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ESDE — Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita — Programa Complementar

Módulo V — Da Prática Mediúnica

Roteiro 1


Qualidades essenciais ao médium


Objetivo Geral: Dar condições de entendimento da prática mediúnica.

Objetivos Específicos: Citar as qualidades essenciais ao médium e identificar as imperfeições que os afastam dos bons Espíritos. — Analisar as qualidades que o médium espírita deve desenvolver para merecer a assistência dos benfeitores espirituais.



CONTEÚDO BÁSICO


  • A mediunidade séria não pode ser e não o será nunca uma profissão […]. Allan Kardec: O Evangelho segundo o Espiritismo. Capítulo XXVI, item 9.

  • O médium espírita deve: Esquivar se à suposição de que detém responsabilidades ou missões de avultada transcendência […]. Silenciar qualquer prurido de evidência pessoal na produção desse ou daquele fenômeno. […] Ainda quando provenha de círculos bem-intencionados, recusar o tóxico da lisonja. […] Fugir aos perigos que ameaçam a mediunidade, como sejam a ambição, a ausência de autocrítica, a falta de perseverança no bem e a vaidade com que se julga invulnerável. […] André Luiz: Conduta Espírita. Capítulo 4.

  • Ora, a primeira condição para se granjear a benevolência dos bons Espíritos é a humildade, o devotamento, a abnegação, o mais absoluto desinteresse moral e material. Allan Kardec: O Evangelho segundo o Espiritismo. Capítulo XXVI, item 8.

  • As qualidades que, de preferência, atraem os bons Espíritos são: a bondade, a benevolência, a simplicidade do coração, o amor do próximo, o desprendimento das coisas materiais. […] Allan Kardec: O Livro dos Médiuns. Capítulo XX, item 227.




SUGESTÕES DIDÁTICAS


Introdução:

  • Apresentar, no início da reunião, o assunto do roteiro e seus objetivos realizando breves comentários a respeito.

  • Explicar que o tema será apresentado por meio de uma exposição, ao final da qual os participantes terão oportunidade de fazer perguntas.


Desenvolvimento:

  • Fazer uma exposição detalhada do conteúdo do roteiro, usando os recursos disponíveis: cartazes / transparências / multimídia.

  • Em seguida, abrir espaço para que sejam feitas perguntas pelos alunos, previamente elaboradas durante a explanação do assunto.

  • Esclarecer outras questões colocadas porventura pelos participantes, até que o assunto esteja bem compreendido.


Conclusão:

  • Encerrar o estudo, enfatizando as qualidades que o médium espírita deve desenvolver para merecer a assistência dos Benfeitores Espirituais.


Avaliação:

  • O estudo será considerado satisfatório, se a turma participar da exposição de forma efetiva na elaboração das perguntas, e demonstrar interesse e compreensão do assunto.


Técnica(s):

  • Exposição.


Recurso(s):

  • Cartazes / transparências / multimídia e perguntas.



 

SUBSÍDIOS


Indiscutivelmente a mediunidade, no aspecto em que a conhecemos na Terra, é a resultante de extrema sensibilidade magnética, embora, no fundo, estejamos informados de que os dons mediúnicos, em graus diversos, são recursos inerentes a todos. Cada ser é portador de certas atividades e, por isso mesmo, é instrumento da vida. […] Importa reconhecer, porém, que existem mentes reencarnadas, em condições especialíssimas, que oferecem qualidades excepcionais para os serviços de intercâmbio entre os vivos da carne e os vivos do Além. Nessas circunstâncias, identificamos os medianeiros adequados aos fenômenos de manifestação do espírito liberto, nos círculos de matéria mais densa. Contudo, nem sempre os donos dessas energias são mensageiros da sublimação interior. […] Mais de dois terços dos médiuns do mundo jazem, ainda, nas zonas de desequilíbrio espiritual, sintonizados com as inteligências invisíveis que lhes são afins. Reclamam, em razão disso, estudo e boa vontade no serviço do bem, a fim de retomarem a subida harmônica aos cimos da luz […]. (18) Os médiuns, em qualquer região da vida, filtros que são de rogativas e respostas, precisam, pois, acordar para a realidade de que viveremos sempre em companhia daqueles que buscamos, de vez que, por toda parte, respiramos ajustados ao nosso campo de atração. (20)


