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ESDE — Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita — Programa Fundamental

Módulo IV — Existência e sobrevivência do Espírito

Roteiro 4


Progressão dos Espíritos


Objetivo Geral: Propiciar conhecimento a respeito da existência e da sobrevivência do Espírito.

Objetivos Específicos: Explicar, em linhas gerais, como se dá a progressão dos Espíritos. — Identificar a hierarquia dos Espíritos, segundo a escala espírita.



CONTEÚDO BÁSICO


  • Os Espíritos são bons ou maus por natureza, ou são eles mesmos que se melhoram?

  • São os próprios Espíritos que se melhoram e, melhorando-se, passam de uma ordem inferior para outra mais elevada. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 114.

  • Os Espíritos são classificados em […] ordens, conforme o grau de perfeição que tenham alcançado. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 96.

  • As ordens ou graus de perfeição dos Espíritos são […] ilimitadas em número, porque entre elas não há linhas de demarcação traçadas como barreiras, de sorte que as divisões podem ser multiplicadas ou restringidas livremente. Todavia, considerando-se os caracteres gerais dos Espíritos, elas podem reduzir se a três principais. Na primeira, colocar-se-ão os que atingiram a perfeição máxima: os puros Espíritos. Formam a segunda, os que chegaram ao meio da escala: o desejo do bem é o que neles predomina. Pertencerão à terceira os que ainda se acham na parte inferior da escala: os Espíritos imperfeitos. A ignorância, o desejo do mal e todas as paixões más que lhes retardam o progresso, eis o que os caracteriza. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 97.




SUGESTÕES DIDÁTICAS


Introdução:


Desenvolvimento:

  • Pedir aos participantes que leiam, em voz alta e sequencialmente o item 2 (dois) dos subsídios, de forma que todos possam contribuir com a leitura de um pequeno trecho.

  • Solicitar a formação de três grupos de estudo, entregando folhas de papel em branco e lápis/caneta a cada equipe. Esclarecer que o trabalho em grupo deve ser realizado assim:

    a) O grupo 1 escreve numa folha de papel em branco duas características dos Espíritos da terceira ordem da escala espírita: Espíritos imperfeitos (item 2.1 dos subsídios); o grupo 2 escreve duas características dos Espíritos da segunda ordem: Bons Espíritos (item 2.2 dos subsídios); o grupo 3 escreve duas características dos Espíritos da primeira ordem: Espíritos puros (item 2.3 dos subsídios);

    b) Terminada essa etapa do trabalho, recolher as folhas de papel, redistribuindo-as entre os grupos, como num rodízio: as anotações do grupo 1 vão para o grupo 2; as do grupo 2, para o grupo 3; as do grupo 3, para o grupo 1. Pedir aos grupos que escrevam mais duas características dos Espíritos, segundo a ordem da escala espírita que têm em mãos;

    c) Continuar na execução do rodízio, repetindo o procedimento descrito no item “b”, até que todas as características dos Espíritos tenham sido registradas nas folhas de papel;

    d) Recolher as anotações, solicitar a presença de três voluntários à frente da turma (cada voluntário deve representar um grupo), pedindo-lhes que leiam as características dos Espíritos, registradas pelos grupos e identificadas por Allan Kardec na escala espírita (questões 100 a 107 de O Livro dos Espíritos).


Observação: O controle do tempo é fundamental na execução dessa atividade. Sendo assim, estabelecer a média de 2 minutos, por rodízio, nos grupos de até 8 participantes (turma de 24 pessoas).


Conclusão:

  • Verificar se alguma característica importante foi excluída, fazendo as correções necessárias. Encerrar a reunião, ressaltando a importância do próximo módulo, (Comunicabilidade dos Espíritos), em razão de ter sido a mediunidade o instrumento pelo qual a revelação espírita chegou até nós.


Avaliação:

  • O estudo será considerado satisfatório se os participantes executarem a atividade com ordem e entusiasmo, escrevendo, na folha de papel, as características dos Espíritos, de acordo com a escala espírita.


Técnica(s):

  • Exposição; leitura sequencial; rodízio de textos.


Recurso(s):

  • Subsídios do roteiro; folhas de papel em branco; lápis / caneta.



 

SUBSÍDIOS


1. Progressão dos Espíritos

Ensina a Doutrina Espírita que Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, isto é, sem [nenhum] saber. A cada um deu determinada missão, com o fim de esclarecê-los e de os fazer chegar progressivamente à perfeição, pelo conhecimento da verdade, para aproximá-los de Si. Nesta perfeição é que eles encontram a pura e eterna felicidade. Passando pelas provas que Deus lhes impõe é que os Espíritos adquirem aquele conhecimento. Uns aceitam submissos essas provas e chegam mais depressa à meta que lhes foi assinada. Outros só a suportam murmurando e, pela falta em que desse modo incorrem, permanecem afastados da perfeição e da prometida felicidade. (15)

Os Espíritos, portanto, não foram criados uns bons e outros maus. Todos tiveram como ponto de partida a simplicidade e a ignorância, chegando à perfeição por meio das provas que lhes são impostas por Deus para atingi-la. Essas provas são por eles enfrentadas durante as reencarnações, necessárias ao seu progresso.

