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ESDE — Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita — Programa Complementar

Módulo III — O Fenômeno da Intercomunicação Mediúnica

Roteiro 3


Finalidades e mecanismos das comunicações mediúnicas


Objetivo Geral: Dar condições de entendimento do fenômeno mediúnico sob a ótica espírita.

Objetivos Específicos: Identificar as finalidades das comunicações mediúnicas, assinaladas por Allan Kardec. — Explicar os mecanismos das comunicações mediúnicas.



CONTEÚDO BÁSICO


  • O fim providencial das manifestações é convencer os incrédulos de que tudo para o homem não se acaba com a vida terrestre [Plano físico], e dar aos crentes ideias mais justas sobre o futuro. Allan Kardec: O Que é o Espiritismo. Capítulo II, item 50.

  • Na compreensão dos mecanismos do intercâmbio mediúnico devemos destacar o papel exercido pelo perispírito e pela mente, a questão da sintonia e a influência moral.

  • Por meio do perispírito é que os Espíritos atuam sobre a matéria inerte e produzem os diversos fenômenos mediúnicos. […] Allan Kardec: Obras Póstumas. Primeira parte — Manifestações dos Espíritos, item 13.

  • A […] mente permanece na base de todos os fenômenos mediúnicos. André Luiz: Nos Domínios da Mediunidade. Capítulo 1, p. 13.

  • Em mediunidade […] não podemos olvidar o problema da sintonia. Atraímos os Espíritos que se afinam conosco, tanto quanto somos por eles atraídos […]. André Luiz: Nos Domínios da Mediunidade. Capítulo 1, p. 17.

  • A faculdade mediúnica independe da moral. O mesmo, porém, não se dá com o seu uso, que pode ser bom, ou mau, conforme as qualidades do médium. Allan Kardec: O Livro dos Médiuns, Capítulo XX, item 226.




SUGESTÕES DIDÁTICAS


Introdução:

  • Dar a conhecer o assunto e os objetivos da aula.

  • A seguir, dizer aos participantes que é prática generalizada — entre as pessoas que desconhecem a Doutrina Espírita, ou a conhecem superficialmente — procurar médiuns, espíritas ou não, na busca de soluções para os seus problemas de ordem material.

  • Propor-lhes, então, a seguinte pergunta:

    — Como explicar esta prática, tendo em conta as palavras de Kardec: As manifestações não são […] destinadas a servir aos interesses materiais; sua utilidade está nas consequências morais que delas dimanam […]?

  • Para essa atividade, utilizar a técnica do cochicho e o recurso do quadro / transparência.

  • Ouvir as respostas, tecendo breves comentários, fazendo observações relevantes.


Desenvolvimento:

  • Comentar brevemente o assunto do item 1 dos Subsídios — Finalidades das comunicações mediúnicas — envolvendo os alunos, tanto quanto possível.

  • Solicitar aos participantes que leiam silenciosamente, o item 2 dos Subsídios — Mecanismos das comunicações mediúnicas.

  • Após a leitura, dividi-los em três grupos e solicitar-lhes que expliquem, por escrito:

    Grupo 1. O papel do perispírito nas comunicações mediúnicas;

    Grupo 2. O papel da mente nas comunicações mediúnicas;

    Grupo 3. Sintonia mediúnica.

  • Proceder à apresentação dos trabalhos, de tal forma que, após cada exposição, os dois outros grupos tenham oportunidade de contribuir com sugestões, observações, comentários pertinentes. Cabe ao monitor fazer os ajustes que se fizerem necessários.


Conclusão:


Avaliação:

  • O estudo será considerado satisfatório, se os participantes responderem corretamente à pergunta proposta no início da aula, e explicarem, de modo satisfatório, os mecanismos das comunicações mediúnicas, constantes dos Subsídios.


Técnica(s):

  • Exposição; leitura; cochicho; trabalho em grupo.


Recurso(s):

  • Subsídios deste roteiro; quadro / transparência; papel e lápis.