1. Qualidades essências ao médium

O exercício da faculdade mediúnica não guarda relação com o desenvolvimento moral dos médiuns. A faculdade […] propriamente dita se radica no organismo; independe do moral. O mesmo, porém, não se dá com o seu uso, que pode ser bom, ou mau, conforme as qualidades do médium. (4)

Forçoso reconhecer, todavia, que a mediunidade, na essência, quanto à energia elétrica em si mesma, nada tem a ver com os princípios morais que regem os problemas do destino e do ser. Dela podem dispor, pela espontaneidade com que se evidencia, sábios e ignorantes, justos e injustos, expressando-se-lhe, desse modo, a necessidade de condução reta, quanto a força elétrica exige disciplina a fim de auxiliar. (14) Sendo assim, se o […] médium, do ponto de vista da execução, não passa de um instrumento, exerce, todavia, influência muito grande, sob o aspecto moral. Pois que, para se comunicar, o Espírito desencarnado se identifica com o Espírito do médium, esta identificação não se pode verificar, senão havendo, entre um e outro, simpatia e, se assim é lícito dizer se, afinidade. A alma exerce sobre o Espírito livre uma espécie de atração, ou de repulsão, conforme o grau da semelhança existente entre eles. Ora, os bons têm afinidade com os bons e os maus com os maus, donde se segue que as qualidades morais do médium exercem influência capital sobre a natureza dos Espíritos que por ele se comunicam. Se o médium é vicioso, em tomo dele se vêm grupar os Espíritos inferiores, sempre prontos a tomar o lugar aos bons Espíritos evocados. As qualidades que, de preferência, atraem os bons Espíritos são: a bondade, a benevolência, a simplicidade do coração, o amor do próximo, o desprendimento das coisas materiais. (5)

A par da questão moral, apresenta-se uma consideração efetiva não menos importante, que entende com a natureza mesma da faculdade. A mediunidade séria não pode ser e não o será nunca uma profissão, não só porque se desacreditaria moralmente, identificada para logo com a dos ledores da boa-sorte, como também porque um obstáculo a isso se opõe. É que se trata de uma faculdade essencialmente móvel, fugidia e mutável, com cuja perenidade, pois, ninguém pode contar. […] A mediunidade […], não é uma arte, nem um talento, pelo que não pode tornar se uma profissão. Ela não existe sem o concurso dos Espíritos; faltando estes, já não há mediunidade. Pode subsistir a aptidão, mas o seu exercício se anula. Daí vem não haver no mundo um único médium capaz de garantir a obtenção de qualquer fenômeno espírita em dado instante. Explorar alguém a mediunidade é, conseguintemente, dispor de uma coisa da qual não é realmente dono. (2) A mediunidade é coisa santa, que deve ser praticada santamente, religiosamente. (3)


2. Imperfeições que afastam os bons Espíritos

Na extensa comunidade de almas da Terra avultam, em maioria, as consciências ainda enfermiças, por moralmente endividadas com a Lei Divina; consequentemente, a maior parte das organizações medianímicas, no Planeta, não podem escapar a essa regra. Mais de dois terços dos médiuns do mundo jazem, ainda, nas zonas de desequilíbrio espiritual, sintonizados com as inteligências invisíveis que lhes são afins. (19). Sendo assim, não se pode esquecer que a […] mediunidade é uma energia peculiar a todos, em maior ou menor grau de exteriorização, energia essa que se encontra subordinada aos princípios de direção e à lei do uso, tanto quanto a enxada que pode ser mobilizada para servir ou ferir, conforme o impulso que a orienta, melhorando sempre, quando em serviço metódico, ou revestindo-se de ferrugem asfixiante e destrutiva, quando em constante repouso. (15)

