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EPM — Estudo e Prática da Mediunidade

PROGRAMA I — MÓDULO DE ESTUDO Nº III
FUNDAMENTAÇÃO ESPÍRITA — MEDIUNIDADE. OBSESSÃO. DESOBSESSÃO.

Roteiro 3


As manifestações mediúnicas de efeitos visuais


Objetivos específicos: Esclarecer o que é mediunidade de vidência e de clarividência. — Explicar como essas duas faculdades podem se manifestar.



SUBSÍDIOS


Vidência é a faculdade mediúnica de ver Espíritos, estando o médium acordado em vigília. Realmente, de […] todas as manifestações espíritas, as mais interessantes, sem contestação possível, são aquelas por meio das quais os Espíritos se tornam visíveis. (3)

No entanto, os Espíritos nem sempre podem manifestar-se visivelmente, mesmo em sonho, apesar do desejo que se tenha de vê-los. O impedimento pode estar ligado a […] causas independentes da vontade deles. Frequentemente, é também uma prova, de que não consegue triunfar o mais ardente desejo. (4) É sabido, porém, que, em situações em que os laços materiais se afrouxam, em uma doença, por exemplo, é mais fácil ver Espíritos. (5)

 Clarividência é a faculdade mediúnica de ver com detalhes não apenas os Espíritos, mas cenas do Plano espiritual. A percepção, via clarividência, é mais aprofundada. A pessoa entra em transe, permanecendo, mesmo que por breve tempo, em estado sonambúlico. Nesse estado, parcialmente desprendida do corpo ela adquire uma espécie de dupla vista, isto é, vê o que ocorre no plano espiritual e os acontecimentos à distância, no Plano físico.

No […] caso de visão à distância, o sonambúlico não vê as coisas de onde está o seu corpo, como por meio de um telescópio. Vê-as presentes, como se se achasse no lugar onde elas existem, porque sua alma, em realidade, lá está. Por isso é que seu corpo fica como que aniquilado e privado de sensação, até que a alma volte a habitá-lo novamente. (*) Essa separação parcial da alma e do corpo constitui um estado anormal [incomum] suscetível de duração mais ou menos longa porém não indefinida. Daí a fadiga que o corpo experimenta após certo tempo, mormente quando aquela se entrega a um trabalho ativo [no Plano espiritual]. A vista da alma ou do Espírito não é circunscrita e não tem sede determinada. Eis por que os sonâmbulos não lhe podem marcar órgão especial. Veem porque veem, sem saberem o motivo nem o modo, uma vez que, para eles, na condição de Espíritos, a vista carece de foco próprio. Se se reportam ao corpo, esse foco lhes parece estar nos centros onde maior é a atividade vital, principalmente no cérebro, na região do epigastro,  †  (**) ou no órgão que considerem o ponto de ligação mais forte entre o Espírito e o corpo. O poder da lucidez sonambúlica não é ilimitado. O Espírito, mesmo quando completamente livre, tem restringidos seus conhecimentos e faculdades, conforme ao grau de perfeição que haja alcançado. Ainda mais restringidos os tem quando ligado à matéria, a cuja influência está sujeito. É o que motiva não ser universal, nem infalível a clarividência sonambúlica. (1) Essas informações constituem regra geral, porque existem exceções que serão motivo de estudos posteriores.

(*) Na verdade, a alma não abandona totalmente o corpo.

(**) Epigastro, melhor dito, epigástrio = região superior do abdome.  † 


Kardec nos explica que […] no estado de desprendimento em que fica colocado, o Espírito do sonâmbulo entra em comunicação mais fácil com o outros Espíritos encarnados, ou não encarnados, comunicação que se estabelece pelo contato dos fluidos que compõem os perispíritos e servem de transmissão ao pensamento, como o fio elétrico. O sonâmbulo não precisa, portanto, que se lhe exprimam os pensamentos por meio da palavra articulada. Ele os sente e adivinha. É o que o torna eminentemente impressionável e sujeito às influências da atmosfera moral que o envolva. (2)

