O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão | Estudos Espíritas

Índice | Página inicial | Continuar

ESDE — Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita — Programa Fundamental

Módulo X — Lei de liberdade

Roteiro 3


Livre-arbítrio e fatalidade


Objetivo Geral: Possibilitar entendimento da lei de liberdade.

Objetivos Específicos: Explicar o que é fatalidade sob o ponto de vista do Espiritismo. — Estabelecer as relações existentes entre o exercício do livre- arbítrio e a fatalidade.



CONTEÚDO BÁSICO


  • Haverá fatalidade nos acontecimentos da vida, conforme ao sentido que se dá a este vocábulo? Quer dizer: todos os acontecimentos são predeterminados? E, neste caso, que vem a ser do livre-arbítrio?

    A fatalidade existe unicamente pela escolha que o Espírito fez, ao encamar, desta ou daquela prova para sofrer. Escolhendo-a, instituiu para si uma espécie de destino, que é a consequência mesma da posição em que vem a achar se colocado. Falo das provas físicas, pois, pelo que toca às provas morais e às tentações, o Espírito, conservando o livre-arbítrio quanto ao bem e ao mal, é sempre senhor de ceder ou de resistir […] Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 851.

  • A questão do livre-arbítrio se pode resumir assim: O homem não é fatalmente levado ao mal; os atos que pratica não foram previamente determinados; os crimes que comete não resultam de uma sentença do destino. Ele pode, por prova e por expiação, escolher uma existência em que seja arrastado ao crime, quer pelo meio onde se ache colocado, quer pelas circunstâncias que sobrevenham, mas será sempre livre de agir ou não agir. Assim, o livre-arbítrio existe para ele, quando no estado de Espírito, ao fazer a escolha da existência e das provas e, como encarnado, na faculdade de ceder ou de resistir aos arrastamentos a que todos nos temos voluntariamente submetido […]. Contudo, a fatalidade não é uma palavra vã. Existe na posição que o homem ocupa na Terra e nas funções que aí desempenha, em consequência do gênero de vida que seu Espírito escolheu como prova, expiação ou missão. Ele sofre fatalmente todas as vicissitudes dessa existência e todas as tendências boas ou más, que lhe são inerentes. […] Há fatalidade, portanto, nos acontecimentos que se apresentam, por serem estes consequência da escolha que o Espírito fez da sua existência de homem. Pode deixar de haver fatalidade no resultado de tais acontecimentos, visto ser possível ao homem, pela sua prudência, modificar lhes o curso […]. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 872.




SUGESTÕES DIDÁTICAS


Introdução:

  • Retomar, rapidamente, o assunto no roteiro anterior (Livre-arbítrio e responsabilidade), comentando as seguintes palavras do escritor e teatrólogo irlandês George Bernard Shaw (1856-1950), Prêmio Nobel de Literatura, em 1925. Liberdade significa responsabilidade. Por esta razão a maioria dos homens a teme.


Desenvolvimento:

  • Dividir, em seguida, a turma em duplas, entregando a cada uma tiras de papel com frases sobre o tema da aula: Livre-arbítrio e fatalidade (veja anexo).

  • Pedir às duplas que façam leitura da frase recebida, interpretando as ideias expressas pelo autor. Pedir-lhes também que escrevam, no verso da tira de papel, a interpretação que deram à frase.

  • Concluída a atividade, ouvir a leitura das frases e as respectivas interpretações.

  • Desenvolver um debate geral sobre o tema da aula, destacando:

    a) O conceito de fatalidade sob o ponto de vista espírita (veja, O Livro dos Espíritos, questões 851 e 866);

    b) As relações existentes entre o exercício do lívre-arbítrio e a fatalidade (veja questão 872 de O Livro dos Espíritos, e questão 131 de O Consolador).


Conclusão:

  • Citar exemplos — retirados de livros, jornais ou revistas — que ilustrem o conceito espírita de fatalidade, isto é, provas ou expiações que o Espírito deva passar, previamente estipuladas no planejamento reencarnatório.