As imperfeições morais são, assim, as portas que permitem o acesso aos maus Espíritos, as que mais se evidenciam são: […] o orgulho, o egoísmo, a inveja, o ciúme, o ódio, a cupidez, a sensualidade e todas as paixões que escravizam o homem à matéria. (5) A que, porém, eles exploram com mais habilidade é o orgulho, porque é a que a criatura menos confessa a si mesma. O orgulho tem perdido muitos médiuns dotados das mais belas faculdades e que, se não fora essa imperfeição, teriam podido tornar se instrumentos notáveis e muito úteis, ao passo que, presas de Espíritos mentirosos, suas faculdades, depois de se haverem pervertido, aniquilaram-se e mais de um se viu humilhado por amaríssimas decepções. O orgulho, nos médiuns, traduz-se por sinais inequívocos, a cujo respeito tanto mais necessário é se insista, quanto constitui uma das causas mais fortes de suspeição, no tocante à veracidade de suas comunicações. Começa por uma confiança cega nessas mesmas comunicações e na infalibilidade do Espírito que lhas dá. Daí um certo desdém por tudo o que não venha deles: é que julgam ter o privilégio da verdade. O prestígio dos grandes nomes, com que se adornam os Espíritos tidos por seus protetores, os deslumbra e, como neles o amor próprio sofreria, se houvessem de confessar que são ludibriados, repelem todo e qualquer conselho; evitam-nos mesmo, afastando-se de seus amigos e de quem quer que lhes possa abrir os olhos. Se condescendem em escutá-los, nenhum apreço lhes dão às opiniões, porquanto duvidar do Espírito que os assiste fora quase uma profanação. Aborrecem-se com a menor contradita, com uma simples observação crítica e vão às vezes ao ponto de tomar ódio às próprias pessoas que lhes têm prestado serviço. Por favorecerem a esse insulamento a que os arrastam os Espíritos que não querem contraditores, esses mesmos Espíritos se comprazem em lhes conservaras ilusões, para o que os fazem considerar coisas sublimes as mais polpudas absurdidades. Assim, confiança absoluta na superioridade do que obtém, desprezo pelo que deles não venha, irrefletida importância dada aos grandes nomes, recusa de todo conselho, suspeição sobre qualquer crítica, afastamento dos que podem emitir opiniões desinteressadas, crédito em suas aptidões, apesar de inexperientes: tais as características dos médiuns orgulhosos. Devemos também convir em que, muitas vezes, o orgulho é despertado no médium pelos que o cercam. Se ele tem faculdades um pouco transcendentes, é procurado e gabado e entra a julgar se indispensável. Logo toma ares de importância e desdém, quando presta a alguém o seu concurso. (6). É necessário, portanto, fugir […] aos perigos que ameaçam a mediunidade, como sejam a ambição, a ausência de autocrítica, a falta de perseverança no bem e a vaidade com que se julga invulnerável. O medianeiro carrega consigo os maiores inimigos de si próprio. (8)


3. Qualidades que o médium espírita deve desenvolver para obter assistência dos bons Espíritos

Faz-se mister que todos os Espíritos, vindos ao planeta com a incumbência de operar nos labores mediúnicos, compreendam a extensão dos seus sagrados deveres para a obtenção do êxito no seu elevado e nobilitante trabalho. (12) Todos os médiuns, para realizarem dignamente a tarefa a que foram chamados a desempenhar no planeta, necessitam identificar se com o ideal de Jesus, buscando para alicerce de suas vidas o ensinamento evangélico, em sua divina pureza; a eficácia de sua ação depende do seu desprendimento e da sua caridade, necessitando compreender, em toda a amplitude, a verdade contida na afirmação do Mestre: “Dai de graça o que de graça receberdes.” (13)

Quem conhece as condições em que os bons Espíritos se comunicam, a repulsão que sentem por tudo o que é de interesse egoístico, e sabe quão pouca coisa se faz mister para que eles se afastem, jamais poderá admitir que os Espíritos superiores estejam à disposição do primeiro que apareça […]. O simples bom senso repele semelhante ideia. […] Quem, pois, deseje comunicações sérias deve, antes de tudo, pedi-las seriamente e, em seguida, inteirar se da natureza das simpatias do médium com os seres do mundo espiritual. Ora, a primeira condição para se granjear a benevolência dos bons Espíritos é a humildade, o devotamento, a abnegação, o mais absoluto desinteresse moral e material. (1)