A passagem dos Espíritos pela vida corporal é necessária para que eles possam cumprir, por meio de uma ação material, os desígnios cuja execução Deus lhes confia. É-lhes necessária, a bem deles, visto que a atividade que são obrigados a exercer-lhes auxilia o desenvolvimento da inteligência. Sendo soberanamente justo, Deus tem de distribuir tudo igualmente por todos os seus filhos; assim é que estabeleceu para todos o mesmo ponto de partida, a mesma aptidão, as mesmas obrigações a cumprir e a mesma liberdade de proceder. Qualquer privilégio seria uma preferência, uma injustiça. Mas, a encarnação, para todos os Espíritos, é apenas um estado transitório. É uma tarefa que Deus lhes impõe, quando iniciam a vida, como primeira experiência do uso que farão do livre-arbítrio. Os que desempenham com zelo essa tarefa transpõem rapidamente e menos penosamente os primeiros graus da iniciação e mais cedo gozam do fruto de seus labores. Os que, ao contrário, usam mal da liberdade que Deus lhes concede retardam a sua marcha e, tal seja a obstinação que demonstrem, podem prolongar indefinidamente a necessidade da reencarnação […]. (1)

Deflui desses ensinos a importância do livre-arbítrio para a progressão dos Espíritos. Contudo, como poderiam esses Espíritos, em sua origem, quando ainda não possuem consciência de si mesmos, escolher entre o bem e o mal? Haveria neles algum princípio ou alguma tendência que os encaminhasse para um caminho em relação a outro? Essa pergunta, formulada por Kardec aos Espíritos Superiores, recebeu desses a seguinte resposta: O livre-arbítrio se desenvolve à medida que o Espírito adquire a consciência de si mesmo. Já não haveria liberdade, desde que a escolha fosse determinada por uma causa independente da vontade do Espírito. A causa não está nele, está fora dele, nas influências a que cede em virtude da sua livre vontade. É o que se contém na grande figura emblemática da queda do homem e do pecado original: uns cederam à tentação, outros resistiram. (16) Acrescentam os Espíritos Superiores que essas influências acompanham o Espírito […] até que haja conseguido tanto império sobre si mesmo, que os maus desistem de obsidiá-lo. (17)


2. Diferentes ordens de Espíritos. Escala Espírita

Assinala o Codificador que a […] classificação dos Espíritos se baseia no grau de adiantamento deles, nas qualidades que já adquiriram e nas imperfeições de que ainda terão de despojar se. Esta classificação, aliás, nada tem de absoluta. Apenas no seu conjunto cada categoria apresenta caráter definido. De um grau a outro a transição é insensível e, nos limites extremos, os matizes se apagam, como nos reinos da natureza, como nas cores do arco-íris, ou, também, como nos diferentes períodos da vida do homem. Podem, pois, formar se maior ou menor número de classes, conforme o ponto de vista donde se considere a questão. Dá-se aqui o que se dá com todos os sistemas de classificação científica, que podem ser mais ou menos completos, mais ou menos racionais, mais ou menos cômodos para a inteligência. Sejam, porém, quais forem, em nada alteram as bases da ciência. (2)

Os Espíritos, em geral, admitem três categorias principais, ou três grandes divisões. Na última, a que fica na parte inferior da escala, estão os Espíritos imperfeitos, caracterizados pela predominância da matéria sobre o Espírito e pela propensão para o mal. Os da segunda se caracterizam pela predominância do Espírito sobre a matéria e pelo desejo do bem: são os bons Espíritos. A primeira, finalmente, compreende os Espíritos puros, os que atingiram o grau supremo da perfeição. (3)

Essas três categorias principais ou ordens podem ser subdivididas em classes, como veremos a seguir.


2.1 — Terceira ordem — Espíritos imperfeitos

Décima classe. Espíritos impuros. São inclinados ao mal, de que fazem o objeto de suas preocupações. Como Espíritos, dão conselhos pérfidos, sopram a discórdia e a desconfiança e se mascaram de todas as maneiras para melhor enganar. Ligam-se aos homens de caráter bastante fraco para cederem às suas sugestões, a fim de induzi-los à perdição, satisfeitos com o conseguirem retardar lhes o adiantamento, fazendo-os sucumbir nas provas porque passam. (4) […] Alguns povos os arvoraram em divindades maléficas; outros os designam pelos nomes de demônios, maus gênios, Espíritos do mal. (5)

