O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Palavras sublimes — Autores diversos


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Penitência

I


1 Primavera, verão, outono e… quando
Veio o inverno, nevando-me os cabelos,
Ah, meus dias! Quisera revertê-los
À meninice que passei sonhando.


2 Lá fora sussurrava o vento brando
Embalando-me os últimos desvelos…
Em minh’alma, torturas e atropelos
Das dúvidas cruéis correndo em bando!


3 Faz-se no coração a noite escura,
Cresce o quadro da angústia, o frio investe…
É a romagem de fel à sepultura!


4 Depois, sob a folhagem do cipreste,
Surge a voz da verdade, clara e pura,
Indagando, serena: — Que fizeste?


II


1 E eu que negava a Deus, e eu que não cria
Houvesse vida além dos meus clamores,
Fui jogado a tufões arrasadores,
Cactos da dor em charcos da agonia!


2 Desventurado náufrago sem guia,
Debati-me entre monstros e pavores!
Ó poderoso Pai dos pecadores,
Salva os filhos da dúvida sombria!


3 Perambulei pelos infernos torvos,
De coração gemente e alma intranquila,
Corvo a grasnar entre sinistros corvos…


4 Até que um dia, ó paz, o céu se anila!
É a luz de Deus que eu bebo a longos sorvos,
Rastejante e feliz para servi-la!


João Batista da Silva n



P S.: Meu amigo trabalhe pela fé vitoriosa no coração humano quanto seja possível ao seu esforço. O ateu é doente grave. A necrose da alma é muito mais perigosa que a gangrena do corpo. Ajude os infelizes filhos da sombra a cobrarem energias, em favor de si mesmos. É necessário que o sol da crença visite esses espíritos enregelados que se perderam no frio polar da ciência negativista. Ganhe patrimônios de serviço, que eu perdi por teimosia e cegueira. Ainda me sinto pobre, miserável e frágil, mas conte sempre com a amizade sincera do Batista.



Reformador — Julho de 1947.


[1] Segundo consta do original, João Batista da Silva foi farmacêutico e clínico humanitário, musicista e poeta mineiro do final do século XIX. Ateu desde a juventude, desencarnou aos 75 anos no mais absoluto ceticismo religioso. Manifestou-se psicograficamente por meio de Chico Xavier na noite de 20 de maio de 1947 durante sessão de preces na residência de uma enferma, ditando o soneto e o post-scriptum acima, dirigidos a Ismael Gomes Braga, que tinha relação de amizade e de parentesco com o Espírito comunicante. e que estivera presente à sessão.


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