O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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Revista espírita — Ano VI — Agosto de 1863.

(Idioma francês)

Pensamentos espíritas em vários escritores.

Extrato da Viagem ao Orienten do Sr. de Lamartine.
(Sumário)

“Oh! digo-lhe eu, isto é uma outra questão. Ninguém mais do que eu geme e sofre do gemido universal da Natureza, dos homens e das sociedades. Ninguém confessa mais alto os enormes abusos sociais, políticos e religiosos. Ninguém deseja e espera mais uma reparação a esses males intoleráveis da Humanidade. Ninguém está mais convencido que esse reparador não pode ser senão divino! Se a isso chamais esperar um messias, eu o espero como vós e mais que vós suspiro por seu próximo aparecimento; como vós e mais que vós, vejo nas crenças abaladas do homem, no tumulto de suas ideias, na vida de seu coração, na depravação de seu estado social, nos repetidos abalos de suas instituições políticas, todos os sintomas de uma perturbação e, por conseguinte, de uma renovação próxima e iminente. Creio que Deus sempre se mostra no momento preciso, em que tudo quanto é humano é insuficiente, em que o homem confessa nada poder por si mesmo. O mundo está nisto. Creio, pois, num messias; não vejo o Cristo, que nada mais tem a nos dar em sabedoria, em virtude e em verdade; vejo aquele que o Cristo anunciou que viria após ele:  ( † ) este Espírito Santo sempre diligente, sempre assistindo o homem, sempre a lhe revelar, conforme os tempos e as necessidades, o que deve fazer e saber. Que este Espírito Divino se encarne num homem ou numa doutrina, num fato ou numa ideia, pouco importa, é sempre ele, homem ou doutrina, fato ou ideia. Creio nele, espero nele, aguardo a sua vinda e mais que vós, senhora, eu o invoco! Vedes, pois, que nos podemos entender e que nossas estrelas não são tão divergentes quanto esta conversa pôde vo-lo fazer pensar.” (1º vol., página 176).

“A imaginação do homem é mais verdadeira do que se pensa; nem sempre se edifica com os sonhos, procedendo por assimilações instintivas de coisas e imagens, que lhe dão resultados mais seguros e mais evidentes que a Ciência e a lógica. Exceto os vales do Líbano,  †  as ruínas de Balbek,  †  as margens do Bósforo  †  em Constantinopla,  †  e o primeiro aspecto de Damasco,  †  do alto do Antilíbano,  †  jamais encontrei um lugar, alguma coisa cuja primeira vista fosse para mim como uma lembrança!

“Vivemos duas vezes ou mil vezes? Nossa memória não será um espelho embaciado que o sopro de Deus pode limpar? ou temos em nossa imaginação o poder de pressentir e ver, antes que vejamos realmente? Questões insolúveis! (1º vol., página 327).


Observação – Em nosso artigo precedente sobre os precursores do Espiritismo, dissemos que se acham em muitos autores elementos esparsos desta doutrina. Os trechos acima são muito claros, para que haja necessidade de ressaltá-los.

Pelo fato de homens, como o Sr. Lamartine e outros, emitirem ideias espíritas em seus escritos, segue-se que adotem abertamente o Espiritismo? Não; na maior parte não o estudaram ou, se o fizeram, não ousam ligar seus nomes, tão conhecidos, a uma nova bandeira. Aliás, sua convicção é apenas parcial e, para eles, muitas vezes a ideia não passa de um relâmpago, originária de uma intuição vaga não formulada, não trabalhada em seu espírito; podem, pois, recuar ante um conjunto, do qual certas partes podem ofuscá-los e, mesmo, aterrorizá-los. Para nós não é menos o indício do pressentimento da ideia geral, que germina parcialmente nos cérebros de escol, e isto basta para provar a certos adversários que essas ideias não são assim tão desprovidas de senso quanto pretendem, já que partilhadas pelos mesmos homens cuja superioridade reconhecem. Reunindo e coordenando as ideias parciais de cada um, chegar-se-ia certamente a constituir a Doutrina Espírita completa, conforme os homens mais eminentes e mais acreditados.

Agradecemos ao nosso assinante de Joinville, que teve a gentileza de nos transmitir as duas passagens supracitadas, e seremos sempre muito reconhecidos às pessoas que, como ele, nos comunicarem o fruto de suas leituras.


Nota – Aproveitamos a ocasião para agradecer à pessoa que nos remeteu uma brochura, intitulada: Dissertações sobre o dilúvio Dissertation sur le déluge- Google Books. Como não se fez acompanhar de carta, não podemos agradecer diretamente. Uma olhadela na brochura nos convenceu de que o sistema muito original do autor está em contradição com os dados mais vulgares e mais positivos da ciência geológica que, digam o que disserem, têm o seu valor. Assim, seria fácil refutar a sua teoria por meio de observações, ao menos tão rigorosas quanto as suas.



[1] Voyage en Orient - Google Books.


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