Nona classe. Espíritos levianos. São ignorantes, maliciosos, irrefletidos e zombeteiros. Metem-se em tudo, a tudo respondem, sem se incomodarem com a verdade. Gostam de causar pequenos desgostos e ligeiras alegrias, de intrigar, de induzir maldosamente em erro, por meio de mistificações e de espertezas. A esta classe pertencem os Espíritos vulgarmente tratados de duendes, trasgos, gnomos, diabretes. (6)

Oitava classe. Espíritos pseudo-sábios. Dispõem de conhecimentos bastante amplos, porém, creem saber mais do que realmente sabem. Tendo realizado alguns progressos sob diversos pontos de vista, a linguagem deles aparenta um cunho de seriedade, de natureza a iludir com respeito às suas capacidades e luzes. (7)

Sétima classe. Espíritos neutros. Nem bastante bons para fazerem o bem, nem bastante maus para fazerem o mal. Pendem tanto para um como para o outro e não ultrapassam a condição comum da Humanidade, quer no que concerne à moral, quer no que toca à inteligência. Apegam-se às coisas deste mundo, de cujas grosseiras alegrias sentem saudades. (8)

Sexta classe. Espíritos batedores e perturbadores. Estes Espíritos, propriamente falando, não formam uma classe distinta pelas suas qualidades pessoais […]. Manifestam geralmente sua presença por efeitos sensíveis e físicos, como pancadas, movimento e deslocamento anormal de corpos sólidos, agitação do ar, etc. (9)


2.2 — Segunda ordem — Bons Espíritos

Quinta classe. Espíritos benévolos. A bondade é neles a qualidade dominante. Apraz-lhes prestar serviço aos homens e protegê-los. Limitados, porém, são os seus conhecimentos. Hão progredido mais no sentimento moral do que no sentido intelectual. (10)

Quarta classe. Espíritos sábios. Distinguem-se pela amplitude de seus conhecimentos. Preocupam-se menos com as questões morais, do que com as de natureza científica, para as quais têm maior aptidão. Entretanto, só encaram a ciência do ponto de vista da sua utilidade e jamais dominados por quaisquer paixões próprias dos Espíritos imperfeitos. (11)

Terceira classe. Espíritos de sabedoria. As qualidades morais da ordem mais elevada são o que os caracteriza. Sem possuírem ilimitados conhecimentos, são dotados de uma capacidade intelectual que lhes faculta juízo reto sobre os homens e as coisas. (12)

Segunda classe. Espíritos superiores. Esses em si reúnem a ciência, a sabedoria e a bondade. Da linguagem que empregam se exala sempre a benevolência; é uma linguagem invariavelmente digna, elevada e, muitas vezes, sublime. Sua superioridade os torna mais aptos do que os outros a nos darem noções exatas sobre as coisas do mundo incorpóreo, dentro dos limites do que é permitido ao homem saber. […] Afastam-se, porém, daqueles a quem só a curiosidade impele, ou que, por influência da matéria, fogem à prática do bem. Quando, por exceção, encarnam na Terra, é para cumprir missão de progresso e então nos oferecem o tipo da perfeição a que a Humanidade pode aspirar neste mundo. (13)


2.3 — Primeira ordem — Espíritos puros

Primeira classe. Classe única. Os Espíritos que a compõem percorreram todos os graus da escala e se despojaram de todas as impurezas da matéria. Tendo alcançado a soma de perfeição de que é suscetível a criatura, não têm mais que sofrer provas, nem expiações. Não estando mais sujeitos à reencarnação em corpos perecíveis, realizam a vida eterna no seio de Deus. Gozam de inalterável felicidade, porque não se acham submetidos às necessidades, nem às vicissitudes da vida material. Essa felicidade, porém, não é a de ociosidade monótona, a transcorrer em perpétua contemplação. Eles são os mensageiros e os ministros de Deus, cujas ordens executam para manutenção da harmonia universal. […] São designados às vezes pelos nomes de anjos, arcanjos ou serafins. (14)



Referências Bibliográficas:

1. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 124. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Capítulo 4, item 25, p. 94-95.

2. Idem - O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 86. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Questão 100 [Observações preliminares], p. 87.

3. Id. - Questão 100, p. 88.

4. Id. - Questão 102, p. 90.

5. Id. - Questão 102, p. 91.

6. Id. - Questão 103, p. 91.

7. Id. - Questão 104, p. 91.

8. Id. - Questão 105, p. 92.

9. Id. - Questão 106, p. 92.

10. Id. - Questão 108, p. 93.

11. Id. - Questão 109, p. 94.

12. Id. - Questão 110, p. 94.

13. Id. - Questão 111, p. 94.

14. Id. - Questão 113, p. 94, 95.

15. Id. - Questão 115, p. 95.

16. Id. - Questão 122, p. 97.

17. Id. - Questão 122b, p. 98.

[Obs. A diferença de haver 17 citações aqui e apenas 16 no livro impresso é que as citações 4 e 5, embora sejam da mesma questão, não são contínuas.]


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