Avaliação:

  • O estudo será considerado satisfatório se as duplas interpretarem corretamente as frases, e a turma participar ativamente do debate.


Técnica(s):

  • Exposição; estudo em duplas; debate.


Recurso(s):




SUBSÍDIOS


A Doutrina Espírita ensina que a […] fatalidade existe unicamente pela escolha que o Espírito fez, ao encarnar, desta ou daquela prova para sofrer. Escolhendo-a, instituiu para si uma espécie de destino, que é a consequência mesma da posição em que vem a achar se colocado […]. (1) Essas provas planejadas são de natureza física (deficiências no corpo físico, doenças, limitações financeiras etc.), […] pois, pelo que toca às provas morais e às tentações, o Espírito, conservando o livre-arbítrio quanto ao bem e ao mal, é sempre senhor de ceder ou de resistir. Ao vê-lo fraquear, um bom Espírito pode vir lhe em auxílio, mas não pode influir sobre ele de maneira a dominar lhe a vontade. (1)

As doutrinas que pregam a existência de um fatalismo comandando a vida da pessoa em todos os sentidos, do nascimento à morte, ensinam […] que todos os acontecimentos estão previamente fixados por uma causa sobrenatural, cabendo ao homem apenas o regozijar se, se favorecido com uma boa sorte, ou resignar se, se o destino lhe for adverso. Os predestinacionistas baseiam-se na soberania da graça divina, ensinando que desde toda a eternidade algumas almas foram predestinadas a uma vida de retidão e, depois da morte, à bem-aventurança celestial, enquanto outras foram de antemão marcadas para uma vida reprovável e, consequentemente, precondenadas às penas eternas do inferno. Se Deus regula, antecipadamente, todos os atos e todas as vontades de cada indivíduo — argumentam — , como pode este indivíduo ter liberdade para fazer ou deixar de fazer o que Deus terá decidido que ele venha a fazer? (5)

Os deterministas, a seu turno, sustentam que as ações e a conduta do indivíduo, longe de serem livres, dependem integralmente de uma série de contingências a que ele não pode furtar-se, como os costumes, o caráter e a índole da raça a que pertença; o clima, o solo e o meio social em que viva; a educação, os princípios religiosos e os exemplos que receba; além de outras circunstâncias não menos importantes, quais o regime alimentar, o sexo, as condições de saúde, etc. (6)

Essas doutrinas, como se vê, reduzem o homem a simples autômato, sem mérito nem responsabilidade.

O Espiritismo nos apresenta ensinamentos mais concordantes com a justiça, bondade e a misericórdia divinas. A fatalidade é entendida como um produto do livre-arbítrio, cujos acontecimentos resultam de escolhas previamente definidas, na maioria das vezes, no plano espiritual. Essas escolhas refletem sempre a necessidade de progresso espiritual, e podem ser modificadas segundo o livre-arbítrio da pessoa, ou replanejadas em se considerando o benefício que pode resultar para alguém. Na verdade, o planejamento reencarnatório é flexível, adaptado às circunstâncias e aos resultados esperados. É por esta razão que os Espíritos Superiores afirmam: A fatalidade, verdadeiramente, só existe quanto ao momento em que deveis aparecer e desaparecer deste mundo. (2) Afastada, nesta situação, a hipótese do suicídio — sempre vista como uma transgressão à Lei Divina — , não devemos temer qualquer perigo que ameace a nossa integridade física, porque não pereceremos se a nossa hora não tiver chegado. Porém, é oportuno destacar, que, pelo fato de ser infalível a hora da morte, não se deve deduzir que sejam inúteis as precauções para evitá-la. O fato de o homem pressentir que a sua vida corre perigo constitui um aviso dos bons Espíritos para que se desvie do mal e reprograme seus atos.

Existem pessoas que parecem ser perseguidas por uma fatalidade, independentemente da maneira como procedem. Neste caso, são provas que, escolhidas anteriormente, aconteceriam de qualquer forma. No entanto, devemos considerar a hipótese de que tais provações reflitam apenas as consequências de faltas cometidas em razão de atos impensados, na atual existência.