Fato digno de nota é que o vidente e o clarividente, além de verem Espíritos e o mundo espiritual, também possuem, em geral, a faculdade de audiência. O Espírito André Luiz nos esclarece que […] os olhos e os ouvidos materiais estão para a vidência e para a audição como os óculos estão para os olhos e o ampliador de sons para os ouvidos — simples aparelhos de complementação. Toda percepção é mental, […] o médium é sempre alguém dotado de possibilidades neuropsíquicas especiais que lhe estendem o horizonte dos sentidos. (10) […] Ainda mesmo no campo de impressões comuns, embora a criatura empregue os ouvidos e os olhos, ela vê e ouve com o cérebro, e, apesar de o cérebro usar as células do córtex para selecionar os sons e imprimir as imagens, quem vê e ouve, na realidade, é a mente. (11) Assim, nos fenômenos de vidência, quem vê é a alma. É uma percepção além dos sentidos humanos. (6)

Está entendido que a faculdade de ver Espíritos, como todas as faculdades mediúnicas, diz respeito às propriedades do perispírito. O médium dispõe de recursos físicos [orgânicos] para ver Espíritos porque esta disposição foi impressa pelo perispírito, que serviu de molde ao seu corpo físico. (7)

Como toda faculdade mediúnica, a vidência é passível de desenvolvimento, se exercitada. Mas, segundo nos esclarecem os Espíritos da Codificação, […] ver Espíritos, em geral e permanentemente, é algo excepcional e não está nas condições normais do ser encarnado. (8) Um cuidado especial que se deve ter em relação à faculdade de vidência, sobretudo quando esta se manifesta inicialmente, diz respeito à imaginação que, por vezes, é bastante fértil. (8) É importante considerar, também, que o médium pode estar vendo formas ideoplásticas projetadas do mundo físico ou do mundo espiritual. Por outro lado, se o desenvolvimento do médium ocorre de maneira equilibrada, se o médium principiante faz parte de um grupo sério, bem estruturado tanto do ponto de vista doutrinário quanto do da moral, os benfeitores espirituais não permitem que o iniciante nas tarefas mediúnicas tenha todas as potencialidades medianímicas desabrochadas. É que isso poderia conduzi-lo ao desequilíbrio psíquico, emocional e físico. (9)

Em síntese, podemos chegar à seguinte conclusão, com referência às faculdades mediúnicas de vidência e de clarividência:

1. Todas as pessoas encarnadas podem ver Espíritos por meio do sono.

2. Os médiuns videntes veem Espíritos no estado de vigília ou sob transe superficial.

3. Os médiuns videntes podem ver imagens mentais.

4. Os médiuns clarividentes veem os Espíritos encarnados e desencarnados, o mundo espiritual e acontecimentos diversos, sob forma de segunda vista, em estado de sonambulismo ou de desprendimento parcial do corpo físico.

5. Os Espíritos Superiores, ao promover o desenvolvimento das faculdades de vidência, de clarividência e de audiência dos médiuns, dosam suas percepções para não desequilibrá-los.



Referências Bibliográficas:

1. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 84. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Questão 455, p. 240-241.

2. Idem, ibidem - p. 241.

3. Idem - O Livro dos Médiuns. Tradução de Guillon Ribeiro. 73. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Capítulo VI, item 100, p. 130.

4. Idem, ibidem - Item 100. Pergunta 15, p. 134.

5. Idem, ibidem - Pergunta 16, p. 135.

6. Idem, ibidem - Pergunta 20, p. 136.

7. Idem, ibidem - Perguntas 21 a 23, p. 136-137.

8. Idem, ibidem - Pergunta 26, item a, p. 137.

9. XAVIER, Francisco Cândido. Nos Domínios da Mediunidade. Pelo Espírito André Luiz. 31. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Capítulo 12, (Clarividência e clariaudência) p. 124-125.

10. Idem, ibidem - p. 126.

11. Idem, ibidem - p. 127.


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