O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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A caminho da Luz — Emmanuel


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A Civilização Egípcia

(Sumário)

1. Os egípcios.


1 Dentre os Espíritos degredados na Terra, aqueles que constituíram a civilização egípcia foram os que mais se destacavam na prática do Bem e no culto da Verdade.

2 Aliás, importa considerar que eram eles os que menos débitos possuíam perante o tribunal da Justiça Divina. 3 Em razão dos seus elevados patrimônios morais, guardaram no íntimo uma lembrança mais viva das experiências de sua pátria distante. 4 Um único desejo os animava, que era trabalhar devotadamente para regressar, um dia, aos seus penates resplandecentes. 5 Uma saudade torturante do céu foi a base de todas as suas organizações religiosas. 6 Em nenhuma civilização da Terra o culto da morte foi tão altamente desenvolvido. 7 Em todos os corações morava a ansiedade de voltar ao orbe distante, ao qual se sentiam presos pelos mais santos afetos. 8 Foi por esse motivo que, representando uma das mais belas e adiantadas civilizações de todos os tempos, as expressões do antigo Egito desapareceram para sempre do Plano tangível do planeta. 9 Depois de perpetuar nas Pirâmides os seus avançados conhecimentos, todos os Espíritos daquela região africana regressaram à pátria sideral.


2. A ciência secreta.


1 Em virtude das circunstâncias mencionadas, os egípcios traziam consigo uma ciência que a evolução da época não comportava.

2 Aqueles grandes mestres da Antiguidade foram, então, compelidos a recolher o acervo de suas tradições e de suas lembranças no ambiente reservado dos templos, exigindo-se os mais terríveis compromissos dos iniciados nos seus mistérios. 3 Os conhecimentos profundos ficaram circunscritos ao ambiente dos mais graduados sacerdotes do tempo, observando-se o máximo cuidado no problema da iniciação.

4 A própria Grécia, que aí buscou a alma de suas concepções cheias de poesia e de beleza, através da iniciativa dos seus filhos mais eminentes, no passado longínquo, não recebeu toda a verdade das ciências misteriosas. 5 Tanto é assim, que as iniciações no Egito se revestiam de experiências terríveis para o candidato à ciência da vida e da morte — fatos esses que, entre os gregos, eram motivo de festas inesquecíveis.

6 Os sábios egípcios sabiam perfeitamente da inoportunidade das grandes revelações espirituais naquela fase do progresso terrestre; 7 chegando de um mundo de cujas lutas, na oficina do aperfeiçoamento, haviam guardado as mais vivas recordações, os sacerdotes mais eminentes conheciam o roteiro que a Humanidade terrestre teria de realizar. 8 Aí residem os mistérios iniciáticos e a essencial importância que lhes era atribuída no ambiente dos sábios daquele tempo.


3. O politeísmo simbólico.


1 Nos círculos esotéricos, onde pontificava a palavra esclarecida dos grandes mestres de então, sabia-se da existência do Deus Único e Absoluto, Pai de todas as criaturas e Providência de todos os seres, 2 mas os sacerdotes conheciam, igualmente, a função dos Espíritos prepostos de Jesus, na execução de todas as leis físicas e sociais da existência planetária, em virtude das suas experiências pregressas.

3 Desse ambiente reservado de ensinamentos ocultos, partia, então, a ideia politeísta dos numerosos deuses, que seriam os senhores da Terra e do Céu, do Homem e da Natureza.

4 As massas requeriam esse politeísmo simbólico, nas grandes festividades exteriores da religião.

5 Os sacerdotes da época já conheciam essa fraqueza das almas jovens, de todos os tempos, satisfazendo-as com as expressões exotéricas de suas lições sublimadas.

6 Dessa ideia de se homenagear as forças invisíveis que controlam os fenômenos naturais, classificando-as para o espírito das massas, na categoria dos deuses, é que nasceu a mitologia da Grécia, ao perfume das árvores e ao som das flautas dos pastores, em contato permanente com a Natureza.


4. O culto da morte e a metempsicose.


1 Um dos traços essenciais desse grande povo foi a preocupação insistente e constante da Morte. 2 A sua vida era apenas um esforço para bem morrer. 3 Seus papiros e frescos estão cheios dos consoladores mistérios do além-túmulo.

4 Era natural.
O grande povo dos faraós guardava a reminiscência do seu doloroso degredo na face obscura do mundo terreno. 5 E tanto lhe doía semelhante humilhação, que, na lembrança do pretérito, criou a teoria da metempsicose, acreditando que a alma de um homem podia regressar ao corpo de um irracional, por determinação punitiva dos deuses. 6 A metempsicose era o fruto da sua amarga impressão, a respeito do exílio penoso que lhe fora infligido no ambiente terrestre.

7 Inventou-se, desse modo, uma série de rituais e cerimônias para solenizar o regresso dos seus irmãos à pátria espiritual.