 

SUBSÍDIOS


1. Finalidades das comunicações mediúnicas

O fim providencial das manifestações é convencer os incrédulos de que tudo para o homem não sé acaba com a vida terrestre [Plano físico], e dar aos crentes ideias mais justas sobre o futuro. Os bons Espíritos nos vêm instruir para nosso melhoramento e avanço e não para revelar nos o que não devemos saber ainda, ou o que só deve ser conseguido pelo nosso trabalho. (11) As manifestações não são, pois, destinadas a servir aos interesses materiais; sua utilidade está nas consequências morais que delas dimanam; não tivessem elas, porém, como resultado senão fazer conhecer uma nova lei da Natureza, demonstrar materialmente a existência da alma e sua imortalidade, e já isso seria muito […]. (12)

A possibilidade de nos pormos em comunicação com os Espíritos é uma dulcíssima consolação, pois que nos proporciona meio de conversarmos com os nossos parentes e amigos, que deixaram antes de nós a Terra. Pela evocação, aproximamo-los de nós, eles vêm colocar se ao nosso lado, nos ouvem e respondem. Cessa assim, por bem dizer, toda separação entre eles e nós. Auxiliam-nos com seus conselhos, testemunham-nos o afeto que nos guardam e a alegria que experimentam por nos lembrarmos deles. Para nós, grande satisfação é sabê-los ditosos, informar-nos, por seu intermédio, dos pormenores da nova existência a que passaram e adquirir a certeza de que um dia nos iremos a eles juntar. (4)

As comunicação mediúnicas têm outra finalidade: […] mostrar o estado futuro da alma, não mais em teoria, porém na realidade. Põem-nos diante de todas as peripécias da vida de além-túmulo. Ao mesmo tempo, entretanto, no-las mostram como consequências perfeitamente lógicas da vida terrestre e, embora despojadas do aparato fantástico que a imaginação do homem criou, não são menos pessoais para os que fizeram mau uso de suas faculdades. (5) Na verdade, o […] que faz nascer na mente de muitas pessoas a dúvida sobre a possibilidade das comunicações de Além-Túmulo, é a ideia falsa que fazem do estado da alma depois da morte. Figuram ser ela um sopro, uma fumaça, uma coisa vaga, apenas apreensível ao pensamento, que se evapora e vai não se sabe para onde, mas para lugar tão distante que se custa compreender que ela possa tornar à Terra. Se, ao contrário, a considerarmos ainda unida a um corpo fluídico, semimaterial, formando com ele um ser concreto e individual, as suas relações com os viventes [encarnados] nada têm de incompatível com a razão. (10)


2. Mecanismos das comunicações mediúnicas

2.1 O papel exercido pelo perispírito

Sabemos que os Espíritos encarnados e desencarnados […] têm um corpo fluídico, a que se dá o nome de perispírito. Sua substância é haurida do fluido universal ou cósmico, que o forma e alimenta […]. O perispírito é mais ou menos etéreo, conforme os mundos e o grau de depuração do Espírito. (2) Nas comunicações mediúnicas desempenha papel fundamental por ser o […] órgão de transmissão de todas as sensações. Relativamente às que vêm do exterior, pode-se dizer que o corpo recebe a impressão; o perispírito a transmite e o Espírito, que é o ser sensível e inteligente, a recebe. Quando o ato é de iniciativa do Espírito, pode dizer se que o Espírito quer, o perispírito transmite e o corpo executa. (3) Durante a comunicação mediúnica o perispírito do médium capta os fluidos do Espírito comunicante que pode lhe provocar sensações, boas ou más, conforme o grau evolutivo do Espírito. Estas sensações e percepções variam, em tipos e graus, porque […] depende da organização [perispiritual] e da maior ou menor facilidade com que se pode operar a combinação dos fluidos. Influi também a maior ou menor simpatia do médium para com os Espíritos que encontram nele a força fluídica necessária. (6) Atuando esses fluidos sobre o perispírito, este, a seu turno, reage sobre o organismo material com que se acha em contacto molecular. Se os eflúvios são de boa natureza, o corpo ressente uma impressão salutar; se são maus, a impressão é penosa. (1)