O exercício do livre-arbítrio, tendo vista a nossa felicidade espiritual, é uma tarefa árdua que devemos persistir sem desânimo. A luta e o trabalho são tão imprescindíveis ao aperfeiçoamento do espírito, como o pão material é indispensável à manutenção do corpo físico. É trabalhando e lutando, sofrendo e aprendendo, que a alma adquire as experiências necessárias na sua marcha para a perfeição. (7)

Nunca há fatalidade nas opções morais, pois uma decisão pessoal infeliz não deve ser vista como uma má-sorte ou como imposição de Deus aos seus filhos. Esta é a razão de os Espíritos Superiores nos afirmarem: […] Ora, aquele que delibera sobre uma coisa é sempre livre de fazê-la, ou não. Se soubesse previamente que, como homem [encarnado], teria que cometer um crime, o Espírito estaria a isso predestinado. Ficai, porém, sabendo que ninguém há predestinado ao crime e que todo crime, como qualquer outro ato, resulta sempre da vontade e do livre-arbítrio. (3)

Em suma, a fatalidade que parece presidir aos destinos, é resultante de escolhas estipuladas no nosso planejamento reencarnatório e do nosso livre-arbítrio nas ações cotidianas. Dessa forma, atentos à orientação que um dos Espíritos da Codificação nos dá: Tu mesmo escolheste a tua prova. Quanto mais rude ela for e melhor a suportares, tanto mais te elevarás. Os que passam a vida na abundância e na ventura humana são Espíritos pusilânimes, que permanecem estacionários. Assim, o número dos desafortunados é muito superior ao dos felizes deste mundo, atento que os Espíritos, na sua maioria, procuram as provas que lhes sejam mais proveitosas. […] Acresce que a mais ditosa existência é sempre agitada, sempre perturbada, quando mais não seja, pela ausência da dor. (4)



 

ANEXO



PENSAMENTOS SOBRE LIVRE-ARBÍTRIO E FATALIDADE

  1. O homem “que tem a liberdade de pensar, tem igualmente a de obrar. Sem o livre-arbítrio seria máquina.” — Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 843.

  2. “A existência de cada homem é resultante de seus atos e pensamentos.” — Emmanuel: Palavras do Infinito.

  3. “O livre-arbítrio não é absoluto, mas, sim, relativo — relativo à posição ocupada pelo homem na escala dos valores espirituais.”Martins Peralva: O Pensamento de Emmanuel.

  4. “O único homem que nunca comete erros é aquele que nunca faz coisa alguma. Não tenha medo de errar, pois você aprenderá a não cometer duas vezes o mesmo erro.” — Roosevelt.

  5. “O futuro do homem não está nas estrelas, mas sim na sua vontade.” — Shakespeare.

  6. “Nenhum vento sopra a favor de quem não sabe para onde ir.” — Sêneca.

  7. “As enfermidades são os resultados não só dos nossos atos como também dos nossos pensamentos.” — Ghandi.

  8. “Não há fatalidade para o mal e sim destinação para o bem. É por isso que a todas as criaturas foi concedida a bênção da razão, como luz consciencial no caminho.” — Emmanuel: Nosso Livro.

  9. “Uma coisa posso afirmar e provar com palavras e atos: é que nos tornamos melhores se cremos que é nosso dever seguir em busca da verdade desconhecida.” — Sócrates.

  10. “O homem não é fatalmente levado ao mal; os atos que pratica não foram previamente determinados; os crimes que comete não resultam de uma sentença do destino.” — Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 872.


  11. [Obs. Vide também os aforismos de: Livre-arbítrio e fatalidade.]



Referências Bibliográficas:

1. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 89. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Questão 851, p. 438.

2. Idem - Questão 859, p. 441.

3. Id. - Questão 861, p. 442.

4. Id. - Questão 866, p. 444-445.

5. CALLIGARIS, Rodolfo. As Leis Morais. 11. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004, (O Livre-arbítrio), p. 152.

6. Idem, ibidem - p. 153.

7. XAVIER, Francisco Cândido. O Consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 24. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003, questão 131, p. 83.


Abrir