O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Vivendo sempre — Familiares diversos


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Judith Moraes Dias

MENSAGEM


1 Querida Isolda.
Minha querida filha, Deus abençoe a você e a todos os corações queridos em casa.

2 Parece um sonho achar-me aqui, na companhia do Mariano de maneira a enviar minhas notícias. A 31 tivemos o terceiro aniversário de minha nova vida.

3 Embora toda aquela nebulosidade que me invadia a cabeça, então entre os dois mundos, sabia que piorara justamente em dias de festa para o meu coração. Adolpho e você aniversariavam e sinceramente não desejava ser motivo para qualquer tristeza em casa. 4 Mas comecei a ver Mariano e Filhinha perto de mim e não sei explicar a você, minha filha, o que aconteceu.

5 Desejava transmitir à Zilda e a vocês o quadro em que me reintegrava, mas a palavra esmorecera na garganta. 6 Via luzes que clareavam o quarto e vultos, oh! os vultos que me fizeram reconhecer que o fim do corpo físico estava prestes a chegar.

7 Às vezes queria falar do que observava, mas era difícil. Meu cérebro parecia um barco oscilando entre duas praias. Recordo-me de que troquei muitas frases por outras, sem alinhavar os assuntos.

8 O corpo estava exausto, querida Isolda.
As forças se haviam quebrado.

9 E aquela saudade de seu pai de repente se iluminava de tanta esperança para o reencontro que o meu espírito de mãe balançou entre ele e vocês; os amados filhos que ele próprio me dera. Chorava e ria, alegrava-me e feria-me ao mesmo tempo.

10 Orei no silêncio, embora acompanhando as preces que vocês faziam carinhosamente para mim. A oração, naquelas alturas de sofrimento físico, era alimento que me nutria. Ela falava de Deus, de Jesus, de Nossa Mãe Celestial.

11 Repetia lembranças de velhas afeições e eu me sentia, em vez de mãe, a criança que as escutava. 12 O passado regressava à memória e um doce consolo me abençoou o coração, porque a velha mãe recebia de vocês as preces que eu lhes ensinara na infância. Terminamos juntos os cultos de amor a Deus e a Jesus que começáramos.

13 Mariano me surgia à maneira de um retrato vivo em relâmpagos de luz e depois Filhinha apareceu e explicou-me que o corpo não suportava mais.

14 Tia Sinhá e minha avó Maria Thereza me faziam pensar que havia retornado à juventude.

15 Não pude mais.
Em pensamento, abençoei-as — a todas filhas queridas, juntamente de nosso Adolpho e entreguei-me à vontade de Deus.

16 Doía-me o coração deixar a Zilda com tantos deveres, mas eu sabia que providências de Jesus surgiriam em nosso favor.
Zilda tivera comigo a ligação que mantive com Filhinha a vida inteira.

17 Não a separava com egoísmo, mas sabia que você, querida filha, estava ligada a uma enorme família de Jesus, em Eldorado, que Zélia devia acompanhar o marido, que Therezinha encontrara um apoio no lar e que o Adolpho era um homem senhor de si mesmo.

18 Zilda era aquela ave de ternura que talvez tivesse aceitado a gaiola da renúncia por minha causa.
No íntimo, porém, eu sabia que vocês estavam unidas e orei rogando a Jesus nos conservasse essa bendita união.

19 Mariano me fez sentir que a fé em Deus devia prevalecer sobre nós e descansei tranquila.

20 Quando despertei, quis seu pai que me visse com ele em Barretos, na obra que ele até hoje de certo modo preside.

21 Antigas amizades nossas ali estavam…
Era o retorno a um estado espiritual que não compreendia de todo.

22 Estava dividida entre Barretos e Campinas. Mas pude rever amigos queridos que seu pai me trouxe ao reconhecimento, quais os nossos amigos Dr. Antonio Olímpio, o Professor Fausto Lex, a irmã Alzira, o irmão Mário Vieira Marcondes, o padre Manoel Euzébio, a irmã Esther Reis, a irmã Celina e tanta gente que me reconfortava em minhas lágrimas de emoção.

23 Continuo junto do nosso querido Mariano assumindo os pequenos encargos que posso, mas não me esqueço das filhas queridas e já tenho podido ir em sua companhia ao Eldorado e incentivar a Zilda para que acompanhe Therezinha nas tarefas assistenciais com nossa irmã Vandir.