O médium espírita, em especial, deve: Esquivar se à suposição de que detém responsabilidades ou missões de avultada transcendência […]. (7) Como também deve buscar […] silenciar qualquer prurido de evidência pessoal na produção desse ou daquele fenômeno. […] Estar atento para não envaidecer-se, […] ainda quando provenha de círculos bem-intencionados, recusar o tóxico da lisonja. […] (8) A primeira necessidade do médium é evangelizar-se a si mesmo antes de se entregar às grandes tarefas doutrinárias, […]. (10) O médium tem obrigação de estudar muito, observar intensamente e trabalhar em todos os instantes pela sua própria iluminação. (11)

Para que ocorra uma educação desejável, é necessário o estudo da própria faculdade, assim como da Doutrina Espírita, a fim de identificar se o mecanismo das forças de que se dispõe, bem como dos valores éticos e instrutivos do Espiritismo, que devem ser incorporados ao dia a dia, gerando conquistas morais que libertam o médium das paixões inferiores e atraem os Seres Espirituais interessados no progresso da Humanidade. Adicione-se a disciplina como fator relevante, graças ao contributo da qual se fixam os hábitos salutares no exercício da faculdade, para que se colimem os fins específicos dessa função a que denominam de natureza extrasensorial. Certamente, esta não é uma tarefa para ser realizada de um golpe, em momento de empatia ou de entusiasmo, antes decorre de um processo de autocontrole de largo curso, que se logra mediante exercício constante, gerador do clima emocional harmonioso que favorece o silêncio mental indispensável. Ninguém estabelece que o médium deva ser um espírito perfeito para atingir esse estado; no entanto, é desejável que ele se esforce por melhorar se sempre, galgando mais altos degraus da evolução, aspirando por mais significativas conquistas morais. (21)

Por isso é que não basta a mediunidade para a concretização dos serviços que nos competem. Precisamos da Doutrina do Espiritismo, do Cristianismo Puro, a fim de controlar a energia medianímica, de maneira a mobilizá-la em favor da sublimação espiritual na fé religiosa, […]. (16) O Espiritismo, simbolicamente, é Jesus que retorna ao mundo, convidando-nos ao aperfeiçoamento individual, por intermédio do trabalho construtivo e incessante. (17)



 

ANEXO


Súplica de Natal

(Aparecida)



Referências Bibliográficas:

1. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 124. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Capítulo XXVI, item 8, p. 366.

2. Idem - Item 9, p. 366-367.

3. Id. - Item 10, p.367.

4. Idem - O Livro dos Médiuns. Tradução de Guillon Ribeiro. 74. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Capítulo XX, item 226, p. 283.

5. Id. - Item 227, p. 287-288.

6. Id. - Item 228.

7. VIEIRA, Waldo. Conduta Espírita. Pelo Espírito André Luiz. 28. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Capítulo 4 (Do Médium), p. 27.

8. Idem, ibidem - p. 28-29.

9. Idem, ibidem - p. 29-30.

10. XAVIER, Francisco Cândido. O Consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Questão 387, p. 215.

11. Idem - Questão 392, p. 218.

12. Idem - Emmanuel. Pelo Espírito Emmanuel. 24. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Capítulo XI (Mensagem aos Médiuns), p. 65.

13. Id. - Item: Necessidade da exemplificação, p. 67-68.

14. Idem - Evolução em Dois Mundos. Pelo Espírito André Luiz. 23. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Capítulo (Mediunidade e o Corpo Espiritual), item Função da Doutrina Espírita, p. 171.

15. Idem - Libertação. Pelo Espírito André Luiz. 28. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Capítulo XV (Finalmente, o Socorro), p. 248.

16. Idem - Nos Domínios da Mediunidade. Pelo Espírito André Luiz. 31. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Capítulo 15 (Forças Viciadas), p. 163.

17. Id. - Capítulo 18 (Apontamento à Margem), p. 208.

18. Idem - Roteiro. Pelo Espírito Emmanuel. 11. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Capítulo 35 (Entre as Forças Comuns), p. 147-148.

19. Idem, ibidem - p. 148.

20. Idem, ibidem - p. 150.

21. FRANCO. Divaldo Pereira. Temas da Vida e da Morte. Pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda. 5. Ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Capítulo Educação Íntima, p. 130-131.


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