O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Sementeira de luz — Mensagens familiares do Prof. Arthur Joviano (Neio Lúcio) e outros


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Procurando o caminho mais certo

25|10|1944


1 Meus caros filhos, que Deus abençoe a vocês, concedendo-lhes muita paz aos corações.

2 Nossa oração participa da calma sublime da natureza. As vozes humanas, em sentido discordante, pairam agora mais longe. Ouvem-se, tão somente, os anseios dos nossos amigos menores, que estamos aprendendo a amar e respeitar cada vez mais. Eles também oram e conversam com o Pai. Falam, em sons que lhe são peculiares, de suas grandes e abençoadas esperanças, e se pudessem sentir como sinto agora interpretariam com mais exatidão estes harmoniosos ruídos do exterior.

3 Bem-aventurado seja o Senhor, que nos concedeu a lâmpada nova e acendeu-a para a nossa infinita e divina comunhão com a Sua obra! O que realizarmos com semelhante luz estará edificado para sempre! Felizes de nós que estamos procurando o caminho mais certo, com o coração iluminado de fé e esperança! Que o Pai nos ajude a prosseguir sem obstáculos de nós mesmos para que a jornada nos seja sempre serena e feliz.

4 Relativamente ao nosso estimado Clóvis, tudo temos feito para que a luta seja menos intensa e a provação, menos amarga. O presente será sempre uma colheita do passado, como o presente é a semeadura do porvir. Quiséramos aplainar todas as dificuldades, resolver todos os problemas, sanar todas as dores e enxugar as lágrimas que há um ano rolam dos olhos daqueles aos quais amamos tanto! Contudo, se temos podido cooperar, não nos foi possível interferir na Justiça Eterna!

5 A dor, porém, meus filhos, será sempre proveitosa e beneficente, ainda que nos amarfanhe os corações toda vez que nos ajustarmos ao sentido da eternidade que nos rege os destinos!

6 Somos eternos e a nossa alma é filha da Luz Imortal! Tenhamos, pois, coragem e prossigamos. Se há pretérito a resgatar, há futuro por semear. Deixemos que a sombra se perca ao longe e não lhe cultivemos as sementes caprichosas. Transformemo-nos em Cristo para alcançarmos uma nova vida!

7 Temos acompanhado, meu caro Rômulo, seu interesse pelo amigo adquirido de algum tempo a esta parte.  n Ele é bem digno de estima, consideração e amizade, e em tempo algum de sua existência foi tão oportuno o contato com os assuntos propriamente espirituais. Não podemos acreditar em fácil renovação, nem devemos esperar crescimento imediato dos pequeninos germes de ideia nova, evangelicamente falando. Os envoltórios ali, naquele continente espiritual, são ainda muito densos, mas não devemos esquecer que sementes de trigo guardadas no Egito antigo germinaram com êxito na atualidade. De qualquer modo, é sempre útil plantar o bem e cultivá-lo, seja onde for.

8 Confidencialmente, porém, meu filho, e já que nos encontramos em “fala familiar”, posso dizer que você tem visitado Nero, que hoje procura transformar as fogueiras do circo em fornos de serviço, onde o pão e o trabalho, a luz e a educação construtivos se façam para todos. É um belo espírito, consagrado ao amor das antiguidades clássicas, embora conserve os traços vivos dos gozos pessoais, taxados à conta de indispensáveis na experiência humana. Todavia, é também um amigo que penetra presentemente em fase muito aguda de sofrimentos morais, porque precisava vencer os companheiros mal-avisados de outro tempo, a fim de possibilitar a continuação do próprio trabalho, de ordem coletiva. Cercam-no verdadeiros cipoais, que lhe põem à prova a capacidade espiritual. Pedimos a Deus que conceda a ele forças para não trair os compromissos firmados no Além. Aliás, semelhantes auxílios só lhe poderão atingir o círculo pessoal de maneira muito indireta e em absoluto silêncio verbal. Segundo observa você, a vida continua e os dramas não terminam com a mudança dos atos chamados “existência” e “morte”. É necessário muito tempo para que a alma se liberte. Muito tempo e muito serviço próprio.

9 Boa noite para vocês todos.

Prossigo trabalhando mais intensamente pelo Roberto. Esperemos.

Rogando a Jesus pela paz de vocês, abraça-os, com muito afeto, o papai muito amigo,


A. Joviano



[1] Nota da organizadora: refere-se ao Dr. Louis Ensch, nascido em Luxemburgo, em 1885. Ensch diplomou-se pela Escola Politécnica de Aix-La-Chapelle, em 1920. Começou sua carreira como contramestre na Fábrica de Aço da Usina de Burbach, da Arbed, chegando a engenheiro-chefe dos altos-fornos e tornando-se um respeitado siderurgista na Europa. Chegou ao Brasil em novembro de 1927 para encerrar as atividades da usina da Belgo-Mineira em Sabará - Minas Gerais, e para fomentar novos negócios na região, com a implantação, em 1935, de uma nova usina em João Monlevade. Nesta cidade mineira, Dr. Louis Ensch proporcionou a construção de 1,8 mil residências, abriu ruas e implantou sistemas de saneamento básico (água, energia elétrica, esgoto sanitário, pavimentação), além do Hospital Margarida e de várias escolas. Trabalhou na Belgo-Mineira durante 26 anos e ocupou o cargo de diretor-geral. Desencarnou em 9 de setembro de 1953, em seu país natal, mas foi sepultado, segundo seu desejo, em João Monlevade, próximo à usina que ele construiu.


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