24 Peço a você dizer à Zilda para não se entristecer se a Zélia e o Berg se retiraram para outra moradia, pois, com a bênção de Jesus, o nosso Adolpho hoje é um homem com as responsabilidades do casamento e a nossa Hilda é para nós uma filha e uma irmã. Tudo se resolve em paz, quando procuramos a paz.

25 Querida filha, a conversa entre mãe e filha não tem ponto final.
Escrevo rapidamente não porque apenas três anos de Espiritualidade me tenham transformado em jovem de movimentos ágeis, mas sim porque seu pai pousa a mão dele sobre a minha para que as minhas notícias corram sobre o papel.

26 Rogo a você agradecer a todos os nossos corações queridos por todo o auxílio que me prestaram. Sou devedora de todos.

27 Querida Isolda, receba a minha prece de bênçãos, extensivas às meninas, ao filho, à nora e aos genros.
Diga à Zilda que tenho descansado em companhia de seu pai nas preces que formulamos pela paz e felicidade de todos, em paisagens que nos recordam Barretos de outro tempo, na Fazenda Palmeiras do Alferes João José de Carvalho e na Fazenda que pertenceu ao nosso amigo Vicente Mesquita.

28 Tanto a falar, mas o tempo esgotou-se e devo seguir ao encontro de meus novos deveres.

29 Mariano e eu abençoamos todas vocês, filhas queridas, com o nosso Adolpho, com a nossa Hilda e com os nossos Berg e Lauro.

30 Receba, querida filha, um beijo e um abraço de muito amor de sua mamãe,


Judith n




COMENTÁRIOS


A expressão “Querida filha, a conversa entre mãe e filha não tem ponto final…” amplia-nos a compreensão do amor. Transporta-nos ao infinito, envolve o pensamento projetando-nos para Deus.

Não há ponto final em nossas vidas. Não há barreiras que nos interrompam o intercâmbio de amor.

A união da família, solidificada na fé cristã, vence qualquer obstáculo e Judith, no seu recado de mãe, serena, demonstra ver nos minutos finais do corpo os vultos e luzes que lhe clareavam o quarto e faziam-na reconhecer-se no fim do veículo físico.

A saudade, as esperanças do reencontro com o esposo, lhe deixava o coração oscilante, entre ele e os filhos que ficaram.

A oração, restaurando-a na condição de alimento da alma, eliminava os efeitos deixados pela doença. As forças se lhe refazem, os objetivos dos ensinamentos de Jesus são alcançados. A felicidade não é deste mundo.




PESSOAS E FATOS


Judith Moraes Dias.

Nascimento: 25.11.1891.
Desencarnação: 31.07.1975.

Esposo: Dr. Mariano Dias, desencarnado em Barretos.

Filhos: Dra. Isolda Moraes Dias. Rua Topazio, 478 - apto. 4. São Paulo - SP.
[Filhos de Dra. Isolda] Adolpho Magno, Zilda Moraes Dias, Zélia Moraes Dias Berghammer, Maria Thereza Moraes Dias Vitta (Therezinha).

Avó: Maria Thereza, materna.

Filhinha, expressão carinhosa a qual identificava sua irmã, Maria Custódia de Moraes.

Berg, Ferdinand Berghammer, Lauro Vitta, genros.

Hilda Pereira Moraes Dias, nora, residente em Campinas.

Tia Sinhá, Maria de Almeida Pires, tia avó.

Sanatório Dr. Mariano Dias, de doenças mentais, iniciado pelo Dr. Mariano Dias, localizado em Barretos - SP.

Amigos da família: Vandir, esposa do Dr. Carlos Alberto de Carvalho Dias, atual presidente do Movimento Assistencial Espírita Maria Rosa, em Campinas (Grameiro), SP.

Fazenda Palmeiras, localizada nas imediações de Barretos, na ocasião, do Alferes João José de Vicente Mesquita Carvalho. Dentre as pessoas citadas, algumas são conhecidas somente pelos familiares mais idosos.

Amigos da família no Plano espiritual: Dr. Antônio Olímpio, fundador da cidade de Olímpia, Professor Fausto Lex, Alzira, Maria Vieira Marcondes, Esther Reis, Celina Rios, na ocasião residentes em Barretos.

Padre Manoel Euzébio, na ocasião, Vigário da Igreja Matriz de Barretos, onde se encontra exposta sua foto.


Rubens S. Germinhasi


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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