8 Os mistérios de Ísis e Osíris mais não eram que símbolos das forças espirituais que presidem aos fenômenos da morte.


5. Os egípcios e as ciências psíquicas.


1 As ciências psíquicas da atualidade eram familiares aos magnos sacerdotes dos templos.

2 O destino e a comunicação dos mortos, a pluralidade das existências e dos mundos eram, para eles, problemas solucionados e conhecidos. 3 O estudo de suas artes pictóricas positivam a veracidade destas nossas afirmações. Num grande número de frescos, apresenta-se o homem terrestre acompanhado do seu duplo espiritual. 4 Os papiros nos falam de suas avançadas ciências nesse sentido, e, através deles, podem os egiptólogos modernos reconhecer que os iniciados sabiam da existência do corpo espiritual preexistente, que organiza o mundo das cousas e das formas. 5 Seus conhecimentos, a respeito das energias solares com relação ao magnetismo humano, eram muito superiores aos da atualidade. 6 Desses conhecimentos nasceram os processos de mumificação dos corpos, cujas fórmulas se perderam na indiferença e na inquietação dos outros povos.

7 Seus reis estavam tocados do mais alto grau de iniciação, enfeixando nas mãos todos os poderes espirituais e todos os conhecimentos sagrados. 8 É por isso que a sua desencarnação provocava a concentração mágica de todas as vontades, no sentido de cercar-lhes o túmulo de veneração e de supremo respeito. 9 Esse amor não se traduzia, apenas, nos atos solenes da mumificação. Também o ambiente dos túmulos era santificado por um estranho magnetismo. 10 Os grandes diretores da raça, que faziam jus a semelhantes consagrações, eram considerados dignos de toda a paz no silêncio da morte.

11 Nessas saturações magnéticas, que ainda estão a desafiar milênios, residem as razões da tragédia amarga  †  de Lord Carnarvon  †  e de alguns dos seus companheiros que penetraram em primeiro lugar na câmara mortuária de Tut Ankh Amon;  †  e ainda por isso é que, muitas vezes, nos tempos que correm, os aviadores ingleses observam o não funcionamento dos aparelhos radiofônicos, quando as suas máquinas de voo atravessam a limitada atmosfera do vale sagrado.


6. As Pirâmides.


1 A assistência carinhosa do Cristo não desamparou a marcha desse povo cheio de nobreza moral. 2 Enviou-lhe auxiliares e mensageiros, inspirando-o nas suas realizações, que atravessaram todos os tempos provocando a admiração e o respeito da posteridade de todos os séculos.

3 Aquelas almas exiladas, que as mais interessantes características espirituais singularizam, conheceram, em tempo, que o seu degredo na Terra atingia o fim. 4 Impulsionados pelas forças do Alto, os círculos iniciáticos sugerem a construção das grandes pirâmides, que ficariam como a sua mensagem eterna para as futuras civilizações do orbe. 5 Esses grandiosos monumentos teriam duas finalidades simultâneas: representariam os mais sagrados templos de estudo e iniciação, ao mesmo tempo que constituiriam, para os pósteros, um livro do passado, com as mais singulares profecias em face das obscuridades do porvir.

6 Levantaram-se, dessarte, as grandes construções que assombram a engenharia de todos os tempos. 7 Todavia, não é o colosso de seis milhões de toneladas de pedra nem o esforço hercúleo do trabalho de sua justaposição o que mais empolga e impressiona os que contemplam esses monumentos. 8 As pirâmides revelam os mais extraordinários conhecimentos daquele conjunto de Espíritos estudiosos das verdades da vida. 9 Ao par desses conhecimentos, encontram-se ali os roteiros futuros da Humanidade terrestre. 10 Cada medida tem a sua expressão simbólica, com vistas ao sistema cosmogônico do planeta e à sua posição no sistema solar. 11 Ali está o meridiano ideal, que atravessa mais continentes e menos oceanos, e através do qual se pode calcular a extensão das terras habitáveis pelo homem, a distância aproximada entre o Sol e a Terra, a longitude percorrida pelo globo terrestre sobre a sua órbita no espaço de um dia, a precessão dos equinócios, bem como muitas outras conquistas científicas que somente agora vêm sendo consolidadas pela moderna astronomia.


7. Redenção.


1 Depois dessa edificação extraordinária, os grandes iniciados do Egito voltam ao Plano Espiritual, no curso incessante dos séculos.

2 Com o seu regresso aos mundos ditosos da Capela,  †  vão desaparecendo os conhecimentos sagrados dos templos tebanos, que, por sua vez, os receberam dos grandes sacerdotes de Mênfis.

3 Aos mistérios de Ísis e de Osíris, sucedem-se os de Elêusis,  †  naturalmente transformados nas iniciações da Grécia antiga.

4 Em algumas centenas de anos, reuniram-se de novo, nos Planos Espirituais, os antigos degredados, com a sagrada bênção do Cristo, seu patrono e salvador. 5 A maioria regressa, então, ao sistema da Capela, onde os corações se reconfortam nos sagrados reencontros das suas afeições mais santas e mais puras, mas grande número desses Espíritos, estudiosos e abnegados, conservaram-se nas hostes de Jesus, obedecendo a sagrados imperativos do sentimento e, ao seu influxo divino, muitas vezes, têm-se reencarnado na Terra, para desempenho de generosas e abençoadas missões.


Emmanuel


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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