1 Querida mãezinha Elena e querido papai, peço a Deus que nos proteja e nos abençoe.
2 Este bilhete em forma de carta é para assinalar a minha alegria com os sorrisos de meu pai, depois da tempestade de dor sob a qual estivemos por muito tempo.
3 Papai amigo, a morte não extingue a presença e o companheirismo, e por isso seu filho continua sendo o mesmo. Agora que a nossa querida Arlete formou novo estado com o matrimônio, peço-lhes, ao senhor e à mamãe, não se confiarem a qualquer ideia de solidão. Estamos trabalhando com o nosso ideal de servir e ainda sou o companheiro até mesmo de nossos gratos amigos.
4 Envio à Lete e ao Antonio o meu abraço de parabéns. Em breve, espero que a mãezinha Elena tenha suficiente coragem para desarmar o meu quarto (perdoem esse “meu” que já não tem razão de ser) e consiga preparar algumas lembranças para os nossos irmãos de Pirapitingui. O Instituto não é distante. É só uma corrida ligeira na direção de Itu, e muita alegria será plantada. O vovô Simeão e eu estamos enviando muito amor à querida Babunha. n
5 Querida mamãe e meu caro papai, por hoje é só. A mensagem é curta, mas a saudade é grande e o amor é sempre maior. Um abraço de muito carinho e de muita gratidão do filho e companheiro sempre mais agradecido,
Elcinho
(4/4/1980)
COMENTÁRIOS
Nesta pequena carta enviada por Elcio, podemos notar o toque pessoal de que se reveste, sendo também interessante de se reparar o modo natural pelo qual se dirige à família, parecendo que ele ainda se encontra no corpo da carne.
Trata-se, portanto, do estágio espiritual alcançado por Elcinho, liberto do apego material, mas ainda extremamente ligado à família terrena.
Pela terceira vez, o jovem insiste na presença da mãe em Pirapitingui, ao que esta acede e hoje realiza obra social de valor na localidade; já que sentiu que, além de fazer a felicidade do filho, estaria auxiliando pessoas realmente carentes e marginalizadas socialmente.
A partir de então, D. Elena promove visitas regulares de grupos de 40 a 50 pessoas ao local, dando assistência material e espiritual aos hansenianos da região de Itu.
Por ocasião do Natal, já se tornou tradição a festa que promove juntamente com a Caravana da Fraternidade “Jésus Gonçalves”, já citada em outro capítulo deste livro.
E, em se falando de caridade, seria de bom alvitre lembrar aqui uma das frases basilares cunhadas por Allan Kardec, o Codificador da Doutrina Espírita: “Fora da Caridade não há Salvação”, ( † ) frase esta em que estão resumidos todos os deveres do homem que pretende chegar a Deus, pois não se pode chegar a Ele sem amar e praticar a caridade com seu próximo.
Para completar este capítulo, diremos com o Espírito luminar de Irmã Candóca:
Eduardo Carvalho Monteiro
“A caridade é a nossa abençoada tenda de luz, edificada em toda parte onde existe alguém que clama por auxílio e compreensão”.
Candóca (Pdc)
(Páginas do Coração, ED. Lake)