponto de minhas palavras inexpressivas, ouso ampliar as minhas lembranças em dimensões mais profundas.

Quando exercia as minhas atividades de modesto funcionário do Ministério da Agricultura, tive a honra de conhecer em Barbacena o nosso grande pensador e escritor católico de Araguari, Dr. Geraldo França de Lima, brilho e dignidade das letras pátrias, em seu acendrado amor por tudo que represente o Brasil Central.

Muitas vezes, tive ocasião de endereçar-lhe perguntas com respeito à cidade de Araguari, suas tradições, sua história, sua gente.

O distinto escritor araguarino não somente me respondia quanto ao que eu desejava saber, com o cavalheirismo que lhe exorta a personalidade, como também me apresentou, nas exposições pecuárias barbacenenses, vários amigos de sua infância.

Um deles, a quem interroguei sobre as formações primitivas da vida araguarina, distinto sitiante na região de Paracaíba, informou-me com bondade haver-se informado em sua meninice que, efetuando a divisão de várias sesmarias no Brasil Central, o Sr. Comissário de Sesmarias, Major Antônio de Resende Costa, acompanhado de assessores e auxiliares, certo dia, de determinada eminência do Pico de Araras, divisou, surpreendido, luminosa região sobrevoada por verdadeiras legiões de pássaros verdes que chilreavam paz e alegria, lembrando lençóis de esmeraldas resplendentes, flâmulas vivas que estivessem anunciando um mundo novo.

Maravilhado, o valoroso sertanista pediu que semelhante gleba fosse destacada e, entendendo que a terra sob seu olhar estava destinada a um grande destino, consagrou-a a Nosso Senhor Jesus Cristo, sob a autoridade da Igreja Católica. E fez mais: mandou erigir a primeira capela dedicada ao Senhor Bom Jesus nas antigas terras de Araguari.

E, mais tarde, no recinto do Templo, ele mesmo, acompanhado de sua gente, orou suplicando a Deus para que abençoasse o povoado nascente e dele fizesse um recinto de trabalho e de paz, de alegria e de amor, dentro da solidariedade humana de progresso e de cultura.

O arraial, o antigo arraial do Senhor Bom Jesus, de 1840, com a bênção de Deus, transformou-se na Metrópole Surpresa, na Cidade Simpatia, que nós todos admiramos e veneramos em Araguari da atualidade. Na luz dessas recordações, e não desejando tomar-vos mais tempo, agradeço em nome dos nossos companheiros espíritas de Araguari e, em meu próprio nome, a honrosa cidadania que nos foi concedida pelo Poder Legislativo da nossa querida e formosa cidade.

Agradeço, não apenas ao Ex.mo Sr. Prefeito Municipal de Araguari e ao Ex.mo Sr. Presidente da Câmara Municipal de Araguari, as palavras abençoadas que pronunciaram, agradecendo a eles e aos moradores que se fizeram ouvir nesta solenidade, comovendo-nos profundamente o coração, já que essas homenagens são devidas, na essência, a Nosso Senhor Jesus Cristo, à Doutrina Espírita Cristã e aos nossos companheiros espíritas evangélicos de Araguari.

Agradeço as alegrias que me foram proporcionadas pela generosidade da Banda Mirim de Araguari e às distintas solistas que se fizeram ouvir ao piano, encantando-nos neste ambiente de paz e de alegria. E rogo a todos os companheiros espíritas presentes, para reverenciarmos em pensamento, em nossa condição de espíritas evangélicos, a memória dos grandes católicos e grandes cristãos que edificaram as bases da maravilhosa cidade que hoje nos acolhe e de cujas vantagens usufruímos, pedindo perdão à Comunidade Araguarina pela omissão de nomes ilustres.

Rogo o consentimento de todos para homenagear, com nosso reconhecimento, figuras inesquecíveis de Araguari, como sejam: o Reverendo Padre José Lafaiete de Godói, o consolidador da estabilidade política e social de Araguari; o Reverendíssimo Cônego Pedro Pezzutti, o inesquecível orientador espiritual.

A excelsa Educadora Madre Maria Blandina; as Ex.mas Sr.as Dona Mariquinha Godói e Maricota Santos, heroínas de beneficência; os médicos distintos e inolvidáveis, Dr. Ciro Palmerston e Dr. Alberto Moreira, e tantos outros; o coronel Teófilo de Godói, o idealizador da Pecuária Araguarina; os grandes educadores; os grandes legisladores de Araguari.

E, por fim, desejo reverenciar também, com extremado carinho, a memória do nosso grande jornalista, Líbano Galante, que recentemente nos deixou, em se transferindo, com a bênção de Deus, para a Pátria Espiritual.

A eles todos devemos as bases cristãs que nos fizeram os lares felizes.

A todos eles, que lutaram e sofreram para que os princípios de Nosso Senhor Jesus Cristo imperassem sobre nossos corações e sobre as nossas vidas, unindo-nos extremadamente para que resistíssemos a todos os assaltos das trevas do materialismo e nos conservássemos íntegros em nossa fé. A todos eles a nossa devoção e nosso reconhecimento.

E, para terminar, com nosso profundo reconhecimento a todas as autoridades presentes, a todos os amigos de Araguari, a todos aqueles que vieram prestigiar esta solenidade, a todos os que cooperaram para que nós recebêssemos, nós, os espíritas, pelo último dos últimos lugares, este honorável título de cidadania araguarina.

A todos nosso muito obrigado. Que Deus ilumine cada vez mais a nossa cidade de Araguari e que ela possa continuar brilhando, sempre e sempre, por estrela de cultura e bênção de progresso.

E, para finalizar, em homenagem à cidade, em homenagem aos amigos presentes, tomo a liberdade de repetir, saudando Araguari, os últimos versos do glorioso “Hino a Araguari”, de autoria de nosso inspirado e distinto poeta Abdalla Momeri:

Avante minha gente, rumo à Glória,

Formosos são teu povo e tua história.

Em ti, tudo sorri.

Deus te abençoe os passos para a frente.

Sonha, canta e labuta bravamente,

Ó minha, ó nossa grande e bela Araguari!

Caio Ramacciotti

Organizador   


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