O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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O Livro dos Espíritos.

(1ª edição)
(Idioma francês)

Introdução

ao estudo da Doutrina Espírita. 61

Resposta a várias objeções.
[XII]


1 Um fato demonstrado pela observação e confirmado pelos próprios Espíritos é o de que os Espíritos inferiores muitas vezes se apresentam com nomes conhecidos e respeitados. 2 Quem pode, pois, assegurar que os que dizem ter sido, por exemplo, Sócrates, Júlio César, Carlos Magno, Fénelon, Napoleão, Washington, etc., tenham realmente animado essas personagens? 3 Essa dúvida existe mesmo entre alguns adeptos fervorosos da Doutrina Espírita; admitem a intervenção e a manifestação dos Espíritos, mas perguntam que controle se pode ter de sua identidade. 4 Semelhante controle é, de fato, muito difícil de estabelecer-se. 5 Embora não possa ser feito de modo tão autêntico como por uma certidão de registro civil, pode-o ao menos por presunção, segundo certos indícios.

6 Quando se manifesta o Espírito de alguém que conhecemos pessoalmente, de um parente ou de um amigo, por exemplo, sobretudo se morreu há pouco tempo, acontece geralmente que sua linguagem guarda perfeita relação com o caráter que lhe conhecíamos. Isto já constitui indício de identidade. 7 Mas quase não há mais lugar para dúvida quando esse Espírito fala de coisas particulares, lembra casos de família que somente o interlocutor conhece. 8 Um filho não se enganará, por certo, com a linguagem de seu pai ou de sua mãe, nem os pais com a linguagem dos filhos. 9 Algumas vezes passam-se coisas surpreendentes nesses gêneros de evocações íntimas, capazes de convencerem o maior incrédulo. 10 O cético mais endurecido fica, não raro, aterrorizado com as revelações inesperadas que lhe são feitas.

11 Outra circunstância muito característica vem como prova de identidade. Dissemos que a caligrafia do médium muda geralmente com o Espírito evocado, e que essa caligrafia se reproduz exatamente igual toda vez que o mesmo Espírito se manifesta. 12 Constatou-se inúmeras vezes, sobretudo para pessoas falecidas recentemente, que a escrita denota flagrante semelhança com a que tinha em vida essa pessoa; 13 têm-se obtido assinaturas de perfeita exatidão. 14 Longe estamos, entretanto, de dar esse fato como regra e menos ainda como regra constante; apenas o mencionamos como digno de nota.

15 Somente os Espíritos que atingiram certo grau de purificação se acham libertos de toda influência corpórea; porém, 16 quando não estão completamente desmaterializados — é a expressão de que se servem — conservam a maior parte das ideias, dos pendores e até das manias que tinham na Terra, o que também é um meio de reconhecê-los, meio a que igualmente se chega por uma imensidade de fatos minuciosos, que só uma observação atenta, cuidadosa, pode revelar. 17 Veem-se escritores a discutir suas próprias obras ou doutrinas, aprovando ou condenando certas partes delas; outros Espíritos a lembrar circunstâncias ignoradas ou pouco conhecidas de suas vidas ou de suas mortes; enfim, todas as coisas que são ao menos provas morais de identidade, únicas que se podem invocar, tratando-se de coisas abstratas.

18 Ora, se a identidade de um Espírito evocado pode, até certo ponto, ser estabelecida em alguns casos, não há razão para que não o seja em outros; e se não dispomos dos mesmos meios de controle em relação a pessoas cuja morte ocorreu há mais tempo, resta sempre o da linguagem e do caráter, porque, seguramente, o Espírito de um homem de bem não falará como o de um perverso ou de um devasso. 19 Quanto aos Espíritos que se apropriam de nomes respeitáveis, esses logo se traem por sua linguagem e por suas máximas. 20 Aquele que se dissesse Fénelon, por exemplo, e que ofendesse, ainda que acidentalmente, o bom senso e a moral, mostraria, por esse simples fato, o embuste. 21 Se, ao contrário, os pensamentos que ele exprime são sempre puros, sem contradições e constantemente à altura do caráter de Fénelon, não há motivos para se duvidar de sua identidade. 22 De outro modo, seria preciso admitir que um Espírito que só prega o bem é capaz de mentir conscientemente, e isso sem utilidade alguma. 23 Afinal, que importa que um Espírito seja realmente o de Fénelon? Desde que só diga coisas boas, é um Espírito bom, sendo indiferente o nome sob o qual se apresente.  >>> 


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