2.2 O papel exercido pela mente

O médium é um intérprete do pensamento e da vontade dos Espíritos que se comunicam por seu intermédio, assim […] como é preciso um fio elétrico para comunicar à grande distância uma notícia e, na extremidade do fio, uma pessoa inteligente, que a receba e transmita. (8) Usa, portanto a mente, para conhecer as intenções e as ideias do Espírito comunicante. Examinando, pois, os valores anímicos como faculdades de comunicação entre os Espíritos, qualquer que seja o plano em que se encontrem, não podemos perder de vista o mundo mental do agente e do recipiente, porquanto, em qualquer posição mediúnica, a inteligência receptiva está sujeita às possibilidades e à coloração dos pensamentos em que vive, e a inteligência emissora jaz submetida aos limites e às interpretações dos pensamentos que é capaz de produzir. (14) Está, pois, a mente […] na base de todas as manifestações mediúnicas, quaisquer que sejam os característicos em que se expressem. […] Procederam acertadamente aqueles que compararam nosso mundo mental a um espelho. Refletimos as imagens que nos cercam e arremessamos na direção dos outros as imagens que criamos. E, como não podemos fugir ao imperativo da atração, somente retrataremos a claridade e a beleza, se instalarmos a beleza e a claridade no espelho de nossa vida íntima. (15)

Conjugando a ação do perispírito e a da mente podemos, então, perceber os fluidos ambientais, e os dos Espíritos que nos cercam, e entrar em sintonia com eles, captando-lhes as intenções, sentimentos, vontade e ideias. Este é o mecanismo básico das comunicações mediúnicas.


2.3 Sintonia mediúnica

A sintonia mediúnica se faz por meio da ligação da mente do Espírito comunicante à mente do médium. O Espírito André Luiz esclarece que durante a comunicação mediúnica forma-se um circuito mental que […], dessa maneira, expressa uma “vontade-apelo” e uma “vontade-resposta”, no trajeto de ida e volta, definindo o comando da entidade comunicante e a concordância do médium, fenômeno esse aplicável tanto à esfera dos Espíritos desencarnados, quanto à dos Espíritos encarnados, porquanto exprime conjugação natural ou provocada nos domínios da inteligência, totalizando os serviços de associação, assimilação, transformação e transmissão da energia mental. Para a realização dessas atividades, o emissor e receptor guardam consigo possibilidades particulares nos recursos do cérebro, em cuja intimidade se processam circuitos elementares do campo nervoso, atendendo a trabalhos espontâneos do Espírito, como sejam, ideação, seleção, autocrítica e expressão. (13) Importa considerar que durante o intercâmbio mediúnico, o médium está […] às vezes, num estado, mais ou menos acentuado, de crise [transe]. (7) Dessa forma, a sintonia mediúnica é apenas uma das etapas do transe, obtida por meio da concentração e utilizando duas importantes ferramentas: o pensamento e a vontade.



Referências Bibliográficas:

1. KARDEC, Allan. A Gênese. Tradução de Guillon Ribeiro. 47 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Capítulo XIV, item 18, p. 285-286.

2. Idem - Obras Póstumas. Tradução de Guillon Ribeiro. 36. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Primeira Parte, Capítulo I, item: O perispírito como princípio das manifestações, p. 44-45.

3. Id. - Item 10, p. 45.

4. Idem - O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 86. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005, questão 935, p. 433-434.

5. Id. - Questão 973, p.451-452.

6. Idem - O Livro dos Médiuns. Tradução de Guillon Ribeiro. 74. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Capítulo IV, item 74, pergunta XIX, p. 97.

7. Id. - Capítulo19, item 223, pergunta 1, p. 268.

8. Idem, ibidem - Item 223, pergunta 6, p. 270.

9. Id. - Capítulo XX, item 226, pergunta 1, p. 283.

10. Idem - O Que é o Espiritismo. 51. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Capítulo II (Noções Elementares de Espiritismo), item 23. Comunicação com o mundo invisível, p. 158.

11. Id. - Item 50: Fim providencial das manifestações espíritas, p. 168-169.

12. Id. - Item 53, p. 169-170.

13. XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. Mecanismos da Mediunidade. Pelo Espírito André Luiz. 24. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Capítulo 6 (Circuito Elétrico e Circuito Mediúnico), item: Conceito de circuito mediúnico, p. 59-60.

14. XAVIER, Francisco Cândido. Nos Domínios da Mediunidade. Pelo Espírito André Luiz. 31. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Capítulo 1 (Estudando a Mediunidade), p. 16.

15. Idem, ibidem - p. 17-18.


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